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11 dúvidas sobre tijolos

Milenar, o tijolo maciço de barro acompanha a história da construção no mundo. Quando se mostra em alvenaria aparente, ele remete ao rústico, mas há quem o defenda em harmonia com um projeto mais moderno - seja como for, os bons e velhos tijolos atraem uma legião de fãs por seu charme e textura únicos

Por Da redação
Atualizado em 15 dez 2016, 10h37 - Publicado em 1 dez 2006, 17h49
Nem os tons nem as medidas dos tijolos são comuns. Para recobrir a fachada d...

 

1. Existe algum selo ou certificação que garanta a qualidade do material?

No mundo da qualificação e certificação, o setor dos tijolos maciços ainda está avançando. “Apesar de já existirem as normas que determinam as dimensões e outras características, até hoje não há qualquer programa de qualidade”, diz Vernei Luís Grehs, assessor de qualidade da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer). Assim, no mercado, há todo tipo de peça com relação à dureza e à resistência. As medidas às vezes são disparatadas, contribuindo para a diminuição do uso na alvenaria. “Levantar paredes com blocos cerâmicos é mais fácil e rápido, pois as peças são maiores e regulares”, considera o arquiteto paulista Roberto Aflalo Filho. Mas as boas olarias acreditam no produto e investem nos modelos aparentes: “Usamos argila pura, e a queima é feita praticamente em contato direto com o fogo”, explica João Caju, da empresa Cerâmica Forte, de São Paulo. “Cuidamos do acabamento, que pode ser liso ou rústico”, acrescenta Rodolfo Siqueira, dono da Cerâmica Marajó, no Rio de Janeiro. “Os tijolos comuns, até cinco vezes mais baratos que os aparentes, são feitos de argila misturada, queimam mais longe do fogo e servem para levantar paredes”, afirma Caju.

 

2. O que deve ser observado na hora da compra?

Sem programas de qualidade, o consumidor pode se sentir perdido. Por isso, os especialistas indicam cuidados na escolha. “Peças com a marca do fabricante estampada garantem a responsabilidade pelo produto”, afirma Vernei Luís Grehs, assessor de qualidade da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer). Outra sugestão é bater um tijolo em outro: “A emissão de um som metálico demonstra resistência”, diz o arquiteto Moisés Bonifácio de Souza, de Joanópolis, SP. “É bom checar se ele quebra ou esfarela com facilidade. Se o interior da peça estiver cinza, a queima não foi bem feita”, adverte o arquiteto Gil Carlos de Camilo, de Campo Grande. O segredo de um bom tijolo está na união da matéria-prima à queima adequada: “Cada argila pede uma combinação de temperatura, localização no forno e tempo de queima ideais”, explica o engenheiro Antonio Carlos de Camargo, do laboratório de Tecnologia Cerâmica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).

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3. Os tijolos maciços são bons isolantes térmicos?

O conforto térmico que o tijolo proporciona se deve à sua alta inércia térmica. Ou seja, por ser maciço, ele tem uma grande capacidade de armazenar calor: quanto mais massa, maior a inércia térmica. Isso o torna ideal para paredes em cidades onde a variação de temperatura é grande, como São Paulo. “O calor acumulado durante o dia é emitido para o interior da casa à noite”, afirma Fulvio Vittorino, pesquisador do laboratório de Higrotermia e Iluminação do IPT. Em cidades quentes, recomendam-se paredes de bloco cerâmico, que são furados e têm menos massa. Já no sul do país, o tijolo maciço também pode ser usado, desde que se façam paredes duplas. “O colchão de ar que se forma isola o frio no inverno. No verão, a parede de dentro não fica em contato direto com o calor e permanece fresca.” Mas não esqueça: o bom isolamento depende também de outros fatores e de um projeto eficiente.

 

4. Como é feito o rejuntamento?

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A argamassa do assentamento serve de rejunte. Há dois tipos de junta: com a massa nivelada na superfície, é junta cheia. Na junta frisada, retira-se a massa entre os tijolos com um pedaço de madeira. Um prego fixado na ponta indica a profundidade do friso.

 

5. Quais as possibilidades de paginação

Para revestimento ou alvenaria, os tijolos aparentes podem formar diferentes desenhos na parede ou no piso. A composição mais tradicional é a chamada junta de amarração, em que as fiadas vão se alternando. Já no modelo espinha-de-peixe, os tijolos da base são assentados com a face larga à vista. Sobre eles, os mesmos tijolos compõem espinhas-de-peixe dois a dois. Mas é possível fazer a mesma composição com as laterais dos tijolos. No arranjo do tipo dama, duas plaquetas para piso formam quadrados, que se invertem. