Fotografias imaginam como seria o mundo sem ninguém
O fotógrafo francês Romain Veillon reuniu mais de 200 imagens em seu livro Green Urbex, que mostra todos os tipos de lugares abandonados
Se os filmes pós-apocalípticos e a crescente popularidade da exploração urbana servirem de referência, há uma questão que fascina os seres humanos modernos acima de todas as outras: como seria a Terra se sumíssemos de repente?
Em seu novo livro, intitulado “Green Urbex“, o fotógrafo francês Romain Veillon ilustra como essa realidade poderia ser com mais de 200 fotos de lugares abandonados ao redor do mundo.
As fotos mostram como edifícios e outras infraestruturas feitas pelo homem se degradam e apodrecem, antes de eventualmente retornar à natureza.
Para refletir esse processo gradual, o livro é dividido em três partes. A primeira seção mostra o abandono inicial: os lugares estão vazios, mas permanecem mais ou menos intactos.
Na segunda parte, a humanidade se foi há muito e os edifícios se tornam mais dilapidados. Finalmente, Veillon mostra a natureza assumindo o controle de um mundo cheio de ruínas e vegetação. Um texto acompanha cada parte do livro para descrever o que seria do mundo “sem nós”, usando os estudos mais recentes.
“Você encontrará todos os tipos de lugares abandonados: casas, castelos, palácios, igrejas, fábricas, parques de atrações, hospitais, ferrovias, estufas, escolas”, diz Veillon sobre seu novo livro.
“Você encontrará as histórias de treze lugares específicos onde há um foco especial com a história e todos os fatos interessantes sobre ela. Por exemplo, o parque de atrações ‘Nara Dreamland’ no Japão, que foi criado para se parecer com o Disneyworld porque o proprietário se apaixonou pelo parque original durante uma viagem aos EUA, mas não obteve autorização para construir e operar a Disneylândia japonesa”.
O fotógrafo continua: “eu realmente me apaixonei pelo cassino abandonado de Constanta, na Romênia. Ele possui um incrível estilo art nouveau. A arquitetura lá é simplesmente deslumbrante: o salão principal tem uma bela janela em forma de concha; e dentro, você ainda pode encontrar enormes lustres, pinturas e ornamentos da época em que todas as famílias ricas costumavam se reunir.
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Foi um dos lugares para se estar na Europa antes das duas guerras mundiais. Infelizmente, apesar de seu passado glorioso, foi finalmente abandonado nos anos 90, depois de ter servido como restaurante, hospital ou casa cultural. Agora, estou feliz que o cassino esteja finalmente em restauração e que conhecerá uma nova vida em breve!”.
“Acho que a explosão do sucesso das mídias sociais realmente mudou a maneira como nos sentimos sobre os lugares abandonados. Tenho testemunhado o número de seguidores aumentar muito depois do boom do Facebook ou Instagram, quando antes era apenas uma pequena comunidade de fotógrafos que conhecia o meu trabalho, por exemplo.
Eu sinto que as pessoas têm a impressão de entrar em um museu proibido, onde podem ter acesso a lugares que não poderiam ir. A sensação de viajar instantaneamente no tempo e nos países graças às fotografias”, diz Veillon sobre a magia dos lugares abandonados.
“Todo mundo adora se perder lá e imaginar o que poderia ter sido a vida dos habitantes e o que poderia ter acontecido quando ela estava cheia de vida”, acrescenta.
Sobre a crescente popularidade dos lugares abandonados, o fotógrafo comenta: “nos últimos dois/três anos, dependendo do país, você pode ver que o número de pessoas interessadas em lugares abandonados explodiu completamente.
Graças às redes sociais, principalmente, eu acho. Instagram, YouTube, Twitter ou mesmo TikTok são agora o único meio para os jovens visitarem locais abandonados, a fotografia deixou de ser útil. Eles vêem isso como um tipo de vídeo que se supõe ser transgressivo, então eles se sentem mais atraídos por ele. Veremos mais tarde se é algo que vai durar ou se esse fenômeno vai desaparecer”.
“O aumento de pessoas explorando lugares abandonados também vem com o vandalismo: um castelo que permaneceu intocado por 20 anos será destruído ou queimado em um mês, enquanto muitos objetos irão desaparecer. Eu acho que não há nada a fazer, exceto manter os locais em segredo para que as pessoas não destruam tantos desses lugares”, diz o artista.
O livro Green Urbex foi lançado pela editora Albin Michel no dia 6 de outubro de 2021, em capa dura. Ele está atualmente disponível apenas em francês, mas é esperado ver uma versão em inglês em breve.
*Via Designboom