Técnica da taipa de pilão é revisitada nesta casa em Cunha
Projetada pelo Arquipélago Arquitetura, residência oferece bom conforto térmico no clima frio
Uma casa que dialogasse com as casas rurais da região serrana de Cunha, interior paulista. Este foi o pedido principal feito pelo casal de proprietários do então terreno aos arquitetos Luís Tavares e Marinho Velloso, que comandam o escritório Arquipélago Arquitetos.
Logo no início, eles sabiam que madeira e cerâmica seriam elementos fundamentais, já que constituem parte importante da identidade local. Assim, propuseram um pavilhão na paisagem montanhosa, de 140 m², construído com madeira, terra crua (taipa de pilão), tijolos produzidos na vizinhança e um fogão a lenha.
Mesmo com a essência rústica, era preciso dar um salto de conforto, pois se tratava de uma casa de longa permanência. Segundo os arquitetos, casas de veraneio permitem certas questões mais despojadas, descontraídas e até não totalmente resolvidas.
Mas, como esta seria uma casa para morar longas temporadas, era necessário resolver muito bem o uso dos espaços e garantir conforto em todas as estações do ano.
Casa de campo para morar
A planta é simples: sala de estar integrada com cozinha, lavabo, uma suíte, dois dormitórios e um banheiro para atender os quartos.
Para proporcionar mais conforto térmico no clima frio, os arquitetos optaram por levantar as paredes principais da casa em taipa de pilão. Mas aqui a tecnologia antiga foi revisitada de maneira mais contemporânea.
Um sistema de fôrmas autêntico evitou perfurações com cabodás e permitiu um canteiro de obras mais eficiente. Desta forma, seus componentes modulados puderam ser desmontados e remontados com facilidade.
Uma solução, dois benefícios
Para driblar os ventos frios da região, Luís Tavares e Marinho Velloso decidiram proteger a casa semienterrando a construção até a altura das bancadas de serviços (cerca de 1 metro de terra). Assim, eles conseguiram também o recurso de que precisavam para a execução das paredes de taipa.
A casa tem quartos voltados para Norte e uma sala a Noroeste, na intenção de esquentar os ambientes de permanência no inverno. Na sala, a lareira e o fogão a lenha também são feitos em taipa.
Tijolos cerâmicos produzidos localmente por uma olaria tradicional revestem paredes internas e os pisos. Madeira de eucalipto da região completa a (mínima) lista de materiais usados na obra.
Tijolos artesanais
Os tijolos usados vieram de uma olaria local tradicional. Feitos à mão, eles foram aplicados em todas as paredes e no piso de todos ambientes da casa.
Da mesma forma, a madeira (eucalipto tratado) também foi fornecida na região. A diferença foi a consultoria do engenheiro em madeira João Pini. Com sua ajuda, foi possível explorar tecnicamente o eucalipto, distanciando-se das usuais toras roliças, para aplicá-lo em um desenho estrutural mais eficiente e com menos desperdício de material.