Troye Sivan transforma casa preservando essência da era vitoriana
O sedutor santuário apresenta traços de seu amor pela arte e design
“Oh my, my, my” é tudo o que você vai pensar ao conhecer a casa do cantor australiano Troye Sivan, em Melbourne. A empresa local Flack Studio o ajudou nessa sensível e sofisticada reconstrução desse espaço da era vitoriana. O cuidado para selecionar o design foi focado tanto na adequação e nuances quanto em objetos e obras de arte importantes.
Não podemos esquecer de mencionar a variedade de tesouros pelos ambientes, que vai de Percival Lafer, Ettore Sottsass, Tobia Scarpa e Marios Bellini e Botta até os detalhes dos armários inspirados em Charlotte Perriand e Jean Prouvé.
“Troye é um colaborador incrivelmente experiente. Em nossas primeiras conversas, ele falou sobre a materialidade, como ele queria se sentir em sua casa, sobre o cheiro, o som e a luz. Foi muito mais do que apenas algumas coisas bonitas que ele encontrou no Pinterest ”, lembra o designer David Flack, da Flack Studio.
Mas só o edifício em si é uma joia arquitetônica. Construída em 1869, com uma quadra de handebol, a residência foi convertida em uma fábrica de tijolos, em 1950, e, depois, foi transformada no lar do renomado arquiteto australiano John Mockridge – referência na cena de arte e design local. A conversão é considerada o primeiro projeto de reutilização adaptativa desse tipo na cidade.
“Você pode imaginar Mockridge e seus amigos sentados bebendo uísque e conversando sobre arte. Eu queria preservar aquele espírito boêmio e honrar a arquitetura original ao criar algo que fosse mais a minha cara”, disse Sivan.
Transformações na cozinha e banheiros; mudanças na fenestração – aberturas para portas e janelas na fachada – e adição de grandes portas duplas fora da área de jantar, produzindo uma uma conexão mais íntima entre a residência e o jardim.
Armários embutidos e detalhes de balaustrada perfurada são exemplos do modernismo do século 20; paredes de gesso veneziano, que adicionam um elemento luminoso a uma paleta de materiais que varia do industrial ao orgânico; e uma adega ao ar livre, que foi convertida em um banheiro são as alterações significativas na propriedade.
Porém, as principais intervenções estruturais foram reduzidas ao mínimo. “Parece que não fizemos muito, quando na verdade havia muito trabalho pesado. A simplicidade é difícil de alcançar. É preciso muito rigor e disciplina. É importante para nós que ainda se possa sentir as origens da propriedade, apesar do trabalho que fizemos”, acrescenta Flack.
Além disso, existe uma conexão entre a moradia do cantor em Melbourne e em Los Angeles, onde passou boa parte dos anos pré-pandêmicos. Ademais, durante suas viagens ao redor do mundo, as escolhas estéticas de Troye foram aprimoradas.
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“Há uma grande afinidade entre os dois espaços em termos de clima e arquitetura. Essa tendência do modernismo clássico da Califórnia de meados do século foi uma grande influência. Também adoro o tempo que passei no Japão. A ideia de wabi-sabi, o perfeitamente imperfeito, realmente ressoa em mim”, explica ele.
O novo lar acolheu Troy na pandemia da forma perfeita, contando a história da sua vida e dos lugares que ama.
O conceito de imperfeição pode ser visto nos tetos de cortiça originais, com manchas adquiridas ao longo dos anos, como uma forma de manter a alma do local. Outro exemplo são as lâmpadas Scarpa amareladas sobre a mesa de jantar, “que parecem que estiveram sentados em uma casa em Milão por 30 anos com italianos fumando embaixo deles”, como disse Flack exibindo o poder da pátina.
Apesar da decoração com elementos de várias partes do mundo, Sivan garantiu que a casa permanecesse “indiscutivelmente australiana”, desde as plantações no jardim à arte nas paredes – com a presença de Sydney Ball, Gregory Hodge, Tom Polo e Ramesh Mario Nithiyendran.
Confira cômodo por cômodo:
A área de jantar possui uma mesa de carvalho personalizada no centro. No canto, uma espreguiçadeira vintage, um abajur Ettore Sottsass de Artemid e uma pintura de Karen Black criam o lugar perfeito para abrir um livro.
Na sala de estar principal, um sofá Maker & Son é acompanhado por uma mesa de coquetel de madeira, uma mesa lateral e um tapete marroquino vintage. Grandes portas duplas trazem a paisagem verde de fora e muita luz para a área de jantar e estar.
Cercado por altas janelas de vidro em formatos geométricos, um recanto com duas cadeiras e uma mesinha é envolvido pelo jardim, com uma variedade de espécies nativas da Austrália – excelente para o café da manhã.
A cozinha, radicalmente transformada, recebeu um backsplash de azulejos marroquinos e banquetas de rattan vintage no balcão de carvalho. Para ajudar na organização, um trilho de utensílios personalizado também foi fixado.
No quarto de hóspedes, as paredes são revestidas com gesso veneziano. E carvalho, mármore e azulejos marroquinos convergem em um banheiro.
Banhado em tom vermelho, o lavabo do jardim conta com uma penteadeira em mármore e um lustre. Outro banheiro possui uma pia de pedra azul e toques dourados.
*Via Architectural Digest