Mero acaso ou manobra do destino? Parisiense radicada em São Paulo, a professora de francês Eve Simonnet tem sua explicação para as pequenas coincidências que cercam o sobrado em que mora com o marido, o designer brasiliense Tiago Taborda, as filhas do casal, Cassie e Clara, e a cachorrinha, Coco Chanel. Quando ela e a família tiveram de sair do apartamento que alugavam, encontraram logo de cara o imóvel de generosos 130 m², na medida do orçamento de que dispunham e, ainda por cima, localizado em uma acolhedora vizinhança, pertinho da escola das crianças. Na hora de assinar o contrato e oficializar a compra, mais uma surpresa agradável: o ex-proprietário era um conterrâneo francês. “Parece até que ela foi feita para ser nossa”, sorri Eve.
Ajustes nos dois pisos
❚ O lavabo (1) que ficava no térreo foi demolido para que a cozinha fosse ampliada. “Pensamos que seria ruim não tê-lo, mas nunca sentimos falta”, afirma Tiago.
❚ Sem esse cômodo, a passagem para a sala (2), que antes dava para o cantinho sob a escada, pôde ser centralizada, favorecendo a entrada de luz natural.
❚ No andar superior, o único banheiro existente foi convertido em dois (3).
Raios de sol e ótimas ideias banham a sala e a cozinha
❚ Um aspecto negativo que Eve percebeu assim que entrou na casa foi a falta de luz natural no térreo. Para sanar o problema, aberturas foram feitas ou aumentadas, sob a supervisão do engenheiro Shinji Miyaki, da Emecil. A janela da sala, por exemplo, deu lugar a uma ampla porta envidraçada, enquanto a lateral da escada foi rasgada e guarnecida com uma teia de fios de aço, originalmente destinados à instalação de cortinas.
❚ Embora tenha ajudado a preservar o piso de madeira do estar e do jantar, o carpete foi removido. Descobertos, os tacos de ipê passaram pelos cuidados de um restaurador (Luis dos Santos).
❚ Com o local mais claro, o casal apostou em tinta acrílica roxa para uma das paredes (Flor Amor- Perfeito, ref. P090, da Suvinil. Tintas MC).
❚ Na cozinha, o pequeno vitrô foi trocado por um janelão (2 x 1 m), pintado de vermelho com esmalte sintético. A iluminação conquistou reforço com três pendentes, fixados em um perfilado metálico (Real Perfil), que ainda traz lâmpadas tubulares embutidas.
❚ A sobra da tinta vermelha foi aproveitada na reforma de um armário antigo. Ao ganhar vidro na porta e mais prateleiras, ele se tornou uma cristaleira.
Na área externa, a natureza toma conta
❚ Não é apenas para garantir mais luz que a nova porta foi aberta na sala – ela também oferece uma reconfortante vista do recém-criado jardim. Do lado de fora, diante da passagem, foi montado um pequeno pergolado com sobras das vigas de peroba que sustentavam o telhado da garagem. A estrutura passou a apoiar sapatinho-de-judia, espécie que gosta de sol intenso e proporciona uma bela cortina verde.
❚ O corredor externo recebeu vasos com cactos e um canteiro, também erguido com materiais reaproveitados, no qual foram plantados exemplares de alpínia (com flores vermelhas). “É uma herbácea que cresce bastante e chega a 2 m”, diz a paisagista Janaína Nemes, da Vidaverde, responsável pelo projeto.
❚ Tirando proveito do espaço, a profissional escolheu, ainda, algumas trepadeiras a fim de conquistar o visual bagunçado que Eve havia pedido. “Não queria um jardim arrumadinho, gosto desse aspecto mais natural”, justifica.
❚ Para fazer a forração, a eleita foi a gramaamendoim – ao crescer, ela protege as paredes dos respingos de barro na hora da rega ou da chuva.
❚ Em frente à lavanderia, um segundo canteiro recebeu mais plantas, além da hortinha da francesa, que gosta de ter manjericão, alecrim e outras ervas frescas à mão.
Grande sacada: espaço pouco usado virou área extra no quarto
❚ “O terracinho era estreito, com pouco mais de 1 m, e não tinha muita serventia, só acumulava poeira. Então, Eve sugeriu que o fechássemos”, conta Tiago. Com isso, o dormitório do casal cresceu preciosos centímetros, aproveitados com a instalação de prateleiras e a criação de uma minibiblioteca.
❚ A fachada ganhou cara nova. A parte superior, agora ligeiramente avançada, foi pintada de um tom azul inventado pelos moradores, que misturaram pigmento preto à cor Maré Cheia, ref. E067, da Suvinil. A inferior foi descascada, deixando os tijolos à vista. “O engenheiro nos disse que a construção toda é assim e fez pequenas amostras para que víssemos como seria o resultado em cada ambiente”, diz o morador. O mesmo recurso acabou sendo usado também na sala de estar.
❚ O telhado da garagem foi retirado para deixar passagem livre para a luz do sol. Em contrapartida, instalou-se um portão de aço, basculante e manual (5 x 2,20 m – modelo similar: NP 34, New Port).
❚ Os caquinhos vermelhos do piso foram mantidos. Canteiros e vasos de planta conferem charme à entrada. Um estrado de cama sem uso virou jardineira suspensa.
Cores para as crianças
❚ Nos quartos das meninas, uma parede tingida fez a diferença: no de Cassie, azul intenso (ref. P079); no de Clara, rosa suave (ref. Z024), ambos tons da Suvinil (Tintas MC).
❚ Quase todos os móveis vieram com a mudança. As exceções ficam por conta da cama e do criado-mudo azul no dormitório de Clara – eles foram comprados a preço simbólico de um amigo de Tiago.