Superfícies auto-limpantes: a saúde pública refletida na arquitetura
A tecnologia anti-bactéria é apresentada como o futuro no combate e profilaxia de doenças e epidemias nos lares
Já faz um tempo que a arquitetura e a decoração de interiores passaram a considerar questões que vão além da estética. É importante que os materiais e técnicas sejam escolhidos pensando na funcionalidade, sustentabilidade e responsabilidade social.
Hoje, em plena epidemia de Covd-19, um novo debate surge na área: a importância da arquitetura na saúde pública. O tópico até já foi incluído como debate no Congresso Internacional de Arquitetura que foi adiado para 2021, no Rio de Janeiro. A realidade que se apresenta é em que medida as construções, sejam elas comerciais ou residenciais, podem estar preparadas para situações como a do Coronavírus.
Uma alternativa que já vinha sendo desenvolvida, mas que ganha extrema importância agora são os revestimentos anti-bactericidas e superfícies bacteriostáticas. Uma das empresas pioneiras e líderes do setor é a Toto, marca japonesa que usa tecnologia de ponta para criar louças para banheiros. Embora, no começo, esses produtos atendessem demandas específicas, hoje, pensa-se nas possibilidades de uso em hospitais, laboratórios, comércios e até mesmo em casa.
Mas afinal o que são esses revestimentos? Rodrigo Toledo, gestor de projeto do mercado interno da Santo Antonio – distribuidora que representa a Laminam com exclusividade no Brasil – explica essas duas categorias.
Segundo ele, os revestimentos bacteriostáticos são feitos com materiais específicos, de baixa absorção. “Existem materiais, como o limestone, que tem cerca de 6 a 8% de absorção. Isso significa que o material vai absorver umidade e impurezas, o que acaba criando um ambiente propício para o desenvolvimento de vírus e bactérias. Já o Laminam possui uma absorção muito baixa, ele é um produto chamado bacteriostático. Ou seja, a bactéria, mesmo que viva, não consegue se proliferar naquela superfície”.
Do outro lado, existem as superfícies anti-bactérias. Elas são revestimentos tratadas com substâncias que eliminam os micróbios. No caso da Laminam, o composto usado é o dióxido de titânio, mas o silício negro também é comum.
Rodrigo afirma que essas superfícies anti-bactérias (criadas pelo Toto e chamada de Hydrotect) já são usadas em fachadas, o que as torna autolimpantes. Porém, ele levanta outras possibilidades de aplicação. “Imagine um balcão de atendimento de um consultório ou de um hospital, que foram tratadas com esse produto. Se uma pessoa infectada coloca a mão nessa superfície, ela a contamina, mas quando a luz, natural ou artificial entra em contato com o hydrotect aplicado, ele vai matar aquela bactéria ou vírus”.
A limpeza passiva que a superfície oferece pode complementar a ativa dos locais com grande circulação, locais de atendimento de saúde e espaços onde se manuseia alimentos e ser uma prevenção caso haja alguma falha de higienização. “Todas as ações que a gente toma para coibir a propagação de vírus e bactérias, a gente está minimizando as contaminações”.
Com relação ao Coronavírus especificamente, Rodrigo diz que a contenção de uma doença como essa depende de uma série de fatores. “O covid-19, por exemplo, propaga-se por gotículas no ar e pelo contato entre as pessoas, nós não conseguiríamos conter esses tipos de contaminação, mas o problema do contágio via superfície, com um produto com a hydrotec, essa via é eliminada”.