Continua após publicidade

Exposição na Japan House apresenta cultura japonesa com brinquedos

Confira a entrevista com a Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House, e curadora da exposição Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses

Por Ana Harada
Atualizado em 3 jul 2023, 13h16 - Publicado em 3 jul 2023, 13h00
Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.
Hoippuru. (Wagner Romano/Japan House)
Continua após publicidade

Seja pela nostalgia ou saudosismo e mesmo não sendo criança, o encantamento com os brinquedos é algo que quase todo mundo tem. A nova exposição da Japan House  “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses” explora temáticas sociais e históricas por meio de uma timeline com 126 brinquedos, alguns populares, outros menos conhecidos. A exposição, que acontece de 27 de junho a 12 de novembro, com entrada gratuita, conta com o apoio da revista “ToyJournal”, publicada pela Associação Cooperativa de Brinquedos e Bonecas de Tóquio.

Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.
(Wagner Romano/Japan House)

Dentre os destaques estão os clássicos bonecos do “Ultraman” – série de sucesso dos anos 1970 e 1980, considerada uma das mais representativas do Japão e segue sendo transmitida na TV desde 1966; versões atuais dos bichinhos virtuais “Tamagotchi” (1996), inclusive algumas mais recentes com design que lembra os smartwatches; e kits da personagem Hello Kitty (1974). A mostra traz também alguns itens tradicionais que fazem parte do acervo do Consulado Geral do Japão em São Paulo, como o kendama (bilboquê), beigoma (pião) e o taketombo (hélice voadora).

Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.
(Wagner Romano/Japan House)

Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House, e curadora da exposição, contou um pouco sobre o projeto expográfico e sobre o que os visitantes podem refletir sobre ao longo da exposição:

Você poderia contar um pouco sobre como surgiu a ideia de fazer uma exposição com brinquedos?

Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.

A ideia dessa exposição foi seguindo um pouco da lógica de considerar que a arte é uma forma de aproximação e de reconhecimento de uma outra cultura, por ser uma linguagem universal. Considerando crianças, a ferramenta mais adequada para isso seriam os brinquedos. Dessa forma, entendemos que por meio dos brinquedos, poderíamos criar uma certa conexão entre as crianças brasileiras e japonesas.

Continua após a publicidade

O que os brinquedos e o brincar japoneses mostram sobre a cultura nipônica? Você nota alguma diferença com os brinquedos e o brincar brasileiros?

Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.

Na realidade nós percebemos que muitos dos brinquedos são, na verdade, universais, e isso é um dos aspectos mais bacanas da exposição, essa percepção do quanto o brincar atravessa as culturas.

Mas pensando em algumas questões mais peculiares do brincar do Japão, eu achei especialmente curioso ver a quantidade de brinquedos que lidam com montagens muito finas e delicadas, com pecinhas pequenas e que requerem um cuidado minucioso.

Sem dúvidas as crianças ficarão encantadas e interessadas no aspecto lúdico dos brinquedos, mas quais tipos de reflexões a exposição pretende despertar nos adultos?

Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.
Conjunto de Veículos de Emergência. (Wagner Romano/Japan House)

Acredito que a primeira percepção seja sobre a evolução dos brinquedos em relação ao material, linhas, cores, acabamentos, etc., mas, que de alguma forma, eles já existiam. Nós inclusive iniciamos a exposição com uma parede que traz brinquedos tradicionais japoneses, e que são feitos de lata, madeira, bambu, entre outros materiais. Nós temos, por exemplo, peões de madeira nesta parede, e depois apresentamos o “Beyblade”, que inclusive é uma febre aqui no Brasil, e que nada mais é do que um peão superdesenvolvido e com uma construção mais sofisticada.

Continua após a publicidade

Crianças e adultos terão o momento de reconhecer brinquedos que fazem ou fizeram parte da própria infância, então muitos adultos vão sentir uma certa nostalgia e vão perceber essa conexão com as crianças japonesas.

Outro ponto muito interessante é que o público vai descobrir alguns elementos que são típicos da cultura japonesa. Nós selecionamos, por exemplo, alguns brinquedos que são ambientados em cenários tipicamente japonês, como um brinquedo de panelinha e comidinhas, em que as comidas são todas típicas japonesas como o oniguiri, e a panela representa a panela elétrica de arroz, então de alguma forma tudo isso é uma descoberta interessante para crianças brasileiras.

Outro ponto que me chama atenção e que vale ser reforçado, é a percepção de que apenas 5% da exposição, ou até um pouco menos que isso, são brinquedos eletrônicos. Então é bem interessante essa percepção de que os brinquedos que não são eletrônicos são os que mais desenvolvem as crianças. Nós sabemos que a partir de diversos estudos e especialistas, a socialização é uma etapa importante para as crianças desenvolverem habilidades motoras, criatividade, entre outros aprendizados, e é bacana perceber que isso ainda faz parte do dia a dia das crianças japonesas também. Por isso, acredito que todos nós precisamos reforçar a importância desses brinquedos não eletrônicos.

São muitos os brinquedos e personagens célebres originários do Japão, como foi o processo ou critério de seleção para as peças escolhidas para a exposição?

Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.
Sylvanian Families: Castelo das Sereias. (Wagner Romano/Japan House)

Nós selecionamos apenas brinquedos atuais para essa exposição, são itens que podemos encontrar em lojas e casas japonesas. A partir desse critério, a seleção foi muito voltada para brinquedos que já existem no Brasil, e que a gente sabia que seriam ganchos de conexão e identificação por parte das crianças brasileiras, ou que fizeram parte da infância das outras gerações.

Continua após a publicidade

Eu gosto de citar o “pula-pirata” como um deles, assim como a “lousa mágica”, que são brinquedos que fizeram parte da infância de quem tem hoje entre trinta e quarenta anos. Também temos alguns exemplos de brinquedos mais inusitados, seja pelo personagem, pela forma, ou pelos elementos que eu mencionei, de características típicas japonesas. Temos também uma sessão grande de carrinhos, que é bem interessante, assim como uma estação de bombeiros que segue a linha estética japonesa. Outro destaque são os brinquedos para bebês envolvidos a partir de um material feito com arroz, portanto não são tóxicos.

De forma geral, a seleção foi muito em função do que a gente acredita que terá maior ressonância com o público local.

Você tem algum destaque dentre os brinquedos históricos?

O “pula-pirata” foi uma grande revelação, porque nunca imaginei que ele fosse japonês. Ele fez parte da minha infância, assim como a lousa mágica. Já dos mais atuais, e que meus filhos brincam, tem o Sylvanian Families e até o próprio Beyblade, que não imaginávamos que fossem japoneses.

Você tem algum item preferido dentre os brinquedos expostos?

Exposição “Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses”.
ChoroQ. (Wagner Romano/Japan House)

Estou fascinada pelos carrinhos ChoroQ, eles são superdivertidos e bem fora do comum. São carrinhos de fricção com diversas “modalidades”, se você puxa uma vez para trás ele vai reto, se você puxa duas ele vai reto e faz uma curva, se puxa três vezes ele faz tudo de ré, e se você colocar uma moedinha encaixada ele faz tudo isso empinando!

Continua após a publicidade

Serviço Dōshin: os encantos dos brinquedos japoneses

Onde

Av. Paulista, 52 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01310-900

de terça à domingo, das 10h às 18h

Quando

de 27 de junho a 12 de novembro.

Ingressos

Entrada gratuita

 

Publicidade