Continua após publicidade

Especialistas respondem às principais dúvidas sobre iluminação

Usá-la corretamente resulta em bem-estar e conforto dentro de casa. Nas 28 perguntas respondidas por experts no assunto, saiba por onde começar e quais os critérios mais adequados para diversas situações.

Por Redação
Atualizado em 19 jan 2017, 15h27 - Publicado em 6 dez 2010, 21h13
Nesta área externa, o paisagista paulista Alexandre Furcolin pontuou o deck ...

1. Qual o papel do projeto luminotécnico?

 

De forma resumida, ele é o planejamento dos circuitos de luz de uma casa, considerando o uso que se faz de cada espaço e as necessidades de quem a ocupa. Leva em conta aspectos humanos, arquitetônicos, financeiros e ambientais. Por exemplo, os circuitos devem ter um custo compatível com o que se quer gastar, a manutenção precisa ser fácil e barata e os elementos escolhidos não devem representar desperdício de energia nem prejuízos para a natureza. Esse projeto compõe-se de desenhos (plantas, cortes, perspectivas e detalhes) e memorial descritivo com as especificações de lâmpadas, luminárias e demais equipamentos.

2. Em qual momento deve-se pensar nesse projeto?

 

Recomenda-se que seja ainda na concepção da planta da moradia, pois as escolhas interferem em outras partes da construção, como no planejamento elétrico e até mesmo na alvenaria – no caso de sancas, rasgos no teto, luminárias embutidas.

Continua após a publicidade

3. Por onde iniciá-lo?

 

Certamente, não começa pela escolha de lâmpadas e luminárias, mas com percepções e um conceito que exprima o que a família precisa e deseja. O planejamento luminotécnico faz parte do projeto arquitetônico e para isso o arquiteto considera as particularidades de cada ambiente, as atividades exercidas ali, sem se esquecer da incidência da luz natural. Depois desse levantamento, é hora de interpretar essas ideias e colocá-las na prancheta.

4. Quem contratar?

 

Em geral, um profissional formado em arquitetura ou em engenharia, com competências técnicas que envolvem questões arquitetônicas, elétricas e humanas. O mais comum hoje é intitular essa pessoa de lighting designer, ou simplesmente arquiteto especializado em iluminação.

Continua após a publicidade

5. O projeto luminotécnico pode ser feito pelo mesmo arquiteto que está projetando a casa?

 

É preciso consultá-lo para saber se ele está disposto a assumir também o projeto luminotécnico. Se a ideia é fazer algo mais elaborado, ele pode contar com a consultoria de profissionais especializados, que dimensionam a captação e o controle da claridade e determinam os pontos e tipos de iluminação artificial adequados.

6. Como dimensionar a elétrica da casa pensando no projeto luminotécnico?

 

Ele deve ser feito antes, pois traz as especificações de lâmpadas (tipo, potência e voltagem), transformadores e reatores. Com base nessas informações, elabora-se o sistema elétrico. Numa reforma, para evitar sobrecarga, um técnico avalia a construção e identifica qual carga há disponível e de quantas luminárias poderá dispor. Ele ainda orienta sobre como reforçar a instalação elétrica e minimizar as cargas para adequar a infraestrutura existente.

Continua após a publicidade
Para que o corredor não ficasse monótono, o arquiteto paulista Ricardo Cami...

7. O que fazer em caso de reforma?

 

Também deve ser logo no começo, pois o processo é similar ao de uma construção. Mas há uma diferença: quando se projeta uma casa, você pode escolher o local de execução. Numa reforma há limitações, as intervenções são realizadas se possível, porque o local possui algumas condicionantes de estrutura, hidráulica e elétrica. O arquiteto ou engenheiro da obra terá de avaliar o que já existe e o que poderá ser feito naquelas condições.

Quatro plafonds embutidos no teto, com lâmpadas halopin e vidro opalino, cui...

8. Quais as consequências de fazer o projeto luminotécnico com a casa pronta?

Quanto mais tarde realizá-lo, mais trabalhoso e caro ele se tornará. Isso porque muitas vezes será necessário quebrar o que foi construído ou executar adaptações trabalhosas e custosas. Além disso, com a casa finalizada, restringem-se as opções de soluções integradas com a arquitetura. Nesse caso, o mais comum é optar por recursos simples e convencionais, como a colocação de spots e arandelas, que não acarretarão mudanças maiores.

