Intervenção artística em Boston é um manifesto à crise de refugiados

O casal de artistas responsáveis pela obra, Ann Hirsch e Jeremy Angier explicaram que a ideia era chamar atenção para a crise dos refugiados

Por Yara Guerra Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 fev 2020, 16h07 - Publicado em 15 Maio 2019, 14h57
SOS (Safety Orange Swimmers)
(Divulgação/Casa.com.br)

O que é um pontinho laranja no meio do canal de Fort Point, em Boston, Massachusetts? Se você pensou “instalação de arte sobre crise de refugiados”, acertou! A oeste da ponte de Congress Street, foram instalados 22 manequins agarrados, cada um, a câmaras de ar pretas. Todos eles, como um aviso, estavam pintados de laranja.

sos-safety-orange-swimmers
(Divulgação/Casa.com.br)

O casal de artistas responsáveis pela obra, Ann Hirsch e Jeremy Angier explicaram, em seu website, que a ideia era chamar atenção para a crise dos refugiados. “Os nadadores estão relacionados ao canal como os mares atravessados por aqueles em busca de abrigo, liberdade, prosperidade e segurança, e invocam a longa história de Boston de receber imigrantes”, contam.

SOS (Safety Orange Swimmers)
(Divulgação/Casa.com.br)
Continua após a publicidade

Cada peça representa quase 1 milhão dos estimados 21,3 milhões de refugiados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados atualmente.

Intitulada “SOS (Safety Orange Swimmers)“, a obra é a primeira colaboração dos artistas enquanto casal. Hirsch é conhecida pelo monumento que esculpiu em homenagem ao lendário Bill Russell, jogador de basquete que ganhou fama no Boston Celtics.

Escultura de Bill Russell por Ann Hirsch
Escultura de Bill Russell feita por Ann Hirsch, localizada na praça da Prefeitura de Boston (Divulgação/Casa.com.br)
Continua após a publicidade

Já Angier é escultor, pintor e animador digital. Juntos, o casal assina como A + J Art + DesignPara realização desse primeiro projeto em parceria, Angier interpretou a pessoa digitalmente, depois a esculpiu em argila e fez moldes dela em espuma de poliuretano. Cada uma das peças tem uma âncora presa, que a impede de sair do lugar. É ela, conectada a uma estrutura rígida, que as mantêm flutuando em formação, sem se enroscar.

View this post on Instagram

A post shared by designboom magazine (@designboom)

De outubro a dezembro de 2016, a instalação fez a arte imitar a vida. “Estas figuras no meio deste corpo de água, girando e girando e girando”, disse Hirsch, “não sabemos o que vai acontecer com elas”.

Continua após a publicidade

O último trabalho da dupla, exposto temporariamente neste ano, foi instalado no Riverway Park, em Brookline. A obra se chama “Winthrop’s UFO (UNDENIABLY FACTUAL OBSERVATION)– em português, “O OVNI de Winthrop (OBSERVAÇÃO INEGAVELMENTE FACTUAL)” – e se trata de uma projeção anamórfica de um porco em voo.

Winthrop’s UFO (UNDENIABLY FACTUAL OBSERVATION)
Winthrop’s UFO (UNDENIABLY FACTUAL OBSERVATION), último trabalho do A+J Art+Design (Divulgação/Casa.com.br)

A instalação faz referência ao que é considerado ser o primeiro avistamento de um OVNI na América do Norte. Da forma que foi feita, a obra só faz sentido visual quando olhada por um certo ângulo. Ao se mover de um lado para outro, o objeto se torna uma montagem de linhas quase aleatória.

Continua após a publicidade
WINTHROP’S UFO (UNDENIABLY FACTUAL OBSERVATION)
(Divulgação/Casa.com.br)

Dessa forma, os artistas buscaram questionar: como o sobrenatural reverbera através do natural? Como nossas respostas e interpretações de fenômenos naturais reverberam com nosso condicionamento cultural? Como é a narração de uma história, ou a reportagem jornalística do fato, uma reverberação do nosso preconceito e visão de mundo?

WINTHROP’S UFO (UNDENIABLY FACTUAL OBSERVATION)
(Divulgação/Casa.com.br)
Publicidade