Trabalhos de jovens artistas são opção para decorar a casa

Com aposta no frescor criativo, trabalhos de jovens artistas plásticos são uma opção acessível na hora de decorar a casa. A seguir, conheçaa o trabalho e o perfil de cinco talentos emergentes em que vale a pena investir.

Por Reportagem Visual Aldi Flosi Texto Ana Mourão Fotos Divulgação
Atualizado em 21 dez 2016, 00h41 - Publicado em 8 abr 2010, 09h53
Obras do artista Carlos Dias ocupam todo o mezanino do Masp durante a exposi�...

Arte dos novos tempos

Um dos mais tradicionais espaços de arte da América Latina, o Museu de Arte de São Paulo surpreendeu em novembro passado ao apresentar a exposição De Dentro para Fora, de Fora para Dentro. A mostra, que ficou em cartaz até fevereiro, reunia trabalhos de artistas grafiteiros representados pela galeria paulistana Choque Cultural. O Masp pagou uma dívida antiga com um tipo de arte hoje consolidado no mundo inteiro, enquanto os artistas ganharam mais reconhecimento, fala Teixeira Coelho, curador do museu. O sucesso da iniciativa, que atraiu o público de 135 mil pessoas, sinaliza o bom momento desfrutado pelos jovens artistas no Brasil. A economia aquecida fortalece o mercado imobiliário, diz Alexandre Roesler, da galeria virtual Motor. E hoje há milhares de paredes para serem preenchidas no país. Na hora de comprar o trabalho de um novo talento, vale checar o currículo do autor, se ele já participou de mostras e ganhou prêmios, por exemplo. Ajuda também frequentar galerias – o guia Mapa das Artes, por exemplo, disponibiliza endereços em cidades como São Paulo e Manaus. Mas o mais importante é se identificar com um trabalho com que vocêvai conviver pelo resto da vida, avisa Eduardo Saretta, curador da Choque Cultural.

Titi Freak é apontado como um virtuose do traço, ele produz trabalhos com p...

Alma de grafiteiro

Nos anos 1980, Hamilton Yokota, o Titi Freak, era o mais jovem desenhista dos estúdios Maurício de Souza. Tanto que os colegas se inspiravam no aprendiz de 13 anos de idade para compor o personagem Titi, integrante da Turma da Mônica. Vem daí o apelido do artista, que, ao mergulhar no universo do grafite, em 1995, incorporou um complemento à assinatura. Aos 35 anos, Titi Freak é um dos talentos emergentes da chamada arte pop contemporânea, movimento identificado com a cultura de rua. O grafite é uma grande influência, mas não a única, avisa o paulistano, que também mistura ilustração e colagem nas telas que produz no ateliê, no bairro da Liberdade, onde cresceu. Ele é um virtuose do traço, elogia Eduardo Saretta, curador da galeria Choque Cultural. Qualidades que ganharam reconhecimento mundial: recém-chegado de uma temporada no Japão, Titi parte em abril rumo a Vancouver, no Canadá, para fazer um painel em evento beneficente. Vou desenhar rostos para enfatizar a necessidade de nos comunicarmos, conta. O ser humano é minha grande fonte de inspiração.

A figura do peixe é recorrente no trabalho do artista paulistano Titi Freak. Detalhe de uma obra de Titi Freak.

Aos 28 anos, Tatiana Blass é dona de um currículo estrelado Pintora de muitos talentos

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“A pintura é meu aconchego”, conta a paulistana Tatiana Blass, que, no entanto, não se furta de transitar por vários suportes, como vídeo e instalação. Mostra disso está na exposição Teatro para Cachorros e Aviões, que apresentou em março na galeria Milan, em São Paulo, com 15 telas e quatro esculturas de cães feitas com parafina que se desmancharam ao longo da mostra. Já na individual Cauda, de 2005, bolas e uma cadeira pareciam escorrer pelo chão. Ela consegue tratar de temas pesados, como a morte, com muita poesia, fala o artista Nuno Ramos, membro do grupo da Casa 7, criado na década de 1980 e influência confessa de Tatiana. Não por acaso, a artista, de 28 anos, é dona de um currículo estrelado: em 2006, ela foi selecionada para a bolsa Iberê Camargo e, dois anos depois, era uma das cinco finalistas do prêmio Nam June Paik, na Alemanha. Em setembro, participa com outros cinco jovens talentos da América Latina de uma coletiva organizada pelo Cisneros Fontanals Art Foundation, em Miami. O que me interessa na arte é a capacidade de criar estranheza, assombramento, novas percepções, avisa.

O Tapete Movediço/O Padre e o Cão, tela que ela apresentou na galeria Milan... Na tranquilidade do ateliê, em São Paulo, Thaís Beltrame elabora com nanqu...

