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Dia do Livro: os melhores livros de arquitetura, segundo arquitetos

Convidamos alguns profissionais para indicar leituras que impactaram as suas vidas e carreiras. Confira:

Por Yara Guerra
23 abr 2021, 12h55
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(Lum3n/Pexels)

Hoje é o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor. Mais do que uma efeméride qualquer, a data celebra o nascimento do escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor de “Dom Quixote” e influência para muitos outros romancistas que surgiram depois dele. 

Além disso, a celebração é importante porque homenageia uma das fontes de conhecimento mais antigas e duradouras do mundo. Seja para sanar dúvidas, crescimento pessoal ou por pura distração, a leitura continua ocupando um lugar muito especial na sociedade e é capaz de nos transportar a outros tempos e espaços. Não é por acaso que, durante esta pandemia, a venda de livros tenha crescido – em fevereiro, a alta foi de 18%, segundo pesquisa da Nielsen Brasil e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. 

Tamanha a sua grandeza, os livros ocupam as mais diversas áreas, inclusive a arquitetura. Sabendo disso, convidamos alguns profissionais para fazer, cada um, uma indicação e contar um pouco sobre a importância daquela leitura na sua vida. Confira:

Bia Hajnal – Casa: pequena história de uma ideia, de Witold Rybczynski

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(Bia Hajnal/Casa.com.br)

O livro selecionado pela arquiteta Bia Hajnal  analisa como as mudanças culturais e sociais influenciaram o mobiliário e os estilos de decoração. Ele se revela como um verdadeiro ensaio histórico-antropológico e é marcado por inúmeros exemplos curiosos que conquistam o leitor. 

“Li este livro ainda na faculdade e até hoje a maneira como ele retrata a ‘história do morar’ me inspira. A casa continua precisando ser resiliente e acompanhar a evolução tecnológica e a mudança de comportamento dos moradores”, diz a arquiteta.

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Francisco Palmeiro – Adoro!, de Sig Bergamin

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(Francisco Palmeiro/Casa.com.br)

Sig Bergamin é um dos mais conhecidos arquitetos brasileiros. Conhecido por  suas propostas que misturam estilos, estampas e cores, ele é autor do livro “Adoro!”, bastante querido pelo arquiteto Francisco Palmeiro. A obra é quase um manual de decoração que se mistura com um pouco de biografia e auto-ajuda. Com muitas cores, fotos e fases da carreira de Bergamin, o livro propõe diversas soluções para projetos.

“O trabalho do Sig Bergamin se tornou uma referência no décor por misturar texturas, cores e padronagens aparentemente díspares que são, na verdade, uma forma muito particular e autoral de vestir a casa. São combinações inusitadas que transitam entre o sofisticado e o exótico, mas sempre com muita harmonia. Sig é um dos poucos casos em que o excesso de informação visual é bem-vindo, um diferencial. Essa desconstrução do habitual sempre me inspirou e inspira até hoje”, conta Palmeiro.

Guilherme Galvão – O Grande Livro da Casa Saudável, de Mariano Bueno

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(Guilherme Galvão/Casa.com.br)
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O arquiteto Guilherme Galvão, da GG ARQUITETURA, escolheu a obra de Mariano Bueno como a que mais influenciou o seu trabalho. O livro chama a atenção para elementos nocivos que têm incidência direta sobre a saúde física e mental, mas que podem ser prevenidos a partir da harmonização dos ambientes da casa.

“O ‘Grande Livro da Casa Saudável’ é um verdadeiro manual de como construir uma casa com todos os quesitos para uma casa com saúde – fatores como reconhecer o risco e incidência direta sobre saúde física e mental, como harmonizar os ambientes e ainda a síndrome do edifício doente por falta deste estudo. O livro aborda todos os aspectos que contemplam a ecobioconstrução, uma verdadeira construção saudável. Localização do terreno, orientação do sol, formas, materiais saudáveis, isolamento térmico e acústico… e muito mais! Acredito que todo arquiteto ou estudante de arquitetura deveria ler esse livro antes de elaborar qualquer projeto”, diz Guilherme.

Suzana Azevedo – Cidades Para Pessoas, de Jan Gehl

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(Suzana Azevedo/Casa.com.br)

O livro de Jan Gehl analisa as cidades como solução para a crise ambiental e de saúde que nos aflige. Com mais da metade da população mundial vivendo hoje em áreas urbanas, o planeta inteiro precisa aprender as lições que ele oferece na obra, favorita da arquiteta Suzana Azevedo

“‘Cidades Para Pessoas’ é um livro marcante na minha trajetória na arquitetura. Conheci esse livro na faculdade e ele me inspirou a fazer na minha monografia um estudo para uma rede cicloviária em Juiz de Fora, cidade onde eu moro e onde me formei. Esse livro é leitura obrigatória não só para arquitetos, mas para qualquer cidadão que queira entender mais sobre nosso papel como agentes de transformação nas cidades em espaços mais democráticos, vivos e sustentáveis”, diz Suzana. 

