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Como usar pigmentos naturais na decoração

Saiba de onde os corantes naturais vêm, os seus benefícios à saúde e à natureza e como aplicá-los no décor:

Por Yara Guerra
Atualizado em 15 set 2024, 16h44 - Publicado em 8 jul 2021, 08h00

Que cores transformam o ambiente, já sabemos. Como explicamos aqui e aqui, elas são capazes de suscitar emoções a partir de nossas referências pessoais. O branco, geralmente, está relacionado à paz e à limpeza, enquanto o vermelho é mais atribuído ao amor e à raiva, o azul à calma e por aí vai.

Também não é novidade que o círculo cromático pode ser inserido na decoração a partir de várias maneiras: acessórios, papéis e tintas para parede, revestimentos, marcenaria, entre outros.

Como usar pigmentos naturais na decoração
(Engin Akyurt/Pexels)

O que você pode não saber é que essas cores podem vir da natureza. Diferente dos colorantes industriais, os pigmentos naturais são sintetizados organicamente. Eles podem vir diretamente de frutas, vegetais, folhas ou flores e são ótimos aliados à decoração, principalmente se você for fã de processos mais artesanais e respeitosos com a natureza.

Saiba de onde vêm as cores que você conhece, as vantagens e desvantagens de cada tipo de pigmento e como aplicá-los na decoração:

Cores que vêm da natureza

Como usar pigmentos naturais na decoração
(Pratiksha Mohanty/Unsplash)

Você veio para ler sobre decoração, mas vai levar uma informação histórica de brinde, os corantes naturais vêm sendo utilizados há muitos anos. O pau-brasil foi um dos primeiros produtos de valor exportados pelo Brasil nos primeiros anos de colonização.

Segundo o artigo “Estabilidade de Corantes e Pigmentos de Origem Vegetal“, a brasilina, ao ser extraída da madeira, sofre oxidação para a brasileína. Esta matéria corante é muito empregada para tingir roupas e utilizada como tinta para escrever desde a Idade Média.

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No Renascimento, estes pigmentos eram extraídos para tingir roupas, a exemplo do azul índigo, obtido a partir da planta a Indigofera tinctoria e da Isatis tinctoria.

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(Reprodução/Freepik)

A bixina e a norbixina, pertencentes à classe dos carotenoides, são as responsáveis pela cor avermelhada das sementes de urucum. Era essa cor que os indígenas usavam para as pinturas corporais e que chamaram a atenção dos portugueses quando eles ocuparam o Brasil.

Já o β-caroteno, carotenoide mais distribuído na natureza, confere a cor alaranjada da cenoura. O verde pode ser obtido a partir da clorofila, pigmento presente em folha de vegetais como a azeitona.

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A curcumina é o pigmento amarelo que dá cor ao açafrão e a ficocianina é o azul de algumas microalgas. Por sua vez, a betanina dá a cor roxa à beterraba, enquanto as antocianinas, grupo de que apresenta pigmentação que varia do vermelho ao roxo, são encontradas em muitas frutas, como açaí, amora, mirtilo e morango.

Qual a diferença entre tintas artificiais e tintas naturais?

 

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Projeto da Sala 2 Arquitetura. Colcha de linho natural cinza, manta laranja de tricô e porta-travesseiros de veludo azul e de linho cinza da Codex Home. (Evelyn Muller/Casa.com.br)

A maior desvantagem da utilização de tintas naturais é a baixa estabilidade dos pigmentos frente à temperatura, ao oxigênio e à luz, o que pode afetar a qualidade e aparência do produto.

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Visando ultrapassar essas limitações, a indústria desenvolveu a sua tecnologia de forma a permitir a produção de corantes industriais. Produzidos em laboratório, eles são mais estáveis e resistentes aos agentes que degradam a cor dos pigmentos naturais. Além disso, geralmente são apresentados em preços mais baixos.

Mas nem tudo são flores: com o passar do tempo, os estudos científicos concluíram que o consumo excessivo destes pigmentos artificiais na alimentação pode acarretar em intoxicação e alergias. Um outro ponto negativo é que eles têm baixa biodegradabilidade, sendo prejudiciais ao meio ambiente.

Além disso, a água residual do tingimento sintético por vezes não é bem tratada e descartada como efluente.

As vantagens dos pigmentos naturais na decoração

 

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(Reprodução/Freepik)

Os pigmentos naturais podem trazer mais do que um simples up estético: eles são bastante nutritivos e benéficos à saúde.

Muitos trabalhos científicos já sugeriram a associação entre o consumo frequente de vegetais contendo pigmentos naturais e a diminuição da incidência de muitas doenças crônico-degenerativas na população, como doenças cardiovasculares e o câncer.

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(Reprodução/Freepik)

Se a ideia é incorporá-los no seu projeto de interiores, pode fazê-lo sem peso na consciência. Por serem naturais, os corantes provindos de vegetais não são nocivos ao meio ambiente. Então vale usar e abusar deles no décor.

Como aplicar na decoração

Canção de ninar é transformada em tapete para living da CASACOR SP. Projeto de BMA Studio. Na foto, tapete colorido e estampado
(Guilherme Pucci/Divulgação)

Como estamos falando de pigmentos naturais, o ideal é que você os explore em itens têxteis no décor – mantas, toalhas, tapetes, fronhas, bandeiras etc.

Aliás, se você quiser botar a mão na massa, é só explorar o potencial tintório das plantas. Colete a matéria prima (que tal algumas das frutas que mencionamos acima?), ferva em uma panela grande dedicada somente ao processo e veja se solta tinta.

Você também pode usar cascas de cebola e romã, folhas ou cascas de eucalipto, folhas de boldo e cascas de cajueiro para extrair os pigmentos.

 

Opte sempre por fibras orgânicas em detrimento das sintéticas para receber o tingimento, como algodão, linha, seda e lã, nas quais a cor adere mais. Para não desbotar, lave as peças sempre à mão com sabão neutro e seque à sombra, pelo avesso.

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Outra ideia, ainda, é usar tintas para pintura de parede ou revestimentos que usem pigmentos naturais, disponíveis no mercado.

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