Continua após a publicidade

9. Quando devo pensar na automação?

É um recurso prático quando se quer criar cenas com iluminações diversas em um mesmo ambiente. Mas deve ser planejada junto do projeto de luminotécnica. Com ela, você consegue programar a iluminação do lustre da mesa com 50% de luz, do spot com 70% e do abajur com 40%, por exemplo. Na cena 2, o lustre pode ter 100% e o abajur ficar apagado. Assim, estabelece diferentes tipos de luminosidade para cada situação.

10. Existem outros benefícios?

Sim. A automação aumenta a durabilidade das lâmpadas e reduz a conta de energia elétrica, com o uso racional do sistema. Também há versões mais sofisticadas, com comandos para controlar áudio, cortinas e até ligar a banheira.

11. Como instalar o sistema?

Continua após a publicidade

Basicamente é um interruptor um pouco maior que o comum. Trata-se de um processador eletrônico com memória, que possibilita programar de quatro a seis tipos de iluminação. Isso simplifica muito o processo, porque, em vez de haver seis dimmers na parede, você inclui apenas esse interruptor inteligente no lugar do convencional. Ele é acionado por controle remoto ou pelo celular (via internet).

12. Quantos pontos de luz são necessários para cada espaço?

Alguns aspectos devem ser considerados, tais como o tamanho do ambiente, o pé-direito, as cores que predominam no local (do acabamento e dos móveis), a maneira como o espaço é utilizado (por exemplo, para leitura ou para assistir televisão) e o modo de vida dos moradores. Para cumprir esse dimensionamento, o arquiteto ou luminotécnico pode lançar mão de programas de computação específicos e regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que indicam a quantidade recomendada aos tipos diferentes de tarefas.

13. Quais os principais erros?

Há dois equívocos muito comuns: encher o teto de spots, deixando a superfície cheia de “furinhos”, ou iluminar excessivamente o local, o que normalmente resultará em mais sombra e pouco conforto visual. A regra básica, que geralmente funciona, é usar uma luz geral fraca e complementar com luminárias direcionáveis para destacar os objetos que se deseja

14. Quando uma iluminação pode ser considerada adequada?

Ela é boa se atende principalmente a três elementos: eficiência (que gere visibilidade suficiente), praticidade funcional (manutenção simples, que não esquente o local) e prazer sensorial (o conjunto resulte em boa estética e conforto visual).

15. De que forma a luz interfere na maneira como enxergamos os objetos e os ambientes?

Ela pode alterar a nossa percepção de formas, cores, brilho, volumetria, sombras, contornos (enfatizados ou não). A luz também tem influências na fisiologia e na psicologia humana.

16. Qual a influência exercida na fisiologia humana?

Sabe-se que as células dos olhos têm glândulas que percebem a cor da luz e que isso mexe com o metabolismo. Por exemplo, a luz azulada – que lembra a iluminação matinal – é estimulante, nos acorda. Já a amarelada/alaranjada – que remete ao pôr do sol – sinaliza o fim do dia, portanto é mais aconchegante e relaxante.

17. Que recursos são possíveis para iluminar um ambiente?

Há os convencionais, como spots, arandelas, lustres, pendentes, sancas e rasgos. Pode-se também colocar projetores embutidos no piso, que jogam luz para o teto e “lavam” a parede de baixo para cima. Outras opções são: embutir pontos de luz em móveis e escolher luminárias discretas para destacar quadros ou criar nichos na parede com iluminação (onde se pode colocar uma peça decorativa). Com os leds e a miniaturização das lâmpadas, há uma infinidade de opções. No lavabo assinado pelo arquiteto Ricardo Miura e pela designer Carla Yassuda...

18. Como harmonizar o uso desses recursos em um mesmo ambiente?

Cada um deles tem sua função. De forma geral, spots no teto são instalados para destacar quadros ou objetos decorativos. Algumas arandelas são focadas para cima, tornando o teto um refletor de luz. Outras luminárias podem ser direcionadas para forros ou paredes, com o intuito de evidenciar o revestimento do ambiente ou mesmo para conquistar efeitos cênicos decorativos, como ressaltar uma parte da casa. Pé-direito duplo (5,50 m) e áreas integradas. Neste living, a designer de i...