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Pedro Galaso – Tratado de Arquitetura, de Vitrúvio

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(Pedro Galaso/Casa.com.br)

O livro que mais influenciou a carreira do arquiteto Pedro Galaso é também o único texto sobre arquitetura datado da Antiguidade. Escrita por Vitrúvio ao Imperador Augusto, a obra influenciou concepções estéticas renascentistas depois de ser encontrada em uma abadia italiana.

“Quando estava escrevendo minha tese de TFG da faculdade de arquitetura e urbanismo, dentre os milhões de títulos que minha orientadora da época, Helena Karpouzas, me passou, um deles foi esse, o tratado de arquitetura escrito por Vitrúvio. Essa é uma compilação dos 10 livros que o autor escreveu ditando as ‘regras’ da construção e arquitetura dente 31 A.C A 25A.C. 

O fascinante desse livro é que parece que foi escrito ontem, pensando a lógica da construção e a perenidade dos materiais naturais. Imagina, estamos falando de um livro que foi escrito antes de Cristo, com uma tecnologia primária, mas mesmo assim se faz presente nos dias atuais, confirmando que arquitetura não se faz de modismo e sim de o bom uso dos materiais e da aplicação da mesma em seu entorno. Esse é um dos livros que nunca sai da minha cabeceira, e toda vez que releio, sempre aprendo mais”, diz o arquiteto.

Karen Pisacane – Arquitetura no Divã, de Shirlei Zonis

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(Karen Pisacane/Casa.com.br)
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O livro escolhido pela arquiteta Karen Pisacane é “Arquitetura no Divã”. Ele oferece noções básicas de psicanálise para arquitetos e os ajuda a interpretar as demandas dos clientes, a partir de histórias que expressam situações recorrentes na rotina dos profissionais e explicações de conceitos e reflexões da autora sobre cada caso.

“O livro coloca uma questão super importante da arquitetura, mas que tratamos questões do cliente que não se limitam à casa; estamos além. Percebi que meu trabalho vai muito além da beleza e da praticidade, é a quarta dimensão do espaço, é sútil e tem muito a ver com quem habita”, conta Karen.

Sandra Marçal – A Arte de Projetar em Arquitetura, de Ernst Neufert

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(Sandra Marçal/Casa.com.br)

Escrito por Ernst Neufert, o livro “A Arte de Projetar em Arquitetura” foi o escolhido pela arquiteta Sandra Marçal como o que mais influenciou a sua carreira. Como um verdadeiro manual de construção, ele reúne fundamentos, normas e prescrições sobre recintos, edifícios, estâncias, instalações e utensílios, tomando o ser humano como medida e objetivo. 

“Considero o livro Neufert uma bíblia arquitetônica. Referência para os arquitetos, dá o embasamento completo para a ergonomia e nossa relação com o espaço”, diz Sandra.

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Christina Faria – Lloyd Wright

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(Christina Faria/Casa.com.br)

A arquiteta Christina Faria, sócia de Sandra no escritório Spazio Arquitetura, considera o livro “Lloyd Wright”. “Esse livro habita minha vida desde criança, era do meu pai que também era arquiteto. Então tenho uma relação afetiva com esse livro, sempre me encantei com a arquitetura do Guggenheim Museum que tem na capa,  eu nem sabia que era o Guggenheim Museum. Perdi meu pai aos 13 anos e, quando fui para NY aos 20 e vi a arquitetura do Guggenheim Museum, caí em prantos por ter feito toda essa relação na minha vida. E quando fiz arquitetura passei a saber do trabalho de Frank Lloyd Wright e ele se tornou uma grande referência para mim”, conta a arquiteta.

Nayara Macedo – Os Olhos da Pele: A Arquitetura e os Sentidos, de Juhani Pallasmaa

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(Nayara Macedo/Casa.com.br)

Escrito por um dos maiores arquitetos da Finlândia, o livro escolhido por Nayara Macedo trata da percepção sensorial das edificações sob um ponto de vista muito original: fazendo uma crítica à arquitetura que considera apenas o sentido da visão, deixando de lado os demais sentidos. Além disso, propõe uma forma multissensorial de projetar a arquitetura, usando de pensamentos filosóficos para nos fazer entender a relação do ser humano com o ambiente e as memórias que criamos nos espaços.

Segundo Pallasmaa, a arquitetura não deve ser um mero instrumento da funcionalidade, conforto corporal ou prazer, mas precisa equilibrar-se e manter seus segredos e mistérios impenetráveis no sentido de ativar nossa imaginação e emoções. O livro pretende fazer o arquiteto repensar a forma que projeta e é um clássico para todos que trabalham com artes em geral.

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