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Gaetano Pesce projetou uma ponte para sua terra natal

O designer cria mais um de seus projetos arquitetônicos arrojados e cheios de significados – uma ponte sobre o estreito de Messina, que ligará a Sicília à Calábria.

Por Reportagem Viviane Freitas
Atualizado em 16 fev 2024, 11h21 - Publicado em 19 ago 2011, 18h00

Gaetano Pesce em uma de suas criações para a marca Cassina. Gaetano Pesce expressa a mesma ousadia e a mesma irreverência que o tornaram conhecido nos anos 1960. Tudo o que cria vai além da simples utilidade. Para ele, design e arquitetura são uma forma de manifestação social e devem refletir o novo, a surpresa e a alegria. Cores fortes, materiais inovadores e o apreço pelo figurativo são seus trunfos. Conheça também o projeto de revitalização do Complexo da Marina da Glória, assinado por Luis Eduardo Índio da Costa.

Por que o projeto faz referência à letra S? É uma ponte que desenhei há apenas dois meses como proposta para o estreito de Messina, que separa a Sicília da Calábria. Escolhi a forma da letra S por remeter à Sicília e porque, devido às curvas, ajudará a reduzir a velocidade na estrada. A sustentação será feita por 20 grandes pilares, representando as 20 regiões italianas. A parte superior dos pilares abrigará restaurantes, hotéis, estacionamentos e espaços culturais, cuja temática e cuja manutenção ficarão a cargo de cada região.

Desenho do novo projeto feito a lápis.

Será mais que uma ponte ligando dois lugares? Sim, quando terminada, poderá se transformar numa obra de arquitetura que faz um apanhado de todas as regiões da Itália. A intenção é atrair visitantes e contribuir para o turismo e a economia locais – baseados no transporte de balsas. A população local vem sofrendo com a falta de trabalho.

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Você não tem receio de abusar das cores, sempre vivas e presentes em suas peças. Como seria viver num mundo preto e branco?

Para sua terra natal, ele cria mais um de seus projetos arquitetônicos arrojados e cheios de significados – uma ponte sobre o estreito de Messina, que ligará a Sicília à Calábria. Seria impossível, porque sem cores não existe energia e sem energia tudo fica morto. O mundo é cheio de cores e luzes para serem exploradas e de novos materiais, que são sempre melhores que os velhos. Um exemplo é o vidro, que facilmente se quebra e se transforma em cacos. Prefiro um vaso feito com algo contemporâneo e elástico, como a resina ou o silicone, para perdurar. Essa é uma das vantagens de apostar no novo. Isso é progresso.

Infográfico ilustrativo do estreito de Messina. Villa Savoeye, de Le Corbusier, um exemplo da arquitetura modernista, hoje qu... O logotipo criado nos anos 1970 para promover o turismo na cidade de Nova Yor...

Como você consegue manter a descontração e a jovialidade características de suas obras?

Mantendo a curiosidade viva. Viajando bastante, o que faz com que minha mente continue revigorada, e trabalhando muito. Eu trabalho o tempo todo, mesmo quando estou parado minha mente continua criando.

Como analisa a arquitetura atual? A maioria dos arquitetos ainda está vivendo no passado. Eles usam uma velha geometria, uma velha estética, baseada no chamado estilo internacional, ou movimento internacional, que considero ultrapassado. E, porque isso ainda acontece, a arquitetura perde e não se renova.

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Então, como se deve pensar a arquitetura? Como uma expressão de otimismo e amor. Por exemplo, quando enviei uma proposta para um memorial do World Trade Center, em 2002, me baseei no famoso símbolo I love NY. Duas novas torres, unidas por um coração grande e vermelho, representariam esse amor. Precisamos passar essa mensagem de otimismo. Tragédias não podem ser respondidas com outras tragédias, mas com espírito de amor, que é o oposto da violência.

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