Duas Crônicas: A CASA recebe mostra inspirada na ancestralidade indígena
"Duas Crônicas" apresenta intersecções dos trabalhos distintos da artista Maria Fernanda Paes de Barros e do fotógrafo Marcelo Oséas
Fazendo jus ao seu foco na produção cultural brasileira e contribuindo para o reconhecimento, valorização e desenvolvimento da produção artesanal ou semi-artesanal, o museu A CASA receberá, em outubro, trabalhos inspirados na cultura indígena.
Com a união de duas temáticas de etnias diferentes e trabalhos que remetem à identidade dessas comunidades, artista Maria Fernanda Paes de Barros e o fotógrafo Marcelo Oséas apresentam a exposição conjunta “Duas Crônicas“.
Farinhada.Após uma exposição independente de grande sucesso em março, Oséas traz uma nova apresentação de sua série fotográfica “Uma Crônica Munduruku”, fruto de uma imersão na etnia amazônica que dá nome à série, localizada no baixo Tapajós.
As imagens rotineiras refletem o desejo da comunidade de fazer a manutenção do seu cotidiano, mesmo com o contato com a sociedade de consumo e as pressões do mercado de turismo e empreendimentos regionais.
Depois de um ano de pesquisa material e da vivência com a aldeia Munduruku, Marcelo produziu os retratos, realizados no plano digital da fotografia, impressos via Fine Art em P&B e colorizadas manualmente com pigmentos naturais coletados na região amazônica.
A série fotográfica, como resultado final, teve ainda a participação da comunidade na seleção e construção das fotografias.
Somando ao trabalho de Marcelo, Maria Fernanda apresenta “Kwasáwa | Borari”, propondo o resgate da ancestralidade indígena de um grupo de artesãs, no Pará, através da cerâmica e da palha.
Durante o desenvolvimento de um projeto na comunidade ribeirinha de Urucureá, a designer se surpreendeu com as poucas informações que as artesãs possuíam sobre seus ancestrais e sobre a origem da técnica do trançado de palha que utilizam no seu trabalho.
Essa ausência de conhecimento pode ser fruto de anos de intimidação sofridos pelos indígenas da região ou pelo fato de ter sido necessário optar por ser reconhecido como indígena ou população tradicional ribeirinha durante a demarcação de terras vários anos atrás, uma vez que cada opção dava direitos diferentes a seus integrantes.
O trabalho desenvolvido por Maria Fernanda, nesse sentido, recupera o valor das vidas e da importância de seus ancestrais através do artesanato tradicional da etnia Borari, quase inexistente nos dias de hoje: a cerâmica.
O resultado foi o projeto Kwasáwa (que significa “conhecimento”, na língua indígena Nheengatu). Ele é uma releitura na palha das formas moldadas no barro. Cada peça tem um formato e cada artesã produziu uma peça, em uma forma de homenagem à etnia Borari e as suas próprias etnias – sejam elas quais forem.
Distintos, mas com diversas intersecções, os dois trabalhos dão vida à exposição “Duas Crônicas”, em que serão expostas 10 fotografias colorizadas manualmente por Marcelo Oséas e sete pares de vasos, panelas Borari e cestos produzidos pela comunidade de Urucureá.
As peças estarão à venda e existe também a contrapartida social, onde parte da renda será revertida para dar continuidade à construção da escola de cultura e medicina Munduruku.
Exposição Duas Crônicas
Data: de 1 a 18 de outubro
Onde: Museu A CASA
Endereço: Avenida Pedroso de Morais, 1216/1234, São Paulo
Horário: Terça a Domingo das 10h às 18h30
Entrada: gratuita
Estacionamento: gratuito com vagas limitadas
Acesso e estacionamento especial para deficiente
Visita monitorada