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Escritórios de arquitetura criam projetos de moradias na periferia de SP

O projeto +Lapena Habitar é idealizado pela Fundação Tide Setubal e Blend Lab e será implementado no bairro Jardim Lapena, zona leste da capital paulista

Por Redação
1 fev 2023, 19h00
Escritórios de arquitetura criam projetos de moradias na periferia de São Paulo
Relação da circulação comum e os diversos usos do térreo. Projeto de Terra e Tuma. (Terra e Tuma e Coletivo Síntese/Fundação Tide Setubal/BlendLab/Casa.com.br)

Com objetivo de planejar, construir e entregar para a população um modelo de habitação de qualidade a preços acessíveis, a Fundação Tide Setubal e o Blend Lab promovem o projeto +Lapena Habitar. A iniciativa será implementada no bairro Jardim Lapena, zona leste da capital paulista, como uma experiência piloto para ampliar a perspectiva sobre a produção de moradia em regiões periféricas. E tem como um dos diferenciais o envolvimento de escritórios de arquitetura de regiões centrais com as periferias urbanas, estimulando novas abordagens projectuais.

Os novos imóveis serão alugados por um valor abaixo do praticado pelo mercado imobiliário para famílias de baixa renda, que terão garantida a estabilidade da locação com qualidade construtiva.

Imagem da caixa cênica, uma praça elevada voltada para usos culturais.
Vista do percurso público de pedestres que conecta o duplo acesso do edifício. Projeto de Coletivo Levante. (Coletivo Levante/Fundação Tide Setubal/BlendLab/Casa.com.br)

“A aposta do projeto +Lapena Habitar é contribuir para o desenvolvimento sustentável de bairros periféricos por meio da oferta habitacional. Esta chamada de projetos convida o campo da arquitetura a pensar propostas para além do condomínio, sobretudo pensar como a unidade habitacional se integra ao tecido urbano de forma a oferecer soluções para os diferentes desafios dos bairros periféricos”, explica a coordenadora de Cidades e Desenvolvimento Urbano da Fundação Tide Setubal, Fabiana Tock.

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Os cinco escritórios de arquitetura selecionados passaram por uma seleção realizada pela Fundação Tide Setubal e Blend Lab, que avaliaram portfólio, proposta contratual, comprovação de elaboração de projetos construídos de porte similar ao definido no Projeto + Lapena Habitar e ficha de identificação da equipe (para avaliação dos critérios de diversidade).

Confira os projetos dos escritórios selecionados:

Terra e Tuma + Estúdio Síntese

Escritórios de arquitetura criam projetos de moradias na periferia de São Paulo
A cobertura funciona como espaço de convivência coletiva. (Terra e Tuma e Coletivo Síntese/Fundação Tide Setubal/BlendLab/Casa.com.br)

Os edifícios propostos abrigam múltiplas possibilidades de uso para além do habitar. As circulações abertas, ventiladas e bem iluminadas são facilmente vistas da rua e se tornam pontos de encontro para aprender, trocar experiências, socializar e gerar renda.

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E, como forma de ampliar o diálogo entre o centro economicamente pujante de São Miguel Paulista e o Jardim Lapena, cortados pela linha de trem, o escritório propõe a costura entre os bairros a partir de diversas passarelas construídas por meio da articulação de módulos feitos em materiais leves, duráveis e de baixa produção de resíduos. Os módulos se articulam verticalmente até atingir a altura necessária para atravessar a linha do trem e, horizontalmente, podendo abrigar espaços multifuncionais como lojas, lanchonetes, áreas de lazer, bicicletários, guaritas e mirantes.

Coletivo Levante:

Escritórios de arquitetura criam projetos de moradias na periferia de São Paulo
Imagem da caixa cênica, uma praça elevada voltada para usos culturais. (Coletivo Levante/Fundação Tide Setubal/BlendLab/Casa.com.br)

Os projetos dos edifícios trazem um repertório que destaca a identidade periférica: estrutura, espaço, métodos construtivos e materialidades se articulam de forma a resgatar tipologias e as referências afetivas do viver em periferias. Arranjos espaciais escalonados dão espaço aos desejados quintais e a alternância de cheios e vazios convidam os pedestres a caminharem por novas rotas dentro dos prédios, repletas de largos e pontos comerciais.

