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Páscoa, o dia da alegria

Confira os símbolos da data que celebra a renovação da vida. A Páscoa é uma época de esplendor em muitas religiões e tradições.

Por Texto: Liane Alves
Atualizado em 22 nov 2022, 11h03 - Publicado em 26 mar 2013, 16h49

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É uma época feliz de encontro e celebração. Para os cristãos, significa a vitória sobre a morte e o contentamento pela ressurreição de Cristo. Para os judeus, a libertação da escravidão no Egito. Outros povos antigos comemoravam a volta da fertilidade aos campos e dançavam com música e vinho. Festiva, a Páscoa nos lembra o início de um novo ciclo.

Como você costuma passar a Páscoa? Se viaja ou fica em casa, não importa: vale comemorar. De preferência, ao lado dos queridos, em uma mesa farta e um bom vinho. “A Páscoa é celebração, é quando compartilhamos a felicidade que vem do coração”, diz o padre José Dias Goulart. É uma época de esplendor em muitas religiões e tradições. “É quando, durante a liturgia da Igreja Católica, mais se repete ‘aleluia!’, que quer dizer: ‘Louvai a Deus com Alegria!’”, conta o padre José.

Esse contentamento toca o espírito, mas também o corpo, mesmo na tradição católica. “Jesus quando institui a Eucaristia, na Quinta-Feira Santa, comemorava a Páscoa judaica. Ele era um homem que gostava de compartilhar. Apreciava comer com os amigos e seu primeiro milagre foi transformar água em vinho”, continua o sacerdote. “Não se esquecia de sua dimensão humana. Podia falar de coisas tão poéticas como ‘Olhai os lírios do campo, que não tecem nem fiam’, mas perguntava aos apóstolos: ‘Essa multidão que veio para me ouvir tem o que comer?’ Ao saber que quem o ouvia podia passar fome, ele fez milagres como o da multiplicação dos pães e dos peixes. Queria a alegria do espírito, mas contemplava as necessidades do corpo”, diz o padre José.

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Então, esse momento de júbilo para a alma também pede regozijo no corpo. Nas festas dos povos do Mediterrâneo, por exemplo, que nascem em uma cultura cheia de vida e alegria, a Páscoa é comemorada com o melhor vinho e os melhores pratos, distribuídos em mesas longas, onde se juntam a família, amigos, inimigos, conhecidos e mesmo desconhecidos. “Jesus consagrou o pão e repartiu. Compartilhar com júbilo é a essência da Páscoa. E podemos fazer isso também com quem não tem o que comer”, diz o sacerdote. “Que tal ajudar uma pessoa durante a Páscoa com alimentos, além de fazer sua própria festa, ou convidar para nossa mesa alguém que precise?”, sugere.

O corpo pode ser visto como um território sagrado. “É um santuário em que a sabedoria divina se torna visível. A sabedoria judaico-cristã ajuda a viver o corpo como um templo, em que pesem todos os equívocos castradores que a história ocidental e oriental proferiu (e ainda profere) sobre o corpo”, escreveu Evaristo Eduardo de Miranda em seu livro Corpo, Território do Sagrado. “O corpo humano possui uma estrutura e uma unidade que vão além da própria matéria”, diz ele. Isto é, na celebração da alma, o corpo deve comemorar junto.

A festa pascal no calendário cristão acontece depois de um período de 40 dias de reflexão, a Quaresma. Talvez por isso ganhe mais sabor. “A Quaresma é um período propício para o balanço de vida e a redefinição de caminhos. Marca o início de um novo ciclo”, afirma o sacerdote.

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É o que vai fazer a dentista Ana Helena Voight. “Já marquei no calendário com um círculo vermelho o domingo de Páscoa. Será o início de mudanças e tudo o que inicia com força e alegria tem mais chances de dar certo”, diz ela, que começa a encaixotar suas coisas no domingo de Páscoa para trocar de apartamento. “Depois da missa, ainda planejei um almoço/mudança com os amigos que vão vir me ajudar”, conta ela, feliz da vida.

Os astros protegem

Segundo a astrologia, entramos no signo de Áries – um bom momento para novos projetos. “Essa influência é mais ou menos forte de acordo com o mapa astral de cada um, mas pode se dizer que Áries traz o impulso e a força necessários para o recomeço”, diz a astróloga paulista Leila Peixoto.

