Projeto de casa na praia em eixos aproveita terreno difícil
Em terreno cônico, arquiteto Paulo Homem de Mello cria refúgio com transparência, planta livre e biofilia
Foi na praia da Riviera de São Lourenço, no litoral paulista, que dois casais de amigos encontraram o lote perfeito para a realização de um sonho. Imagine: construir uma casa de praia para conviverem, com outros amigos e familiares.
Na época, coube ao arquiteto Paulo Homem de Mello a missão de traduzir em desenho arquitetônico o extenso programa pedido pelos proprietários. E era preciso não comprometer a grande área externa de convívio e ainda obter a máxima conexão com a Mata Atlântica ao redor.
Assim, com arquitetura brasileira, minimalista e contemporânea, a casa reúne generosas aberturas, muita transparência e aproveitamento de ventilação e iluminação naturais. Mais que isso, conta com brises, concreto aparente, fachadas ventiladas e escala humana com planta livre.
Logo no início, veio o primeiro desafio: o terreno plano de 580 m² tem uma característica especial: um desenho cônico, com uma frente estreita de 10 metros em um “cul-de-sac” no fim da rua, que se abre ao fundo.
Living integrado, o coração da casa
A partir disso, toda a distribuição do programa organizou-se ao redor do living, o coração da casa, onde estão as salas de estar, jantar, área gourmet e varanda. Desta forma, o living amplo tem planta livre e generosa conexão visual com o verde. Ao mesmo tempo, é acolhedor e convidativo, graças ao piso de concreto combinado ao lambri e ao mobiliário de madeira.
Intencionalmente, o projeto minimiza a percepção sensorial do que seriam as fronteiras entre dentro e fora da casa. Para isso, entram em cena grandes aberturas de vidro com vão total, que minimizam esses limites.
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O corpo retangular e longilíneo da casa possui dois pavimentos e ocupa totalmente uma das faces laterais do lote. Assim, as cinco suítes ficam na face mais ensolarada, voltadas para o pátio interno e a piscina. Além disso, os quartos oferecem máxima privacidade e vista para a mata.
Por sua vez, a fachada dos fundos situa-se ao Sul-Sudeste, virada para o mar. Para aproveitar a brisa e os ventos predominantes, há muitas aberturas que maximizam o conforto térmico e a ventilação cruzada em toda a casa.
O andar superior é um bloco retangular com planta funcional, onde distribuem-se quatro suítes. Este é o bloco que fica em evidência na fachada frontal. Seu grande balanço forma a entrada social e o abrigo coberto para dois veículos.
Área externa: verde, piscina e praça do fogo
No pátio central, a piscina recebeu uma borda alagável em nível com o piso externo. A ideia era que fosse um grande e permanente espelho d´água. Há ainda o day-bed pergolado e o solarium com espreguiçadeiras.
“Para completar a área de convivência, criamos uma praça do fogo redonda e semienterrada. O espaço nasceu para ser um ambiente adicional de encontro e convívio sob as árvores da mata, bem próximo à área gourmet e à varanda”, relata o arquiteto.
O paisagismo prezou por espécies resistentes, de baixa manutenção e com folhagens com cor permanente ou muitas flores. fazem parte do jardim, por exemplo, o lambari roxo, a grama-amendoim, dracenas vermelhas e dionelas, que convivem em harmonia com nativas de porte maior, como o manacá da serra.
Por fim, a cobertura recebeu um mirante de 360 graus pelas copas das árvores, com um lounge para apreciar o amanhecer, o entardecer e as noites estreladas.
Fotos: Guilherme Perez, Mateus Souza, Felipe da Silva Quaresma e Cristiano Cabral