Apê de 206 m² ganha mix de arquitetura carioca e neozelandesa após reforma
O projeto é da arquiteta Marina Vilaça, que conferiu muita luz natural e personalidade ao imóvel através de seu projeto
Com residência na Nova Zelândia, um casal internacional na faixa dos 60 anos, com filhos de relacionamentos anteriores, desejava um apartamento para passar as férias no Rio de Janeiro, quando viessem ao Brasil, e para emprestar por temporadas a amigos e familiares.
A busca pelo imóvel começou à distância, com a ajuda da arquiteta Marina Vilaça, do escritório MBV Arquitetura. O lugar escolhido foi um apê de 206 m² antigo, localizado no Leme.
O projeto final traz uma mistura de referências da arquitetura carioca e neozelandesa, origem dos moradores, com a resolução da demanda por luz natural e cômodos mais amplos. O layout original era muito compartimentado e escuro, com saletas, antessalas e circulações confusas, o que explica as modificações.
Para isso, foi necessário demolir todas as divisões possíveis da área social, de forma que o espaço fosse compreendido como único e a luz natural invadisse o ambiente.
“A integração transformou completamente a experiência de estar no apartamento. Ele parece muito maior”, descreve a arquiteta. A sensação de espaço único é valorizada pelas portas de vidro, que também limitam o uso do ar-condicionado em algumas situações.
Outra modificação estrutural foi em relação aos três banheiros originais: nenhum era suíte, sendo dois da área social e um da área de serviço. Um dos banheiros tinha 12 m² e foi transformado em três, formando duas suítes e um lavabo – que ganharam os mesmos acabamentos, a pedido dos moradores.
Já o outro banheiro social deu lugar à lavanderia, escondida em frente à cozinha por um porta camarão em laca preta. A área de serviço, por sua vez, foi toda demolida para ampliação da cozinha.
Mesmo com todas as mudanças necessárias, os proprietários queriam manter os detalhes originais do imóvel: sancas elaboradas, pé-direito alto e o taco escondido sob o carpete.
O projeto foi conceituado, então, a partir dos detalhes originais que pudessem ser preservados. “Havia a oportunidade de manter muitos detalhes da construção original; esse foi o principal guia nas decisões. A escolha dos novos materiais foi em função do que poderia ficar equilibrado com o que seria mantido”, conta Marina.
“Buscamos transmitir a ideia de amplitude, frescor, contemporaneidade, respeito ao imóvel original, luminosidade e identidade”, completa.
Entre essas escolhas, a cor branca foi fundamental para ampliar a iluminação natural que as aberturas geraram, além de deixar que outros elementos ficassem em destaque. É o caso dos detalhes em preto e cinza na esquadria das portas de vidro e nas bancadas em dekton da cozinha, que conferem contemporaneidade ao projeto.
Já o papel de parede com estampa de folhagens, aplicado na varanda, foi escolhido bem no início, o que levou a adotar outros itens em verde na decoração – como a laca escolhida para o buffet.
Inspirado no piso original em mármore da varanda, que foi recuperado e mantido, foi escolhido para a cozinha um porcelanato que faz referência ao Carrara, a fim de evitar os desgastes e manchas do material natural.
Além de paredes e armários na cor branca, com bancadas na cor cinza, o espaço também ganhou um estar com direito a sofá e TV.
“Apesar do estranhamento inicial, é prático e extremamente agradável passar horas ali, interagindo com quem está cozinhando, sentado nas banquetas e vendo alguma coisa na TV ou comendo no sofá!”, diz a arquiteta.
Originalmente, o imóvel tinha uma segunda varanda aberta, mas que já contava com fechamento em vidro quando foi adquirido pelos moradores. Com o novo projeto, o acesso ao quarto principal passou a ser por essa varanda, transformando-a em uma sala íntima da suíte master.
Com um banco curvo e uma mesa, o espaço se tornou o cantinho perfeito para um café com o sol da manhã. “A ideia é que esse núcleo da suíte master se tornasse um miniapartamento independente, onde uma família com crianças pudesse se acomodar, por exemplo”, conta a arquiteta.
No fim das contas, foi um projeto com grandes desafios e profundas modificações, mas que atendeu aos desejos dos moradores.
A parceria funcionou tão bem que a arquiteta desenvolveu para eles um outro projeto, desta vez na Nova Zelândia, de uma casa em um vinhedo que está atualmente em obras.
Curtiu o projeto? Confira mais fotos na galeria: