Estudo aponta benefícios do consumo de carne e insetos de laboratório
Novas fontes de proteína na alimentação podem ser saudáveis e reduzir o impacto ambiental em 80%
Por Natasha Olsen
Entre as recomendações do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) está a necessidade de redução das emissões de metano relacionadas à pecuária em um terço até 2030. Diminuir ou cortar a carne da nossa alimentação pode ser uma opção saborosa que traz benefícios para a saúde e para o planeta.
Existem muitas opções de proteínas vegetais e receitas deliciosas para quem quiser experimentar esta troca. E um novo estudo, publicado na Nature Food, aponta que, além dos vegetais, outras fontes de proteína podem entrar na nossa dieta: são as carnes e insetos cultivados em laboratórios.
Uma série de alimentos não convencionais a base de carne, insetos, algas e laticínios desenvolvidos em laboratório estão sendo desenvolvidos com o objetivo garantir a proteína e outros nutrientes para a nossa alimentação, ao mesmo tempo que diminuem o consumo de água e o uso de terra na sua produção.
Um grupo de cientistas da Finlândia estudou as características nutricionais destas fontes de proteína, avaliando o uso de água, terra e as potenciais emissões de carbono.
Depois de analisar estas três variantes ambientais, os pesquisadores afirmam que trocar carne, laticínios e outros produtos de origem animal por alimentos alternativos pode reduzir esses impactos em mais de 80%, considerando a dieta na Europa.
Além disso, os novos alimentos fornecem uma variedade mais completa de nutrientes do que uma dieta estritamente vegetariana ou vegana, segundo os cientistas.
Outra descoberta dos pesquisadores é que soluções simples, como a redução do consumo de carne e aumento da quantidade de vegetais na alimentação têm um impacto positivo semelhante no planeta.
Segundo Rachel Mazac, pesquisadora da Universidade de Helsinque, reduzir os alimentos de origem animal em 75% poderia resultar em uma redução de 75% nos impactos ambientais.
“Com reduções significativas em alimentos de origem animal e substituições por alimentos novos e alternativas de proteína à base de plantas, é possível reduzir significativamente os impactos ambientais em termos de potencial de aquecimento global, uso da terra e uso da água”, disse Rachel Mazac, da Universidade de Helsinque.
A pesquisa foi publicada na Nature Food e examinou novos alimentos que devem entrar na nossa dieta nos próximos anos. Entre as opções avaliadas estavam moscas e grilos, clara de ovo de células de galinha cultivadas em laboratório, algas, proteínas em pó feitas de cogumelos ou micróbios, leite, carne e frutas cultivadas a partir de células.
Estas opções, no entanto, dependem de métodos de alta tecnologia para “cultivar” células animais e vegetais que ainda estão em desenvolvimento. Além disso, as mudanças na dieta podem encontrar uma grande resistência dos potenciais consumidores.
Apesar de muitos estudos já apontarem os benefícios de uma dieta rica em grãos e vegetais com a simples ingestão reduzida de carne e laticínios, esta ideia ainda enfrenta bastante resistência.
O co-presidente do grupo de trabalho do IPCC sobre impactos, adaptação e vulnerabilidade, Hans-Otto Pörtner afirma que não é possível impor uma nova dieta às pessoas, mas que “seria realmente benéfico, tanto para o clima quanto para a saúde humana, se as pessoas em muitos países ricos consumissem menos carne e se a política criasse incentivos apropriados para esta mudança.”
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