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O que acontece com a retirada de bicicletas Yellow em São Paulo?

Com o modal alternativo da Grow saindo de cena, usuários terão de recorrer ao patinete elétrico ou os transportes tradicionais

Por Yara Guerra
Atualizado em 17 fev 2020, 15h37 - Publicado em 27 jan 2020, 18h10
(Divulgação/Casa.com.br)

A holding de mobilidade Grow (fusão da Grin e da Yellow) anunciou na última quarta-feira que está em processo de reestruturação de suas operações no Brasil. 

Por causa disso, a startup decidiu encerrar o aluguel de patinetes elétricos em 14 cidades brasileiras (Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Florianópolis, Goiânia, Guarapari, Porto Alegre, Santos, São Vicente, São José dos Campos, São José, Torres, Vitória e Vila Velha). Os veículos só poderão ser encontrados no Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo, que receberão a transferência das unidades antes presentes nos outros municípios.

Bicicletas Yellow empilhadas em parque de Curitiba. (Divulgação/Casa.com.br)

As alterações também se estenderam às bicicletas Yellow. Todas as unidades foram retiradas das cidades em que operam para que sejam submetidas a um processo de checagem e verificação das condições de operação e segurança. 

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Enquanto isso, o enxugamento das operações levou ao corte de 600 funcionários da empresa (quase 50% do quadro), de acordo com o Valor Econômico. Em comunicado, a Grow disse trabalhar a recolocação com a ajuda de uma consultoria de RH.

“Planejar essa reestruturação nos colocou diante de decisões difíceis, porém necessárias para aperfeiçoar a oferta de nossos serviços e consolidar a nossa atuação na América Latina. O mercado da micromobilidade é fundamental para revolucionar a forma como as pessoas se locomovem nas cidades e continuamos acreditando que esse mercado tem espaço para crescer na região”, explica Jonathan Lewy, CEO da Grow, em comunicado.

(Divulgação/Casa.com.br)

O que isso significa para São Paulo?

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A disponibilidade de sistemas de compartilhamento de transportes, como é o caso dos patinetes elétricos e bicicletas, provou ter seu valor em regiões com alto fluxo de passageiros, como é o caso da Avenida Faria Lima, em São Paulo. É comum passar pela via e encontrar diversos transeuntes montados nos modais e buscando assumir um estilo de vida de mais saúde, desapego e proximidade à natureza. 

(Divulgação/Casa.com.br)

Em agosto do ano passado, a Grow informou que 6,9 milhões de quilômetros – o equivalente a 170 voltas na Terra – haviam sido percorridos por usuários de São Paulo com a Yellow. Se fossem usados carros em vez da bicicleta alternativa, seriam mais 1,37 mil toneladas de gás carbônico emitidas no ambiente. A economia equivale a uma floresta de 2,74 km² sequestrando carbono da atmosfera durante um ano – quase o dobro da área do Parque do Ibirapuera.

Nesta mesma época, eram cerca de 4 mil os equipamentos disponibilizados pela empresa à capital paulista, atendendo 1,5 milhão de usuários em uma área de 76 km².

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Avenida Brigadeiro Faria Lima. (Guilherme Andrade/Divulgação)

Com o anúncio da Grow, os munícipes voltarão a depender dos transportes anteriormente usados, como ônibus, metrô, trens e carros. Na Faria Lima, isso pode significar trocar a fluidez da ciclovia por algum tempo de trânsito na pista.

Para Luiz Augusto Pereira de Almeida, diretor da Sobloco, empresa especializada em planejamento urbano, isso é reflexo da falta de planejamento a longo prazo. 

“Não existem soluções mágicas para o problema da mobilidade e dos transportes/logística, mas com certeza, o planejamento a longo prazo poderia fazer muita diferença”, afirma. 

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“No tocante às grandes cidades, como São Paulo, as ruas foram planejadas há décadas, para o trânsito de uma quantidade determinada de carros por hora. Porém, em muitos momentos, recebem volume muito maior. Não houve verdadeiramente um planejamento, que contemplasse projeções da expansão demográfica e da frota de veículos”, diz.

(Divulgação/Casa.com.br)

Quando perguntada sobre como a Prefeitura de São Paulo pensa em compensar o uso destes dispositivos, a equipe da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes respondeu: “a Prefeitura, por meio da SMT, informa que está atenta à movimentação das empresas de micromobilidade e que atua com foco na integração entre os modais e na segurança dos usuários”. 

(Divulgação/Casa.com.br)

A mesma nota afirma que trabalha de forma contínua em dois desafios. O primeiro deles é promover a segurança no trânsito, sempre com foco no pedestre e nos ciclistas, que representam o elo mais frágil. Nesse sentido, foi lançado em abril do ano passado o Plano de Segurança Viária do Município de São Paulo, que revê um conjunto de 80 ações.

O outro desafio seria garantir e ampliar a intermodalidade – ou seja, a possibilidade de conexões entre diversos meios de transporte. Para tanto, a atual gestão lançou o Plano Cicloviário, realizou a nova regulamentação do serviço de compartilhamento de bicicletas e patinetes, completou a regulamentação do transporte de passageiros por aplicativo e criou o aplicativo SPTaxi.

Por telefone, a Coordenadoria de Comunicação do órgão ainda afirmou que não cabe à Secretaria agir sobre medidas de empresas privadas, ainda que ela seja a responsável pela dinâmica de mobilidade e transportes na capital paulista.

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