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Técnica da taipa de pilão é revisitada nesta casa em Cunha

Projetada pelo Arquipélago Arquitetura, residência oferece bom conforto térmico no clima frio

Por Giuliana Capello
8 abr 2022, 19h00
Fachada de casa em taipa de pilão, com linhas retas, em ambiente rural e isolada na paisagem.
(Federico Cairoli/Divulgação)

Uma casa que dialogasse com as casas rurais da região serrana de Cunha, interior paulista. Este foi o pedido principal feito pelo casal de proprietários do então terreno aos arquitetos Luís Tavares e Marinho Velloso, que comandam o escritório Arquipélago Arquitetos.

Logo no início, eles sabiam que madeira e cerâmica seriam elementos fundamentais, já que constituem parte importante da identidade local. Assim, propuseram um pavilhão na paisagem montanhosa, de 140 m², construído com madeira, terra crua (taipa de pilão), tijolos produzidos na vizinhança e um fogão a lenha.

Detalhe da entrada de uma casa em taipa de pilão, com escada de poucos degraus que dá acesso à varanda e à entrada principal.
(Federico Cairoli/Divulgação)

Mesmo com a essência rústica, era preciso dar um salto de conforto, pois se tratava de uma casa de longa permanência. Segundo os arquitetos, casas de veraneio permitem certas questões mais despojadas, descontraídas e até não totalmente resolvidas.

Sala de estar em casa de campo com grandes aberturas de vidro que permitem ver pessoa na varanda diante da paisagem montanhosa.

Mas, como esta seria uma casa para morar longas temporadas, era necessário resolver muito bem o uso dos espaços e garantir conforto em todas as estações do ano.

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Casa de campo para morar

Sala de estar com lareira e fogão a lenha, piso e teto de madeira, paredes de terra e sofás em tecido azul.
(Federico Cairoli/Divulgação)

A planta é simples: sala de estar integrada com cozinha, lavabo, uma suíte, dois dormitórios e um banheiro para atender os quartos.

Detalhe da cozinha de casa de campo com fogão a lenha, paredes de terra, pendentes de cerâmica e mesa de jantar. Mulher observa paisagem à porta.

Para proporcionar mais conforto térmico no clima frio, os arquitetos optaram por levantar as paredes principais da casa em taipa de pilão. Mas aqui a tecnologia antiga foi revisitada de maneira mais contemporânea.

Um sistema de fôrmas autêntico evitou perfurações com cabodás e permitiu um canteiro de obras mais eficiente. Desta forma, seus componentes modulados puderam ser desmontados e remontados com facilidade.

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Uma solução, dois benefícios

Detalhe da lateral da casa em taipa semienterrada, com abertura em vidro que permite ver parte da sala de estar.
(Federico Cairoli/Divulgação)

Para driblar os ventos frios da região, Luís Tavares e Marinho Velloso decidiram proteger a casa semienterrando a construção até a altura das bancadas de serviços (cerca de 1 metro de terra). Assim, eles conseguiram também o recurso de que precisavam para a execução das paredes de taipa.

A casa tem quartos voltados para Norte e uma sala a Noroeste, na intenção de esquentar os ambientes de permanência no inverno. Na sala, a lareira e o fogão a lenha também são feitos em taipa.

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Detalhe de fachada de casa em taipa de pilão, com varanda e pessoa sentada à frente contemplando paisagem das montanhas.
(Federico Cairoli/Divulgação)

Tijolos cerâmicos produzidos localmente por uma olaria tradicional revestem paredes internas e os pisos. Madeira de eucalipto da região completa a (mínima) lista de materiais usados na obra.

Tijolos artesanais

Os tijolos usados vieram de uma olaria local tradicional. Feitos à mão, eles foram aplicados em todas as paredes e no piso de todos ambientes da casa.

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Da mesma forma, a madeira (eucalipto tratado) também foi fornecida na região. A diferença foi a consultoria do engenheiro em madeira João Pini. Com sua ajuda, foi possível explorar tecnicamente o eucalipto, distanciando-se das usuais toras roliças, para aplicá-lo em um desenho estrutural mais eficiente e com menos desperdício de material.

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