19. O que fazer em áreas integradas?

Primeiro, tenha claro que atividades serão realizadas em cada espaço. O ideal é optar por uma iluminação versátil, com circuitos independentes que possibilitem criar diversos cenários de acordo com o uso de cada cômodo da casa. Exemplo: enquanto a cozinha tem mais claridade, a sala de TV pede menos luz e requer focos mais indiretos. O desafio, neste caso, é elaborar sistemas para iluminar separadamente e dispor de um circuito quando se deseja uniformizá-los e desfrutar dos ambientes ao mesmo tempo.

20. Quais as dicas para áreas com pé-direito alto?

Há lâmpadas específicas para isso, com ciclo de vida longo, já que a manutenção nesses lugares é mais difícil. Se o intuito é destacar a altura, convém iluminar o teto com luzes diretas, ideais para essa finalidade. Uma sugestão é adotar arandelas no meio da parede para tornar o cômodo mais aconchegante.

21. Que recursos adotar em um escritório em casa?

Quando o objetivo é estimular a concentração e ter luminosidade suficiente para o trabalho, prefira uma luz fria geral com lâmpadas fluorescentes. Também vale acrescentar uma luminária de mesa. Para que o ambiente não fique demasiadamente duro, é interessante incluir dicroicas em alguns pontos para aquecer o local e torná-lo mais agradável.

22. As lâmpadas fluorescentes são desaconselháveis em áreas sociais?

Mesmo as versões com luz amarelada, mais aconchegantes, possuem baixa qualidade de cor e sombra. Elas alteram os tons naturais dos objetos e, por não resultarem em muita sombra, prejudicam a noção de profundidade e volume das peças. Além disso, as fluorescentes contêm substâncias como mercúrio, nocivo ao ser humano. Se forem lançadas em aterros, contaminam o solo e, mais tarde, os lençóis freáticos, chegando à cadeia alimentar. Porém, elas têm baixo consumo de energia, boa durabilidade e preço acessível.

23. Por que as incandescentes continuam sendo as mais adotadas?

Elas reúnem qualidades atraentes para o consumidor final, como baixo custo, facilidade de instalação e boa qualidade de sombra (valoriza a volumetria). Mas apresentam curta durabilidade, alto consumo de energia e pouca diversidade em tamanhos e modelos.

24. Onde usar lâmpadas halógenas?

São mais indicadas quando se quer excelente qualidade de luz e sombra, pois valorizam o que está sob elas, como os objetos numa sala. Contudo, deve-se considerar que essa opção aquece o local e é mais recomendada a pequenos espaços. Se a intenção for iluminar uma área grande, você precisará de muitas unidades, tornando altos os gastos com lâmpadas e energia elétrica.

25. Os tons dos acabamentos interferem na sensação de luminosidade?

Acabamentos claros e brilhantes refletem luz e fazem a área parecer ainda mais iluminada. É o caso, por exemplo, de uma sala com piso de porcelanato creme ou areia. Já os materiais escuros e opacos concentram luz e não propagam a claridade. Em ambientes com esse tipo de acabamento, mesmo aumentando os pontos de luz, dificilmente se conseguirá a sensação de intensa luminosidade.

26. Como usar cor na iluminação?

É possível adotar lâmpadas coloridas, leds ou dispor de gelatinas (folhas de plástico que lembram o celofane), que podem ser colocadas sobre um refletor ou enroladas em lâmpadas fluorescentes. Mas é preciso pesquisar antes de usar esse recurso e contar com uma consultoria técnica. O tom da lâmpada interfere na percepção de claridade de um ambiente.

27. Que cuidados tomar em áreas externas?

O importante é dispor de produtos com proteção contra chuva e outros agentes externos. E mais: saber qual a função do espaço antes de distribuir as luzes. Algumas áreas são para circulação, outras, para convivência, e a iluminação deve ser diferenciada e apropriada para cada atividade. Saiba que equipamentos de iluminação – como holofotes – cumprem bem seu papel em um jardim à noite, mas de dia podem agredir visualmente o paisagismo.

28. Que soluções atendem à piscina?

O mais seguro é escolher lâmpadas de baixa voltagem, de 12 v, para não haver riscos de choques elétricos. Hoje existem vários sistemas, a exemplo da fibra óptica, capaz de conduzir a luz para dentro da piscina, e do led, de baixo consumo e alto ciclo de vida. Ambos proporcionam várias cores – você não só ilumina como também modifica a coloração da água.

Embutidos na mureta, os três balizadores com refletor interno assimétrico f...
Publicidade