Dia Mundial do Bambu: saiba como o material é usado na arquitetura

Estruturas curvas são as mais pedidas nos projetos, mas isso, demanda uma preparação específica, além do tradicional tratamento

Por Nádia Simonelli
Atualizado em 18 set 2020, 09h54 - Publicado em 18 set 2020, 09h00
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Equipe da empresa Gera Brasil, especializada em arquitetura sustentável. (divulgação/Casa.com.br)

No Dia 18 de setembro comemora-se o Dia Mundial do Bambu. A data relembra também a importância deste material essencial para a sustentabilidade na construção civil. Usado tradicionalmente em culturas milenares, principalmente nas orientais, o bambu ainda é pouco explorado atualmente, apesar de ser um material versátil, resistente e com importante contribuição ambiental, já que captura altas taxas de carbono.

Apesar disso, não faltam iniciativas criativas e bem embasadas para difundir a cultura do uso do bambu na construção em todo o mundo. No Brasil, a empresa Gera Brasil, especializada em arquitetura sustentável, é uma delas. Além de desenvolverem projetos de casas, os profissionais também prestam consultoria e ministram cursos sobre o tema. Assim, são especialistas no uso do bambu na arquitetura.

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(divulgação/Casa.com.br)

Sabemos que cada projeto tem uma peculiaridade e cada estrutura exige um cuidado específico seja na produção ou na montagem. No caso do bambu, estruturas curvas são desejos recorrentes nos projetos, segundo a Gera Brasil. “Arcadas, coberturas e superfícies onduladas estão entre os pedidos. Vemos referências disso na Colômbia, Indonésia e China e desejamos implantá-las rapidamente em toda e qualquer situação, mas não imaginamos todo o processo necessário para chegar ali”, explica o arquiteto Antonio Vissoto, um dos sócios do escritório.

 

Como o bambu é preparado para a construção

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Detalhe da cobertura do projeto da Gera Brasil. (divulgação/Casa.com.br)

Então, não pense você que basta colher o bambu na natureza para sair construindo por aí. “Para conseguir que o bambu in natura fique curvado, formando um belo desenho, é necessário que, além do inevitável tratamento do bambu (hoje com produtos 100% ecológicos como o Nat PUR 200) protegendo-o contra pragas e fungos, também seja feita a secagem das peças em gabaritos que simulem sua curvatura final”, detalha o arquiteto.

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(divulgação/Casa.com.br)

Esse processo serve para criar uma “memória”no bambu e, assim, evitar que a estrutura fique fazendo força para voltar à sua forma original, o que pode acabar criando problemas estruturais na construção. “Para que se tenha ainda mais tranquilidade, é comum ser feito o ‘sangramento’ do bambu (pequenos cortes) na parte interna da curva a fim de facilitar o processo”, completa Antonio.

 

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Detalhe do tratamento do Bambu no projeto da Gera Brasil. (divulgação/Casa.com.br)

Depois de finalizar o processo de secagem, as peças de bambu podem ser utilizadas. Mas, Antonio lembra que, uma vez curvadas e mesmo com a “memória” já implantada, são peças com suas fibras em tensão. “Assim, executar furações ou cortes nelas nesse momento é um processo delicado, que merece muita atenção e conhecimento sob o risco de obter um bambu rachado, que precisará ser trocado”, afirma.

 

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Bambu curvado no projeto da Gera Brasil. (divulgação/Casa.com.br)
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Antonio avisa, ainda, que é preciso proteger a área onde o furo vai ser feito, amarrando com corda, tubetes plásticos ou  braçadeiras metálicas. “É uma forma de garantir que o bambu se mantenha integro. Montada a estrutura é recomendável a aplicação de algum tipo de verniz que proteja o material tanto do sol quanto da água, dois elementos que agridem muito esse material”, explica. Peças que ficam sempre expostas ao sol necessitam frequente aplicação de vernizes para garantir sua integridade. “Observar estas peculiaridades e detalhes, e manter uma boa manutenção é o que permitirá o uso da edificação por muitos e muitos anos”, finaliza o arquiteto.

 

Projetos pelo mundo

Há anos, o bambu tem chamado a atenção de muitos designers e arquitetos no mundo todo, que elaboram projetos e pesquisas a fim de difundir o uso do material e, reduzir assim, compostos artificiais nas construções. Veja abaixo, algumas criações inspiradoras.

 

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Obra do arquiteto Kengo Kuma, instalada no museu britânico Vitoria & Albert. (reprodução/Casa.com.br)

O arquiteto japonês Kengo Kuma desenvolveu uma estrutura em forma de anel com dois metros de diâmetro em que combinou tiras de bambu com uma camada de fibra de carbono. A ideia foi mostrar que a fusão dos dois materiais podem criar estruturas extremamente fortes e autossustentáveis.

 

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O escritório RAW Architecture projetou um telhado de bambu em zigue-zague de bambu para uma escola na Indonésia. (reprodução/)
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O escritório RAW Architecture projetou a Escola Alfa Omega, na Indonésia, com um belo telhado e estrutura de bambu. Construída com a ajuda de artesãos locais, a maioria dos materiais foram adquiridos em um raio de cinco quilômetros do prédio, tanto para ajudar a acelerar sua construção quanto para reduzir sua pegada de carbono.

 

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Luum Temple, assinado pelo estúdio CO-Lab Design Office. (reprodução/)

O estúdio CO-Lab Design Office projetou o Luum Temple, situado na selva de Tulum, no México, um pavilhão de bambu para a prática de ioga. A estrutura ao ar livre foi criada com bambu, que tem características sustentáveis e também é conhecido por sua capacidade de resistir aos furacões.

 

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