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De acordo com a astrologia cabalística, o mês de nissan (correspondente ao signo de Áries) traz a força do nascimento. “A palavra nissan vem de ness, ‘milagre’. Essa é uma época em que coisas extraordinárias podem acontecer”, escreve o rabino Philip S. Berg no livro Astrologia Cabalística. Os relatos bíblicos contam que nesse mês o mar Vermelho se abriu para os judeus fugirem do Egito e foi quando o jovem David derrotou numa luta o gigante Golias e se tornou o rei de Israel.

O mês de nissan, para os judeus cabalistas, nos conecta com uma energia milagrosa, que ajuda a compreender nossas limitações. No caso de David, ele teve de enfrentar seus limites (era muito mais fraco do que Golias) para lutar em nome de seu povo. Ele enfrentou o gigante não por motivos egoístas, para receber todas as glórias e se tornar rei, mas para livrar os judeus de um tirano. “Ele tinha superado o aspecto autocentrado de sua personalidade. Já tinha derrotado um gigante espiritual dentro de si mesmo, o egoísmo, antes mesmo de começar a batalha física. Depois disso, derrubar Golias foi fácil”, escreveu o rabino Berg.

Essa energia impetuosa e vibrante é simbolizada pelo carneiro, que se arremete contra os obstáculos. Por ser agressiva, é preciso contrabalançá-la com o equilíbrio e a doçura.

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Os símbolos da Páscoa

• Círio Pascal

A missa de Páscoa é um dos rituais mais bonitos da Igreja Católica e ainda é comemorada da forma tradicional em muitas igrejas. Na noite de sábado de Aleluia, os fiéis se reúnem no templo às escuras, simbolizando a morte de Cristo, que mergulha no mundo nas trevas. Do lado de fora, o sacerdote acende o fogo sagrado e dele surge o Círio Pascal, uma vela marcada com as letras alfa e ômega, a primeira e a última letra do alfabeto grego, revelando Cristo como o começo de uma nova vida, cheia da graça divina, e o fim de outra, a do sofrimento e pecado. Nas missas que têm canto gregoriano, como as realizadas pelos monges beneditinos, o sacerdote leva o círio pela igreja entoando “Lumen Cristi!”, ou a Luz Cristo. No Círio Pascal são acesas as velas que os fiéis carregam. Durante a missa, o círio é mergulhado na água que será usada durante os batismos no restante do ano, tal a sua força de renovação e bênção, segundo acreditam os católicos. Antigamente, benzia-se também o sal – o símbolo da incorruptilidade da carne, pois era empregado para conservar alimentos –, também utilizado no batismo.

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• Cordeiro Pascal

No período em que ocorreram as sete pragas do Egito, enviadas por Deus para obrigar o faraó a libertar os judeus da escravidão, o sangue de cordeiro foi usado para marcar as portas onde havia filhos primogênitos dos hebreus, o sinal para que Deus poupasse a casa da morte das crianças. Conta o Antigo Testamento (ou Torá) que só as casas marcadas tiveram os primogênitos salvos. Pouco tempo depois, os escravos judeus foram libertados e fizeram uma festa com carne de cordeiro e ervas amargas, para lembrar o tempo da escravidão, e vinho doce, para comemorar o novo tempo de esperança. Os cordeiros também eram usados pelos judeus para fazer sacrifícios ao Senhor. Por isso, Jesus Cristo afirmou ser o Cordeiro de Deus, pois sacrificou a si mesmo para redimir os pecados do mundo. Em seu último significado, o cordeiro, ou o carneiro, é o símbolo do signo de Áries, indicando que o ano astrológico também se inicia nesse período. Os hebreus tinham um profundo conhecimento de astrologia, herdado dos babilônios, e sabiam que essa era a época indicada para iniciar uma nova vida.

• Coelho

Símbolo de fertilidade, está associado à primavera no Hemisfério Norte e às festas pagãs. A deusa Ostera, dos povos nórdicos, é representada com os cabelos longos cheios de flores e rodeada de coelhinhos. O animal indica que esta é uma época boa para começar todos os projetos do ano, com a garantia de uma boa colheita.

• Ovo

É uma herança de muitos povos. Os antigos chineses coloriam as cascas de ovo durante as festas da primavera e ovos eram dados de presente para comemorar um novo ciclo nos países escandinavos. O costume de esconder ovos de Páscoa no jardim para as crianças foi importado pelo Brasil da cultura anglo-saxônica. Os ovos passaram a ser de chocolate no século 18, possivelmente na Holanda, onde nasceu também a mágica mistura de cacau, leite e açúcar. O Brasil é o segundo consumidor de ovos de chocolate de todo o mundo, com 160 milhões deles vendidos por ano.

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