Kengo Kuma entrelaça bambu e carbono no London Design Festival 2019
Com a instalação, o arquiteto japonês busca mostrar como alguns materiais ditos rígidos podem se tornar flexíveis no design moderno
Em meio ao jardim do Victoria and Albert Museum, o arquiteto Kengo Kuma instalou, de forma temporária, o seu Bamboo Ring (“anel de bambu”, em português) – uma estrutura complexa e rígida, que lembra um casulo.
Desenhada para o London Design Festival 2019, a instalação faz uso de materiais naturais e atua como uma experimentação de tecelagem.
“O arquiteto Gottfried Semper disse uma vez que ‘a arquitetura se baseia no ato de tecer’, e eu sou influenciado por sua mensagem”, conta Kengo Kuma.
“Os animais constroem seus ninhos com materiais naturais a sua disposição (o que significa que eles também estão vivos), e fizemos a mesma coisa com esta instalação. É totalmente natural”, diz ele.
Como o nome sugere, o “anel de bambu” do arquiteto japonês foi criado a partir da madeira forte de rápido crescimento.
Resultando em uma estrutura com formato de rosca, a obra foi construída a partir de um anel de 2 metros de diâmetro atado com fibra de carbono em seu interior. A mistura destes materiais cria um material que é 10 vezes mais rígido que o bambu usual.
“Carbono e bambu: ambos existem essencialmente como fibras, então eu acreditava que a química deles seria perfeita”, diz Kuma. “Você vê o bambu na superfície e o carbono na parte de trás. Isso significa que a instalação oferece várias maneiras de observação”, completa ele.
As tiras de bambu e fibra de carbono garantem que o design geral mantenha as propriedades e a beleza única da madeira, tradicionalmente usada na arquitetura japonesa.
Apesar disso, a obra também destaca como a madeira pode se tornar mais leve, mais forte e mais precisa. Se alguém puxasse as duas extremidades da estrutura, ela naturalmente se deformaria com uma das metades se erguendo no ar, como um anel contínuo.
Este experimento de tecelagem destaca a relação entre bambu e outros materiais e como a madeira pode ser usada de forma flexível no design moderno.
“Algumas pessoas acharão a obra tradicional e outras poderão pensar que é muito moderna. De qualquer forma, seu senso será testado ao visitar esta instalação”, conclui o arquiteto.