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No lugar de uma simples passarela que conecta os bairros, uma “caixa cênica” sobre a linha do trem inaugura um novo referencial urbano. A estrutura consiste em um conjunto de pórticos metálicos sobre o qual se apoia uma plataforma de 20x20m dotada de recursos técnicos como iluminação, varas contrapesadas, varanda técnica e coberta com faixas de tela agrária coloridas para o sombreamento, permitindo diversos arranjos cênicos e expositivos potencializados por quatro telas de projeção nas faces laterais da estrutura.

Gávea Arquitetos + Diego Portas + Matteria:

Escritórios de arquitetura criam projetos de moradias na periferia de São Paulo
Na imagem é possível observar os pátios entre blocos e sua relação tanto com o atravessamento quanto com o acesso às unidades. (Gávea+Diego Portas+MATTERIA/Fundação Tide Setubal/BlendLab/Casa.com.br)

A partir de uma revisão contemporânea das tradicionais vilas residências, os projetos dos edifícios incorporam diversos dispositivos arquitetônicos de forma a potencializar a riqueza das relações sociais experimentadas nas antigas vilas. A composição alternada entre unidades habitacionais e espaços “vazios” favorecem encontros de pequenos núcleos de vizinhança, multiplicidade de usos, acessos e relações. Como resultado, se tem uma matriz horizontal e porosa com uma generosa variedade de pátios e jardins, um verdadeiro convite para um novo encontro.

Na mesma linha, o projeto da passarela propõe o encontro, desta vez entre os bairros cortados pela linha férrea. A partir de uma estrutura aberta e indeterminada se forma uma praça-passarela elevada que atua como um pano de fundo para atividades imprevistas. O “vazio”, mais uma vez, é o convite para a permanência, protagonismo e ocupação cultural.

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Estúdio Gustavo Utrabo:

Imagem da caixa cênica, uma praça elevada voltada para usos culturais.
A estrutura proposta para a nova passarela é composta por peças pré-fabricadas de concreto, que funcionam também como marcos visuais. (Estúdio Gustavo Utrabo/Fundação Tide Setubal/BlendLab/Casa.com.br)

A proposta dos edifícios remonta aos tradicionais mutirões de São Paulo, articulando matéria-prima e mão de obra em um sistema de produção local, ofertando uma série de arranjos habitacionais. Através do empilhamento direto de tijolos em formato de “C” as paredes se transformam em mobiliários, jardins, lojas, bancadas entre outros.

O modelo conceitual em tijolo e barro é também transportado para o atravessamento que conecta os bairros. Peças de concreto pré-fabricado são empilhadas e arranjadas de forma que suas cabeceiras atuam como marcos da paisagem, redefinindo acessos e criando novos fluxos.

Apparatus Architects + Alvaro Arancibia

Escritórios de arquitetura criam projetos de moradias na periferia de São Paulo
A grande porta de acesso atua como estratégia de integração entre rua, praça de e interior do edifício. (Apparatus Architects e Alvaro Arancibia/Fundação Tide Setubal/BlendLab/Casa.com.br)

Os projetos dos edifícios buscam criar uma interface harmônica entre o espaço público e privado a partir do resgate simbólico (e físico) das ruas e dos pátios. No edifício São Miguel, a intensificação de acessos diretos às áreas de uso residencial e comercial no nível térreo criam um novo eixo de ligação entre avenidas, ruas e travessias de pedestres repletos de praças arborizadas. Já no edifício Lapena, pátios internos de uso privado se estendem até salas de usos múltiplos e áreas comerciais, composição que permite em um só tempo regular o fluxo e recriar a volta do vazio.

O projeto previsto para o atravessamento visa a revitalização urbana de áreas públicas que margeiam a ferrovia, do lado do bairro São Miguel, intensificando a integração entre bairros e fluxos de travessia. Contempla a inserção de uma nova travessia, praças e um parque linear combinando proposições paisagísticas com diferentes usos como lazer, esportivos, comerciais e cívicos.

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