 

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Nanquim sobre papel

Plantado em um pacato bairro da Zona Sul paulistana, o ateliê de Thaís Beltrame é um oásis de tranquilidade em meio ao caos da metrópole. Lá, a trilha sonora, comandada por nomes como Edith Piaf, Phillip Glass e a banda islandesa Sigur Rós, ajuda a criar uma atmosfera de contemplação. “Eu me inspiro no silêncio, pois meu trabalho lida com memórias de infância e questões do inconsciente”, explica a artista, que cria formas oníricas e delicadas utilizando nanquim sobre papel, madeira e papelão. Uma obra que desperta a atenção de gente como o marchand Sang Won Sung, da galeria Nuvem, em São Paulo, que representa a artista. “Os desenhos de Thaís inspiram a imaginação”, diz. Ao lado da quietude, outra influência marcante na trajetória desta paulistana de 32 anos é uma visita à China feita há dois anos. “Identifico-me muito com a estética chinesa”, por sinal, os criadores do nanquim, fala. Contudo, para ela nada supera o impacto da mudança para os Estados Unidos, aos 19 anos. “Fui sozinha a pretexto de estudar inglês e voltei formada em artes plásticas”, conta Thaís, graduada pelo Columbia College, de Chicago.

A exemplo de When All the Stars Are Gone, seus trabalhos custam entre mil e 3...

Em seu trabalho, o artista experimenta as possibilidades da forma em desenhos... Gravurista e muito mais

MDF, acrílico, adesivo de vinil e tinta spray são alguns dos materiais utilizados pelo artista paulistano Diego Castro para dar vida a desenhos, gravuras e instalações. “É um trabalho de muita simplicidade e economia de formas, sem, contudo, deixar de sugerir significados mais profundos”, nota o marchand Sang Won Sung, da galeria Nuvem, que comercializa o artista, de 26 anos. “Os espaços em branco fazem parte da composição e as formas em vermelho remetem aos carimbos, comuns na arte oriental.” Apaixonado pelo universo das histórias em quadrinhos, Diego se formou em artes plásticas, pela Faculdade Santa Marcelina, em 2005. “Decidi ser artista porque sempre gostei de desenhar”, conta ele, que já expôs em coletivas no Paço das Artes, no Sesc Vila Mariana e na Escola São Paulo. Atualmente, no ateliê, situado na casa dos avôs, em Guarulhos, na Grande São Paulo, e perto do endereço onde vive com os pais, ele se prepara para outra mostra coletiva, dessa vez no Sesc Ipiranga. “Gosto de pesquisar as possibilidades de manipulação e expansão das formas”, resume.

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Xilogravura da série LMCM. As obras de Diego custam entre 580 e 15 mil reais. Xilogravura da série LMCM

Hoje, suas fotos valem entre 1,5 mil e 5 mil reais.

Ás da fotografia

A paixão do mineiro Pedro Motta pela imagem é uma herança de família. O bisavô materno, Eugênio Nardi, foi um dos pioneiros da fotografia no estado. Já o pai, José Adolfo, era professor de cinema da Universidade Federal de Minas Gerais. “Venho de uma família de intelectuais e sempre convivi com pessoas ligadas às artes”, conta. Formado em desenho, Pedro logo se enveredou pela fotografia. Em 2002, chamou a atenção com um projeto, feito em parceria com Pedro David e João Castilho, que documentou moradores de sete cidades cobertas pelas águas do rio Jequitinhonha – um trabalho que, diga-se, virou site, mostras pelo mundo e livro. “É um divisor de águas pela forma como conseguiu expandir as possibilidades narrativas da fotografia documental”, opina o crítico e curador de fotografia Eder Chiodetto. De lá para cá, o fotógrafo, de 32 anos, trilhou uma carreira solo e expôs suas imagens em lugares como Masp e Museu de Arte Moderna da Bahia, além de conquistar espaço em coleções importantes, como a de Gilberto Chateaubriand. “Investigo a impossibilidade de as coisas acontecerem, além da relação entre a natureza e o urbano”, define.

A relação entre a natureza e o urbano é um dos temas favoritos do fotógra...
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Compras na web

Prática comum nos Estados Unidos e na Europa, a venda de obras de arte pela internet está impulsionando o surgimento de galerias virtuais no Brasil. É o caso da galeria Motor, voltada para a arte de nomes consagrados, como Tomie Ohtake, e de jovens talentos, a exemplo do fotógrafo Pedro Motta. Abrigado no site Submarino, o espaço foi criado pela Galeria Nara Roesler, de São Paulo, e hoje reúne 16 galerias – a maioria paulistana, mas há também de outros lugares do Brasil, como a Bolsa de Arte (RS) e Laura Marsiaj (RJ). A ideia não é comercializar obras inéditas, mas gravuras e fotos de olho nos curiosos que navegam pela web e buscam preços mais acessíveis. “Nossa meta é ampliar o acesso à arte, que fora das grandes capitais é restrito”, diz Alexandre Roesler, mentor da galeria. Já a Art Pimp, na ativa desde 2009, aposta no trabalho de ilustradores como Marcelo Tinoco e Luciana Araújo. No caso, as obras são passadas para papel fotográfico por meio de print digital e custam entre 380 e 500 reais. Jovens ilustradores, como Joana Lira, são o foco da Galeria Magenta, que comercializa obras com valores que variam de 9 reais a 6 mil reais.

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