Casa em São Paulo tem paredes feitas com entulho
A matéria-prima, convertida em concreto ciclópico, rendeu economia de recursos, tempo e dinheiro, além de texturas diferentes em cada ambiente
Transformar entulho em matéria-prima foi a grande sacada deste projeto do escritório São Paulo Criação, que evitou a circulação de dezenas de caminhões pela capital paulista para descarregar entulho e trazer tijolos.
Usando restos de materiais de construção que estavam no local (escombros da antiga casa), economizou-se dinheiro, tempo e recursos, além de poupar a poluição causada pelo diesel e algumas toneladas de CO2 à atmosfera.
Para subir as paredes, o arquiteto Rafic Farah usou destroços de alvenaria, contrapiso etc. para rechear os moldes de madeira, que foram depois preenchidos com argamassa fluida.
O resultado estético também agradou. As paredes, que têm boa qualidade termoacústica, saíram cada uma com uma textura diferente à medida que iam sendo erguidas com o material que estava à mão. Algumas caiadas, outras não, são memórias daquilo que existiu.
“Neste projeto, mantive uma certa volumetria típica do bairro e busquei não somente uma harmonia espacial, mas repensar e enaltecer técnicas construtivas, complementares, eficazes e econômicas, em poéticas espaciais. Proporcionar aos habitantes da casa, um constante prazer de morar. Talvez tenha sido esse o partido”, conta o arquiteto Rafic Farah, que assina o projeto.
As duas únicas paredes de concreto, paralelas, têm a função de contraventar toda a edificação e ainda sustentam as pesadas caixas d’água.
Entre elas, há a escada e um vitral ao fundo, que amplia a luz natural e a ventilação cruzada. A casa dispõe ainda de placas fotovoltaicas e aproveitamento de água da chuva.