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Como o Coronavírus vai mudar o jeito de morarmos e vivermos?

Sabemos que a vida nunca mais será a mesma. Mas quais serão as principais mudanças no nosso dia a dia e na nossa casa? Confira-as abaixo:

Por Alex Alcantara
Atualizado em 1 dez 2022, 08h30 - Publicado em 7 Maio 2020, 13h02
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(Laura Hoerner/Apartment Therapy)

Você já deve ter reparado que alguns costumes rotineiros nunca mais serão os mesmos. Muitos hábitos já mudaram após a pandemia da Covid-19 no Brasil e pelo mundo. Já fizemos uma matéria falando sobre como as pandemias de anos anteriores mudaram o design da casa como ela é hoje. Mas, como será que o lar se adaptará para os próximos desafios? Como lidaremos com a limpeza e a organização da morada após o controle do vírus? Como será a nossa interação social, diante de novas medidas de distanciamento e de higiene? E a tecnologia, que nos forçou a migrar para o universo on e funcionou muito bem, obrigado!

A conclusão que chegamos é que esse processo de isolamento e quarentena nos levou a refletir sobre diversos aspectos da nossa vida, incluindo consumo, sustentabilidade e vida social. É de extrema certeza que, após esse período nebuloso, vamos nos abraçar, dar mais valor à família e aos amigos e reparar nos pequenos detalhes, como nunca antes. Por isso, a arquitetura e o design de interiores têm o papel fundamental de reformular a casa para se adaptar a essa nova realidade. Você está pronto para ela?

Então confira abaixo as apostas para o breve futuro que enfrentaremos:

Mudanças estruturais

O Home Office

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(Reprodução/Casa.com.br)

Um dos primeiros itens que já percebemos uma mudança no lar foi o local de trabalho em casa, o famoso Home Office. Logo nos primeiros dias de confinamento, as pessoas perceberam que este espaço precisava de uma certa importância e uma organização correta, para ser funcional e confortável, afinal, nem todo mundo estava vivendo essa tendência do work at home.

“Muito dos projetos residenciais, ultimamente, não contemplavam o home office, pois a maioria trabalha com um notebook, então qualquer mesa servia… Mas agora, depois de passar 60 dias em isolamento social, trabalhando em casa, tenho certeza que os home offices serão lembrados novamente! E, por causa dessa quarentena, que tivemos que nos reconectar com nossos lares e nos adaptar dentro de nossas necessidades, a ‘nossa casa’ virou uma grande aliada!”, explica a arquiteta Renata Selmi Herrmann.

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Exercícios em casa

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(Simonetto/Casa.com.br)

Com as academias fechadas e sem poder correr ou praticar exercícios nas ruas, outro item que será incorporado à residência é um espaço para realização de atividades físicas. “As pessoas perceberam que sim, é possível se exercitar em casa, mas que se seus lares fossem planejados para receber este tipo de atividade, a prática poderia ser mais frequente e agradável”, comenta a arquiteta Ana Johns, à frente do escritório Ana Johns Arquitetura.

As próprias academias disponibilizaram aulas gratuitas online e muitos profissionais deram dicas de como ambientar um espaço para se tornar um local de prática de exercícios. Determinação e tecnologia são os fatores principais para levar a uma rotina de exercícios. Lembrando que, é recomendado manter essa prática para ter uma vida saudável e ficar imune a doenças.

Re-conexão com a natureza e a mente

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(MCA Estúdio/Divulgação)

Segundo um estudo da UERJ, e publicado no The Lancetfoi levantado que os casos de ansiedade e estresse mais do que dobraram, enquanto os de depressão tiveram um aumento de 90%. Em tempos de incerteza, insegurança e medo, os problemas psicológicos vieram a tona.

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Uma das mudanças que haverá com a casa após a pandemia é o autocuidado e a conexão com a natureza, que promove momentos de relaxamento e conforto. “Senti um interesse das pessoas em áreas que se integrem ao mundo exterior, como varandas, sacadas, jardins e hortas. A Urban Jungle, ou floresta urbana, nunca fez tanto sentido como agora”, explica Ana Johns. Cantinhos de meditação, pequenos altares e lugares onde se possa estabelecer uma conexão espiritual também estão cada vez mais requisitados.

Armazenamento, higiene e segurança no lar

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(Reprodução/Apartment Therapy)

Logo no começo do surto da Covid-19, vimos pessoas desesperadas atrás de álcool em gel e papel higiênico, e algumas delas, estocando comida. Os hábitos de compras e de segurança para não trazer vírus para dentro de casa também serão afetados. Nunca vimos tantos entregadores da Rappi e do iFood fazendo compras, e com tanta segurança. Também nunca vimos tanta gente de máscara nos mercados e nas farmácias. Por isso, essa é mais uma das mudanças que já estão ocorrendo.

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(Denilson Machado, MCA Estúdio/Casa.com.br)

Nos ambientes mais funcionais da casa como a cozinha, espaços de armazenamento, principalmente despensas e geladeiras, estão recebendo mais atenção e organização. Desta forma, no futuro, serão priorizados armários para estoque de alimentos, esquecidos diante de uma rotina de alimentação fora de casa.

