Continua após publicidade

Refúgio nas alturas

A escolha de materiais econômicos e um projeto que aproveita o espaço garantem a esta construção, erguida no alto da serra da Mantiqueira, o conforto necessário para receber os donos e seus amigos nos fins de semana.

Por Da redação
Atualizado em 21 dez 2016, 17h01 - Publicado em 14 set 2007, 21h10
Um título para uma foto sem titulo

A pequena casa na montanha acolhe a natureza e deixa o sol entrar através de aberturas generosas espalhadas pelas quatro paredes. A luz da manhã invade a cozinha e a sala de estar pela bay window logo ao alvorecer. À tarde, ilumina o quarto principal. Fincada num terreno de 720 mil m², esta construção esbanja simplicidade e bom gosto por todos os ambientes. “Coloquei estética e preço na mesma balança”, brinca um dos proprietários, o arquiteto Carlos Verna, autor do projeto. Para baratear a obra, que durou cinco meses, ele investiu em materiais de segunda mão e privilegiou técnicas construtivas da região. As paredes receberam acabamento de uma mistura de cal, cimento e terra, aplicada para disfarçar as irregularidades no tamanho dos tijolos de demolição. Além disso, Carlos escolheu telhado de quatro águas, janelas com folhas de madeira produzidas em uma marcenaria local e piso de cimento queimado. Só usou madeira no chão do quarto térreo para garantir um clima mais acolhedor na hora de dormir. Mesmo assim, comprou angelim-pedra de uma demolição das redondezas. No forro e no piso do mezanino, o arquiteto preferiu o OSB, painel feito com sobras de pínus prensadas mais ecológico e mais barato do que outros compensados. “Cada real economizado garante o preço final da obra”, lembra. O projeto também tomou partido de linhas simples para não chamar a atenção. Afinal, preservar a segurança era essencial. O caminho íngreme até o topo, 2 km morro acima, reforçou essa idéia. “O acesso é difícil”, afirma. “Só um jipe com tração nas quatro rodas para subir até aqui.”

Um título para uma foto sem titulo

A janela de aço da cozinha veio de um velho galpão de fábrica e custou apenas R$ 300. “Se eu mandasse fazer, ultrapassaria os R$ 1 000”, aposta Carlos Verna, que desenhou a abertura em função do tamanho da peça. Ela teve a tinta antiga removida e recebeu pintura antiferrugem. Os armários também valorizam as aberturas de vidro.

Continua após a publicidade
Um título para uma foto sem titulo

A bancada da pia mistura aço inox e cimento queimado. Cortinas de algodão listrado fecham o armário escondido sob a bancada, revestido de caquinhos de cerâmica branca. No balcão, o pequeno fogão a gás veio de uma loja na Lapa, em São Paulo, e custou apenas R$ 10. Aqui, o escorredor de massa virou uma inusitada luminária.

Um título para uma foto sem titulo

Portas e janelas de madeira muiracatiara integram os 24,50 m² da sala/cozinha à paisagem e garantem ventilação e iluminação natural abundante. Luz artificial só à noite. Sob a bay window, com vidro fixo assentado no batente da porta, o banco feito com sobras de madeira. No piso, o cimento queimado permitiu economia de R$ 1 800 em relação a um revestimento de porcelanato.

Um título para uma foto sem titulo

O amplo mezanino de 21,30 m² acomoda um segundo quarto e mais dois colchões quando o número de hóspedes aumenta. O arquiteto gastou R$ 385 para colocar OSB, tratado com uma demão de selante, no piso e no forro. Se optasse por cedrinho misto, por exemplo, o valor subiria para R$ 1 092. A escolha barateou custos e, mesmo assim, garantiu aconchego ao espaço decorado apenas com cama e criados-mudos. As aberturas fixas, inspiradas em janelas de olaria, são protegidas pelo beiral do telhado e dão leveza à parede de tijolos.

Continua após a publicidade
Um título para uma foto sem titulo

No andar térreo, as janelas da casa deixam pés de limão e de laranja à mão. “Basta esticar o braço e colocar a fruta no espremedor”, conta Carlos Verna.

Um título para uma foto sem titulo

O pé-direito alto, de quase 5 m, amplia ainda mais o espaço que reúne sala e cozinha e propicia uma vista privilegiada do entorno, cercado por cachoeiras, horta e pomar. O duto de aço galvanizado da chaminé do fogão a lenha fica aparente na altura do mezanino para propagar o calor do fogo, artifício que garante temperatura amena nas madrugadas frias de inverno.

Um título para uma foto sem titulo

No lugar da tradicional lareira, o fogão a lenha separa cozinha e living no andar térreo. Atrás, a parede foi pintada de marrom para inibir reflexos no vidro da bay window e garantir a vista externa. O desenho da parede em S permite uma prateleira na sala e outra no banheiro.

Continua após a publicidade
Um título para uma foto sem titulo

Segredo do piso

No chão, com o contrapiso ainda úmido, foi aplicada uma nata de cimento misturado com Pó Xadrez (Lanxess) ocre e amarelo. Essa mistura foi “queimada” (movimentos circulares alisando a nata até ficar homogênea) com desempenadeira de aço. O piso ficou 20 dias secando e, durante esse período, foi constantemente umedecido para evitar fissuras. Depois, recebeu cera.

Continua após a publicidade

Veja o passo a passo da obra

Publicidade