Bordados ressurgem com força na decoração
Bordados, um toque de poesia: esse saber milenar é delicado, minucioso e quase esquecido reaviva memórias do tempo de nossas avós
As boas moças de outras épocas tinham o bordado como um dos principais afazeres. Os anos passaram, os costumes mudaram. Atualmente, o cotidiano, marcado por um turbilhão de acontecimentos, pede uma parada, um momento de beleza e reflexão de vez em quando. É nesse contexto que os traços delicados dos bordados ganham novamente lugar na decoração. Eles dão um toque de poesia a vaso, cortina, toalha e almofada, como você vê abaixo. Bordado e arte também se misturam num lugar muito especial em Minas Gerais: a casa da família Dumont, na cidade de Pirapora.
Relíquia preciosa
Remexer em suas muitas caixinhas de passamanarias é um dos passatempos prediletos da arquiteta Daniele Scorza, que forma com o marido, o designer Caio de Medeiros, o Estúdio Manus. Tenho compulsão por aviamentos, fitinhas, linhas e tesouras de costura, confessa. Foi, por sinal, em um desses kits que Dani encontrou o delicado fragmento da página ao lado. Pertenceu à avó de uma amiga, revela. Aplicada na porcelana, a relíquia deu status de peça única ao vaso de porcelana fosca criado pela dupla. Esse contraste de materiais me fascina, diz Caio.
Contorno moderno
Nas mãos de Marilda Brandão, panos comuns ganham composições nobres. Ao bordar, priorizo o traço moderno, combino colagens de tecido com pespontos, afirma Marilda, que se descobriu bordadeira depois dos 30 anos. Aprendi a técnica na escola, mas só depois de velha passei a costurar com entusiasmo, conta. Para o espaço de eventos da chef Carla Pernambuco, criou uma cortina floral. Ela me pediu um modelo todo branco, mas não resisti e fiz também amostras coloridas, que ela acabou aprovando, conta.
Natureza como tema
No ateliê de Mimi Soffer, em São Paulo, não faltam peças confeccionadas a mão com técnicas primorosas de acabamento caprichado. Algumas são feitas por ela e outras por bordadeiras espalhadas pelo país. Cada trabalho tem vida própria. Basta um alinhavo num algodão branco para criar um diferencial e tornar o produto exclusivo, acredita. Apaixonada pelo ofício, Mimi se sente feliz ao ver essa arte multiplicada. Diferentemente de um quadro, que permanece estático na parede, todos podem desfrutar de uma toalha bordada, compara.
Pintura em linha e agulha
Tecidos garimpados em diferentes partes do mundo e 36 tonalidades de linha. Essa feliz comunhão explica, em parte, o sucesso dos bordados da mineira Cyra Lobo. Há sete anos, ela e a sócia, Norah Loureiro, vivem de enfeitar almofadas, poltronas, pufes e roupa de cama, entre outras peças. Cyra é uma artista e risca a mão cada um de seus desenhos. Faz combinações únicas, afirma Norah, responsável por comercializar esses bordados e comprar tecidos, novos e antigos. Depois, 30 bordadeiras de Belo Horizonte se encarregam de finalizar o trabalho da mestra.