Centro: região de contrastes
As diferenças estão evidentes nas edificações, no desenvolvimento urbano, nas atividades econômicas e, também, no perfil dos moradores
No chamado Centro Histórico, estão alguns do mais importantes pontos turísticos: o Mercado Público, a ponte Hercílio Luz, museus, igrejas e teatros. Essencialmente comercial, é uma área com vida intensa apenas nos horários e dias úteis. “Apesar da rede de infra-estrutura instalada e farto equipamento urbano, falta estruturação do transporte coletivo, o que gera um grande adensamento de veículos e espanta os moradores para outros bairros”, afirma Olavo Kucker, diretor de Meio Ambiente do Sinduscon da Grande Florianópolis.
Já a Beira-Mar Norte, oficialmente a avenida Rubens de Arruda Ramos, apresenta outra realidade com prédios residenciais que valem pequenas fortunas. Nessa porção nobre de Florianópolis, de acesso às universidades e aos bairros das regiões leste e norte da ilha, a valorização imobiliária chega a 20% entre a planta e a entrega do imóvel. “É o que há de melhor na cidade: apartamentos de alto padrão para um público formado, inclusive, por estrangeiros”, explica Rubens Araújo, gerente comercial da imobiliária Carmela, uma das mais tradicionais da cidade.
O Centro marca o início da história de Florianópolis. Foi ali que, em 1675, o bandeirante paulista Francisco Dias Velho deu início ao povoamento da então chamada Vila de Nossa Senhora do Desterro. Navios mercantes passaram a ancorar na ilha e a população não tardou a crescer. Milhares de açorianos desembarcaram na região, fixando moradia no entorno. Somente com a inauguração da Ponte Hercílio Luz, em 1926, o bairro desenvolveu-se em sua totalidade, já que, até então, o acesso se dava apenas por mar. Desativada desde 1991, a ponte é hoje o principal cartão postal de Florianópolis e passa por reformas. O crescimento da população exigiu grandes obras de infra-estrutura, como a construção das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos, inauguradas em 1975 e 1990, respectivamente, e o aterro da Baía Sul, afastando o mar do prédio do Mercado Público. Nesta nova área foram erguidos um centro de convenções, terminais urbanos e um elevado, de acesso ao Sul da Ilha.
Positivos
Localização central
Comércio forte e diversificado
Bela vista da orla
Negativos
Fluxo rápido e intenso de veículos
Congestionamentos
Poucas áreas de lazer
Transformação radical
Zilma Bittencourt, de 70 anos, sempre morou no bairro e lembra com saudades da infância na rua Bocaiúva, quando tinha a praia como quintal de casa. “Era uma maravilha. Papai tinha um barco e nos levava para passear”, conta.¿ Casada, mudou-se há três décadas para onde é hoje a Avenida Beira-Mar, e acompanhou a transformação da região. “O trânsito era terrível, intenso. Demorava 20 minutos para conseguir sair com o carro daqui”, diz dona Zilma. Com a construção da avenida, sobre um aterro de quase 40 metros de praia, as vias marginais facilitaram a vida dos moradores. O fluxo de veículos, porém, é cada vez mais intenso. “Já aprendi a conviver com o barulho. Eu adoro a paisagem e adoro viver aqui. Não me acostumaria em outro lugar”, sintetiza.
O Centro tem em torno de 42 mil moradores e uma população flutuante que triplica nos dias comerciais. São os trabalhadores das lojas, hotéis e restaurantes estabelecidos na região. Quem mora na área mais popular do Centro beneficia-se com alugueis mais baratos. A maioria é de casais sem filhos, jovens solteiros ou estudantes, que precisam estar próximos ao trabalho e às faculdades. A falta de segurança, principalmente à noite, quando o comércio fecha, e os congestionamentos espantam quem prioriza qualidade de vida. Já na outra ponta do bairro, nas imediações da Avenida Beira-Mar Norte, a qualidade de vida é o grande atrativo. A proximidade com o mar, a facilidade de acesso, o shopping e os diversos colégios da região, atraem famílias de maior poder aquisitivo, inclusive de estrangeiros. ¿