17 espécies de plantas consideradas extintas são reencontradas
A descoberta foi possível através de um estudo internacional liderado por investigadores da Universidade Roma Tre que monitorou a natureza de forma contínua
Um recente estudo publicado na revista científica Nature Plants revelou a descoberta de 17 espécies de plantas antes consideradas extintas. Nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, na Europa, estas espécies foram reencontradas de formas diferentes: três delas na natureza, duas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonômica” – ou seja, haviam sido classificadas como extintas mas, na verdade, ainda existiam em algum lugar do mundo.
Tudo começou quando uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade Roma Tre suspeitou que plantas catalogadas como extintas na literatura científica na verdade ainda estariam vivas. Eles então analisaram 36 espécies endêmicas europeias cujo estado de conservação era considerado “extinto” a partir da monitoração da natureza e do contato com bancos de sementes e jardins botânicos.
Foi concluído que quatro espécies oficialmente extintas surgiram na natureza novamente, como o Ligusticum albanicum Jávorska, um membro da família do aipo que foi redescoberto nas montanhas albanesas. Além disso, sete espécies antes consideradas extintas agora são vistas como sinônimos de plantas vivas, como a Centaurea saxatilis (K. Koch) B.D. Jacks, que agora é reconhecida como a Centaurea raphanina Sm., amplamente encontrada na Grécia. Três outras espécies foram erroneamente identificadas no passado, incluindo a Nolletia chrysocomoides (Desf.) Cass. na Espanha, que deve ser agrupada com Galatella malacitana Blanca, Gavira e Suár.-Sant.
O estudo ainda revelou a existência de espécies como Filago neglecta (Soy.-Will.) DC., H. hethlandiae, Astragalus nitidiflorus, Ornithogalum visianicum e Armeria arcuata, outrora consideradas extintas. Esta última uma espécie endêmica do litoral sudoeste lusitano cujos últimos registros datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda. Entretanto, ainda são necessários alguns estudos de confirmação, uma vez que a planta estava desaparecida por 150 anos e pode ter havido algum erro de identificação.
Segundo um dos autores do estudo, David Draper, “a investigação exigiu um trabalho minucioso de detetive, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”. Ainda de acordo com o pesquisador, a pandemia de covid-19 contribuiu para a dificuldade no trabalho, uma vez que ocasionou o fechamento dos laboratórios.
Os investigadores consideram os resultados altamente promissores. “Graças a estes resultados a Europa ‘recupera’ biodiversidade, um passo importante para atingir as metas internacionais estabelecidas pela Convenção para a Diversidade Biológica e a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável”, disse Draper.
No entanto, eles deixam também um alerta: “não nos podemos esquecer que os resultados confirmam que as restantes 19 espécies que analisamos se perderam para sempre. É fundamental prevenir extinções – a prevenção é certamente mais viável do que eventuais tentativas de ressuscitar espécies através de material genético, uma área por enquanto puramente teórica e com fortes limites técnicos e tecnológicos”, concluiu o pesquisador.