Reforma em casa dos anos 1960 ganha projeto sustentável e saunas no jardim
A arquiteta Bia Hajnal reforma a casa da família projetada pelo seu avô na represa de Guarapiranga (SP) usada para lazer aos finais de semana
A arquiteta Bia Hajnal teve o desafio de desenvolver um novo projeto com um significado único: a casa dos avós onde passou parte da sua infância.
“O projeto tem um contexto muito especial, pois a casa foi construída pelo meu avô, o arquiteto Fritz Rosenthal na década de 1960. Foi simbólico e especial poder trabalhar adequando às novas necessidades e tecnologias, mas mantendo a essência e características propostas no projeto original”, revela a arquiteta, que transformou a residência da família em um ambiente sustentável.
O projeto foi montado com um sistema de aquecimento de água com a placa solar e sensor de temperatura integrado à automação, permitindo o controle de forma remota. E com a opção de sistema de aquecimento solar. Pensando na sustentabilidade, a arquiteta também propôs a troca de lâmpadas, ar-condicionado inverter, placas solares e boiler mais modernos.
O terreno é um declive e possui três níveis: o primeiro, no nível da rua, contém sala, varanda, cozinha e uma suíte. No nível inferior estão duas suítes, lavabo, escritório, churrasqueira e jardim. O terceiro nível, abaixo da laje do jardim, foi transformado em área de lazer com spa, vestiário e piscina.
O projeto original dos anos 1960 passou por ajustes, incluindo uma grande fundação em 1977 após um deslizamento de terra. Em 2009, a arquiteta modernizou instalações hidráulicas, elétricas, banheiros e área social.
“Por último, propus a área do spa com saunas e piscina. A piscina era um grande desejo da família toda há muito tempo, mas não havia espaço externo disponível no terreno. Então definimos por fazer uma pequena piscina, interna”, revela.
A área do SPA trouxe duas saunas, piscina e uma bancada com pia e frigobar, que garantem toda a comodidade dos drinks e comidinhas, para as horas e relaxamento. Há uma sauna úmida de 3 m² e uma sauna seca de 4 m², todas em vidro, que mantém a amplitude visual do espaço e acomoda tecnicamente os dois espaços.
“Foi um projeto tecnicamente desafiador e bem específico, entre adequar a temperatura das saunas com esquadrias de vidro (e maior perda de calor), trabalhar a iluminação de forma uniforme dentro e fora da sauna e construir uma piscina de concreto armado, com fundações e estrutura independentes da estrutura da casa, além da ampliação de área para acomodar o lavabo e a casa de máquinas”, explica Bia.
A área de lazer foi ampliada na reforma, para acomodar mesa para 10 pessoas, geladeira, churrasqueira à gás, poltronas de balanço e uma ducha. O pergolado de madeira cumaru abraça a estrutura central de concreto revestida com o mesmo porcelanato aplicado na casa toda. Foram plantadas trepadeiras tipo jade, que cobrirá de vegetação e flores pendentes.
O porcelanato, vidro e madeiras com o contraste da vegetação aparentam trazer um estilo mais contemporâneo com ambientes mais amplos e com uma maior luz natural. “Trabalhamos bastante com a iluminação, principalmente na área externa e no spa. Com o novo projeto de paisagismo, buscamos iluminar e valorizar as árvores. O pergolado recebeu iluminação indireta que valoriza as formas e os vazios”, explica a arquiteta.
Além disso, os tons de branco, verde turquesa, terrosos e amadeirados mesclam a expressão do design mais moderno com a beleza do estilo robusto. A região é considerada muito úmida e com vegetação, o que influenciou na escolha de materiais mais resistentes, abertura de luz e ventilação cruzada.
A arquiteta decidiu deixar algumas peças com valor afetivo para a família como parte da decoração. “Tem a escrivaninha antiga, que era do meu avô na suíte superior e algumas mesas de cabeceira e apoios que eram deles. Mas o de maior destaque são os quadros que estão na casa, que foram pintados pela minha mãe, que era artista plástica”, conta.
O projeto foi concluído com êxito, mas não sem muitos obstáculos no caminho. “Teve o desafio da própria estrutura da casa que é de alvenaria estrutural (sem pilares) e que restringe bastante as demolições e a ampliação de ambientes, a implementação da automação com equipamentos que são sensíveis e a pandemia que impactou todo o setor. Iniciamos a reforma em março de 2020, mas tivemos que parar por causa da falta de matéria-prima, aumento dos preços e dificuldade de mão de obra”, finaliza.
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