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(Simonetto/Casa.com.br)

Já muito comum na decoração de residências em países asiáticos, a presença de uma sapateira ou móvel para guardar os sapatos dos visitantes antes de entrarem em casa pode ser uma das tendências no pós-Coronavírus. Além de higiênico, é uma forma de deixar as energias ruins fora do lar, segundo a tradição oriental.

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(Manuel Sá/Casa.com.br)

Outra possível grande mudança é a maior presença de lavabos, que facilita a higienização das mãos logo quando as pessoas entram em casa.

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(Divulgação/Casa.com.br)

A arquitetura também deve se preocupar com a incidência de luminosidade natural nos lares, mais do que nunca. Pois, como comprovado, é necessário ventilação e áreas arejadas para evitar a proliferação de vírus e de bactérias.

Bem-vindo ao Universo Online

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(Divulgação/Casa.com.br)

Pesquisas apontam que, neste ano, cerca de 50 bilhões de aparelhos eletrônicos estão conectados na internet, entre smartphones, computadores e, até mesmo, geladeiras. São mais que seis vezes a população mundial. Segundo o professor e arquiteto Norimar Ferraro, “o trabalho e ensino a distância estão sendo colocados à prova nesse momento, porém muitas pessoas e empresas vão perceber que isso é viável e vantajoso”.

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(Reprodução/Casa.com.br)

Aparentemente, a tecnologia que já estava disponível, não era vista como solução, e sim burocracia. Mas, se temos algo para tiver de benefício dessa crise, é a migração de serviços e possibilidade do offline para o online. “As pessoas buscarão soluções que tragam mais conforto e funcionalidade para as suas casas. Criar cenários de luz para cada situação, por exemplo, adequar o lar para os diversos momentos do dia: trabalhar, assistir uma live do seu artista preferido na TV, jantar em família, exercitar-se… Antes passávamos mais tempo no trabalho e essas comodidades, como ar-condicionado ou conexão veloz de internet, eram prioridade lá. Agora nossas casas é que precisam de um upgrade”, exemplifica Willian Homem, CEO da Houseasy.

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(Reprodução/Casa.com.br)

A tecnologia tem sido usada para matar a saudade, unir quem está longe, e mais do que nunca, manter-se atualizado. São diversas ferramentas online e diversas possibilidades para manter a vida o mais perto do comum possível. “Podemos imaginar também que, por meio do monitoramento por sensores e reuniões à distância, faremos consultas médicas sem sair de nossos lares, em um sistema de saúde mais econômico ao usuário e com mais abrangência. Remédios, assim como qualquer tipo de produto, serão entregues por drones, sem a necessidade do contato físico”, complementa o professor Norimar Ferraro.

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O excesso sem espaço

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(Reprodução/Pinterest)

Como falado anteriormente, muitos hábitos de consumo mudarão. As pessoas estão comprando menos itens supérfluos e vivendo apenas com o necessário (até mesmo por uma questão de economia). A diminuição de carros na rua tem contribuído para a minimização da poluição no ar. Alimentos saudáveis estão em alta e a vida saudável tem sido muito buscada em plataformas de inspiração, como no Pinterest. Seria o caminho para uma vida mais equilibrada?

“Uma coisa é certa: essa pandemia fez (e ainda está fazendo) todos nós repensarmos os nossos hábitos e a forma como enxergamos muitas coisas. Passamos a valorizar pequenas atitudes, refletir os nossos comportamentos e até mesmo a nossa relação com o lugar onde vivemos. Rever a forma como nos conectamos com a nossa casa passou a ser prioridade. Mais do que nunca, tudo precisa fazer sentido e não somente haver beleza. Por isso, acredito que tudo o que for considerado excesso perderá espaço, cedendo lugar ao minimalismo e à praticidade no dia a dia. Principalmente quando o assunto é organização e limpeza”, relata a arquiteta Julliany Rocha, de Belo Horizonte (MG).

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(Pedro Kok/Casa.com.br)

Segundo Pedro Lira, da Natureza Urbana, as tendências pós-pandemia apontam para uma oportunidade de diminuir definitivamente os impactos do homem sobre o planeta, “e indicam que parte das soluções já estão presentes no nosso dia a dia há muito tempo, desde repensar o modelo de ocupação do território ao tipo de comida que é colocada em nossos pratos, mas nunca houve a coragem de implantá-las”.

“A pandemia é resultado do excesso de pressões que exercemos sobre o ecossistema. Se não mudarmos a nossa relação com o planeta, outras virão com maior impacto. Devolver espaço à natureza em nossas vidas é a grande solução”, reforça Lira.

Um momento para refletir

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(Reprodução/Casa.com.br)

Após todas essas tendências, já presentes no nosso dia a dia, cabe a nós refletirmos sobre o futuro que queremos ter e como a nossa casa vai representar o planeta lá fora. O que sabemos é que nada será como era antes e a pandemia acelerou diversas pautas que estavam caminhando, de forma um pouco mais lenta, para algo imediato.

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A sustentabilidade será essencial, a tecnologia imprescindível e a conexão humana mais forte do que nunca. Cabe então à arquitetura e ao design de interiores adaptar essa nova realidade às tendências do morar, trazendo casas mais saudáveis, sustentáveis e conectadas, promovendo o bem-estar humano e do meio ambiente.

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