Prédio abandonado se transforma em coworking com floresta privativa
A equipe do Laurent Troost Architectures buscou homenagear a vegetação que cresceu nos períodos de abandono do local
Os espaços de trabalho são circundados por uma mini selva neste edifício 125 anos localizado em Manaus, que foi cuidadosamente revitalizado pelo estúdio de design Laurent Troost Architectures.
Batizado de Cassina Innovation House, o projeto previa o reaproveitamento adaptativo de uma estrutura histórica deteriorada da capital amazonense. O prédio, que pertence a Manaus, agora funciona como um coworking em um distrito digital emergente na cidade.
A história do prédio é interessante: sua estrutura original foi construída no final da década de 1890 para abrigar o luxuoso Hotel Cassina. Depois que uma crise financeira devastou a região, o prédio se tornou um local de jogo e prostituição chamado Cabaré Chinelo.
Tudo fechou por volta de 1960 e o local começou a se deteriorar. Ao longo das décadas, o interior desmoronou e a vegetação tomou conta do edifício, resultando em uma imagem visual marcante que o arquiteto quis homenagear de alguma forma.
“A beleza da imperfeição da ruína suscita interesse e questionamentos e convida à reflexão sobre o passado e a ação do tempo e do homem na cidade – e sobre os edifícios históricos em geral”, disse Troost.
A equipe de arquitetos então optou por preservar as paredes exteriores de tijolo do edifício, junto com as restantes paredes de fundação em pedra. O interior, por sua vez, foi reconstruído a partir de um sistema de aço pré-fabricado e um volume envidraçado no topo da cobertura.
O prédio agora totaliza 1.586 metros quadrados distribuídos em quatro andares. As fachadas foram limpas e foi tomado muito cuidado para preservar os elementos originais, como um gesso feito de pigmento de pó de arenito vermelho. Na elevação oriental, novos dispositivos de sombreamento ajudam a mitigar o ganho de calor solar.
“A fachada leste, atingida pelo sol nascente, recebeu molduras contemporâneas com aletas de vidro temperado para criar uma fachada ventilada de dupla camada, que mantém o calor do lado de fora”, disse o estúdio.
Basicamente, foi construída uma torre quadrada com quatro novas colunas. “As vigas perimetrais de nossa estrutura nos permitiram ancorar as fachadas existentes para evitar o desabamento para a rua”, disse Troost à Dezeen.
O sistema de metal foi pré-fabricado fora do local, o que acelerou o cronograma do projeto. Além disso, o número de operários da construção foi reduzido, o que ajudou no distanciamento social – um fator importante, visto que Manaus foi duramente atingida pelo coronavírus.
Um jardim tropical foi plantado em um espaço de altura tripla logo após a porta da frente. “O prédio abriga um jardim exuberante atrás da fachada principal, criando seu próprio microclima”, disse a equipe. Uma passarela atravessa o vazio sobre a vegetação, lembrando uma dos principais elementos de Manaus: a floresta amazônica.
Próximos às escadas ficam as salas com paredes envidraçadas que proporcionam vistas para o jardim interior. Uma variedade de espaços flexíveis podem ser encontrados dentro do edifício, incluindo zonas de trabalho, salas de reuniões e áreas de treinamento.
Na cobertura, há um restaurante com vista panorâmica do centro histórico da cidade e do Rio Negro. Grandes beirais do telhado revestidos de madeira ipê ajudam a sombrear a estrutura.
Segundo a equipe de arquitetos, o projeto do prédio permite o distanciamento físico e a circulação de ar fresco, o que continuará sendo uma consideração importante em nosso mundo pós-pandemia.
* Via Dezeen