Dia das Mães: arquitetas que conciliam a vida profissional e materna
Conversamos com quatro mães do universo da arquitetura, do design e do paisagismo, que assumiram com maestria os dois papeis. Confira!
Construir a carreira profissional e continuar se promovendo dentro da profissão, ao longo do tempo, já não é tarefa fácil. Quando se tem um filho, então, os desafios só aumentam: como cuidar da família ao mesmo tempo em que se cuida da carreira? Como dividir o tempo de forma a atender os dois mundos – trabalho e casa? Como se fazer presente na vida profissional sem esquecer da pessoal?
Participante da CASACOR São Paulo e ganhadora de diversos prêmios de decoração, a arquiteta Érica Salguero decidiu ser mãe há 6 anos.
Para ela, o segredo em continuar promovendo a carreira enquanto se dedica também à maternidade está em balancear as duas tarefas e tentar uni-las. No caso de Érica, isso é feito nas viagens em família. “Mesmo nas viagens, a gente sempre aprende da cultura local que está visitando. Já faz parte da minha profissão estar atenta aos detalhes, buscando referências que contribuam para o meu trabalho”, explica.
Para as mães arquitetas de primeira viagem, Érica dá um conselho: diminuir a jornada de trabalho, mas sem parar de trabalhar. “Eu acho que o trabalho é importante, até porque, quando o filho começa a entender, ele vai dar valor e até sentir um orgulho da mamãe. Ele vai entender que você está trabalhando para dar o melhor para ele”, comenta a profissional.
A designer de interiores Patrícia Pasquini também acredita na importância de repassar a valorização do trabalho ao filho. A designer, que é mãe de dois, diz que aprendeu a não dizer “eu tenho que trabalhar”, para que os filhos não tenham a impressão de que o trabalho afasta sua companhia.
“Eles têm que entender que amamos a nossa profissão e as nossas escolhas, para assim eles um dia também fazerem o que amam”, explica Pasquini.
Quando seu primeiro filho nasceu, a designer de interiores decidiu pedir demissão da empresa em que trabalhava para que pudesse cuidar dele. Foi depois de 8 anos trabalhando de forma autônoma em seu escritório, que ela decidiu ter o Rafael. “Mesmo trabalhando muito, havia me arrependido de ter um filho só. Foi a melhor decisão que tomei na minha vida. Hoje Rafael tem 4 anos”, ela diz.
A arquiteta paraibana Maria Raquel Salmen tem três filhos e não acredita em um “momento certo” para engravidar. “Eu não sei se esse momento chega, sabe. Arquitetura é uma profissão muito dinâmica, você sempre está com projeto. E é bom que seja assim. Então esperar um momento para ter o filho é meio complicado, senão adia demais e ele nem chega”, completa.
Para ela, uma das maiores dificuldades enfrentadas é continuar promovendo sua carreira sem sentir a consciência pesada por não estar com os filhos. “Eu me culpo quando eu quero viajar por conta do trabalho ou quando eu quero fazer curso e participar de palestras. Acho que é a hora que eu tenho que estar com eles. Isso atropela um pouco. Quando você não tem filhos, não pensa nisso. Vai tranquila, vai aperfeiçoando (sua carreira). Mas assim fica mais difícil”, explica.
Assim como Salmen, a paisagista Maria Lúcia Alalou tem três filhos e também compartilha dessa mesma opinião. “Como mãe, você é sempre exigida pelos filhos e esse sentimento de um pouco de culpa permanece”, brinca Maria Lúcia. “Mas os filhos não são da gente. Eles são do mundo e é isso que a gente deve mostrar pra eles”, completa.
Hoje em dia, a arquiteta divide o escritório com o seu filho Felipe, também paisagista. Ela conta que, no início, enfrentou alguns desafios por já ter mais experiência no ramo e sempre ir antecipando as atividades. “Com o tempo aprendi a respeitá-lo e aceitar a sua parceria. E, por muitas vezes, me surpreendi com os resultados inovadores que ele foi apresentando”, Alalou diz.
A paisagista acredita que sua carreira serviu de inspiração para o filho: “…tanto que ele trabalha comigo até hoje. Eu fico muito feliz por saber que um dos meus filhos segue o Paisagismo e que estamos trabalhando juntos. Espero que ele continue por muito tempo”.
Um conselho que ela dá às colegas que desejam serem mães é não se desesperar. “As coisas sempre acabam dando certo e a gente sempre acaba dando um jeitinho de conciliar tudo”, finaliza.