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Na Bagagem: Barbara Heliodora

Aqui você lê, na íntegra, a entrevista da página 140 de Casa Claudia Luxo de outubro, com a escritora e tradutora Barbara Heliodora.

Por Por Simone Raitzik
Atualizado em 20 dez 2016, 22h24 - Publicado em 31 out 2007, 20h27

Veja também o site www.barbaraheliodora.com.br

Um título para uma foto sem titulo

É essencial levar na bagagem…

um caderninho com a lista de tudo aquilo que se tem absoluta certeza de não esquecer de ver ou procurar, e se esquece com igual certeza, sem a tal lista.

 

Trago sempre de viagem…

presentes para as minhas filhas, se possível típicos do lugar visitado.

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Um hotel inesquecível…

o velho Gotham, de Nova York, tradicional e com um serviço impecável.

 

Um restaurante delicioso…

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o “Manuel dos Ossos”, em Coimbra. Ali, Trazem logo uma grande travessa cheia das mais deliciosas costelas que se possa imaginar. E há vários pratos de carne, todos ótimos. O lugar é pequeno, são quatro ou cinco mesas, as paredes são cobertas de uma coleção das mais ecléticas, de cabeça de javali a cafeteiras etc. Há sempre uma fila na calçada esperando lugar, e por isso há também na parede um delicioso cartaz: “A digestão não é feita à mesa”.

 

A pechincha que comprei…

umas pequenas imagens chinesas antigas em Macau — ficam junto com outras em um armário da sala. Ali guardo também umas miniaturas de lápis-lazúli, que reproduzem deuseus egípcios. Trouxe as duas do Cairo e a menor é muito antiga, do século 6 a.C. O vendedor garantiu que o preço só era viável porque estava quebrada e tinha sido colada. Tenho também uma poncheira branca de opalina que comprei no Chile e depois, em Nova York, encontrei a concha azul que completava o conjunto. A maior sorte.

 

Um museu…

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afora o quarteto supremo (Britânico, Metropolitan, Louvre e Hermitage), o Museu de Artre Catalã em Barcelona.

 

Um segredo que poucos sabem…

a “pala d’oro” que fica atrás do altar-mor da Basílica de São Marcos em Veneza. É um presente dado por alguém importante a outro alguém importante (não me lembro quem): uma placa dourada horizontal de, digamos, 1,80 x 1 m, de ouro, coberta com dezenas de imagens de esmalte colorido, cada uma com sua moldura de ouro trabalhado, pérolas e pedras preciosas. Data do século 11 ou 12 mais ou menos.

 

Uma cidade que sonho conhecer…

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Petra, na Jordânia e Lalibela, na Etiópia (em matéria de sonhos impossíveis, este último é imbatível).

 

Lugares a que costumo ir com muita freqüência…

à Sainte Chapelle e ao Museu Cluny em Paris; as lojas Past Times e à livraria Hatchard’s, na Inglaterra. A minha Past Times preferida fica em Regent Street, mas há outras em Londres e já encontrei uma em Stratford-on Avon, todas vendendo réplicas perfeitas de objetos antigos, desde uma camisola até louças, chales e papéis de carta.

 

Uma casa tem que ter…

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além de tudo aquilo que todos esperam de uma casa, tem de ter muitos livros e um bom ambiente para bate-papos entre amigos. No meu escritório tenho as estantes abarrotadas, de um lado, com literatura inglesa e francesa; do outro, só Sheakespeare. Adoro também paredes repletas de fotos e quadros, em especial as gravuras de Anna Letycia, uma artista que admiro.

 

A lembrança mais bonita da sua vida…

talvez a festa das bodas de ouro de meus pais.

 

Uma palavra-chave…

Harmonia.

 

A melhor peça de Shakespeare…

Hamlet ou Rei Lear.

 

A melhor frase de Shakespeare…

“Estar pronto é tudo” (Hamlet, Ato V, cena II).

 

O maior equívoco de Sheakespeare…

a complicação do enredo de Cimbeline, que passa na Bretanha por volta do século 3 ou 4. O problema é ter três histórias diferentes a serem contadas e, com considerável dificuldade, interligadas.

 

Um autor contemporâneo…

Samuel Beckett e Harold Pinter.

 

O livro de cabeceira atual…

Le Chevalier de la Charrette, de Chrétien de Troyes

 

Um encontro muito importante…

Gerd Bornheim. Não falo aqui de apenas um encontro, mas sim do fato de ter tido a oportunidade de conhecer uma pessoa como o Gerd: um intelectual de primeira linha, grande professor, generoso com seu imenso conhecimento, íntegro como poucos, e realmente amigo.

 

Uma montagem inesquecível…

O Mambembe, do Teatro dos 7.

 

Um mestre…

Dorotht Bethurum Loomis, minha professora de Shakespeare e Chaucer. Ela era ótima shakespeareana e grande medievalista, e eu tive a sorte de ser sua aluna nessas cadeiras quando estudei no Connecticut College. Além de competente, era brilhante e tinha um delicioso senso de humor. Mesmo depois que me graduei continuamos a nos corresponder, ainda a visitei duas ou três vezes e mereci da parte dela uma honra incrível: ao morrer, deixou para mim, em seu testamento, seus livros sobre Shakespeare. Sendo que ela ensinou em Connecticut durante uns 30 anos, a honra da escolha não é pequena.

 

O que está faltando no nosso tempo…

equilíbrio e reflexão.

As imagens chinesas de Macau Pequenos tesouros que Barbara guarda junto ao maior de todos os tesouros: os ... A poncheira vinda do Chile com a concha encontrada em Nova York As peças de lápis-lazúli

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