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Karim Rashid: o príncipe do plástico quer conquistar o Brasil

Antes de deixar Nova York, o designer concedeu esta entrevista à editora Regina Galvão, de Casa Claudia.

Por Por Regina Galvão
Atualizado em 16 fev 2024, 11h21 - Publicado em 30 ago 2011, 18h16

Ele quer chamar a atenção da importância do design como diferencial competitivo para alcançar mercados internacionais. Interessado também em conquistar os corações dos consumidores brasileiros, Karim Rashid planeja desenhar mais produtos por aqui, além dos já lançados: sapato sensual para a Melissa, aspirador de pó para a Brastemp e luminária para a ViaLight.

Um título para uma foto sem titulo

1. Você afirma que o design pode mudar o mundo. Como seu design está mudando o mundo? Eu tenho isso como uma meta em minha vida e tento mudar o mundo em pequenas ações: a cada novo projeto, a cada palestra e a cada artigo que escrevo. É de responsabilidade do design moldar o novo cenário e, assim, fazer um mundo melhor. Nós tocamos 600 objetos por dia, em média. Isso dito, se você olhar o mudo ao seu redor, verá que estamos fadados a ter relações com essas coisas inanimadas: nossa cadeira favorita, a jóia de estimação, nosso celular, nosso automóvel. E isso é uma coisa bonita. É uma satisfação para o designer criar objetos e espaços que despertem algum sentimento nas pessoas. É um desafio muito grande projetar algo que, embora acessível a todos os consumidores, dê as pessoas algum sentido de experiência elevada ou prazer. Mas mais importante ainda é melhorar este mundo, torná-lo mais confortável, mais tecnológico, mais simples, mais fácil, mais experimental, mais poético, mais apaixonado, mais sustentável, contribuindo para a formação de um mundo sem fronteiras e mais humanizado.

 

2. A preocupação com a sustentabilidade é crescente entre os designers de produto. Como você lida com esse tema em seu trabalho? Fui criança nos anos 1960 e me recordo muito bem o Dia da Terra em 1971. Os hippies começaram a despertar nossa consciência sobre a Terra. Cresci no Canadá, onde a sustentabilidade é algo natural. Eu também fui educado em uma universidade na qual estudávamos tecnologias auto-sustentáveis ​​para habitação, o tempo cíclico dos produtos, questões ecológicas e as implicações com o ambiente construído. Quando eu trabalho com as empresas procuro investir em projetos sustentáveis. Recentemente participei como júri de um concurso para a concepção de um novo símbolo de reciclagem para a resina bioplástica. O símbolo de reciclagem padrão é tão icônico e onipresente. Nosso objetivo é ter um símbolo de reciclagem para a resina bioplástica amplamente utilizado. Estou trabalhando com a Cereplast, um grande fabricante de resinas de bio-plástico, para trabalhar plásticos renováveis ​​em nossos projetos e produtos de nossos clientes. Não há beleza sem saúde e o meio ambiente tem de permanecer saudável.

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3. Quando e por que você escolheu o plástico para desenvolver seus produtos?

Eu venho sendo chamado de príncipe do plástico (batizado assim pela revista norte-americana Time). Uso plástico em muitos dos meus projetos, porque é um material que tem propriedades fenomenais. É durável, maleável, reciclável, flexível, leve e acessível para produzir produtos democráticos. Plásticos possuem uma variedade de propriedades: podem ser a prova de bala, mas também completamente customizados. O plástico pode ter qualquer cor, qualquer acabamento, qualquer forma, tem infinitas possibilidades. Com as novas tecnologias, como a moldagem por injeção, posso criar formas orgânicas e sensuais e funções que nunca existiram.

 

4. Quais os projetos que você tem gasto seu tempo no momento?

Estou trabalhando atualmente em cerca de 40 projetos. Estou animado com um hotel em Bangkok, na Tailândia, com 600 quartos. É o meu maior projeto de interiores até agora. Estou fazendo também uma loja de departamento para crianças, em Moscou, uma clínica de cirurgia plástica, em Seul, um condomínio em Miami, hotéis econômicos na Alemanha, hotéis na Rússia e em Israel. Estou também trabalhando em um telefone celular, um laptop, uma garrafa de vodka, uma garrafa de água, perfumes, interiores de lojas, casas de banho, relógios, coleções de móveis e luminárias para dez empresas, utensílios de cozinha, uma linha de tapete, e muito mais.

 

5.Você tem vindo ao Brasil diversas vezes e criado produtos para ViaLight e Melissa…

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Sim, eu também trabalhei para Hope e outras empresas. Estive no Brasil mais de dez vezes em dez anos. Eu dei mais de dez palestras por aqui e tive uma retrospectiva sobre meu trabalho no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. É claro que eu gostaria de ser mais ativo no Brasil e estou me esforçando para mudar esse cenário.

 

6.Você tem algum projeto acontecendo agora no país?

Nós temos muito potencial no Brasil. Encontrei com muitas empresas brasileiras, mas tenho tido certa dificuldade de receber projetos delas. O Brasil tem uma longa tradição de desenhar somente para brasileiros. Eles estão agora começando a desenhar para o mundo. Melissa é um grande exemplo disso. Acho que o Brasil é um epicentro de cultura e arte e uma economia poderosa com necessidades de design, beleza e contemporaneidade. É tudo tão onipresente no Brasil! Eu acho que a cultura aqui é tão vibrante e positiva e otimista. E essa é atmosfera ideal para o design.

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7.Quais são suas fontes de pesquisa quando você inicia um novo projeto?

Penso, observo e projeto o tempo todo. Eu frequentemente desenho quando estou viajando, pois o avião oferece uma atmosfera ideal para a distração sem influências externas. As novas ideais fluem facilmente para mim. Tecnologia, formas orgânicas, cores emotivas e superfícies estimulantes influenciam meu design, pois quero que tudo seja sensual, inovador e bonito. Preencho livros de projetos semanalmente e trago esses desenhos para o estúdio. Minha equipe cria essas ideias em 3D, faz pesquisa com materiais, processos de produção e, então, nós refinamos os conceitos baseados em diversos critérios, seja de aspecto social, econômico ou tecnológico, até que minha ideia seja concebida.

 

8.Nomeie três coisas que fazem diferença na sua vida.

Trabalho (intelectual e colaborativo), paixão (amor e sexo) e música (imaterialidade e poesia).

Conheça também os ambientes planejados pelo designer ao redor do mundo.

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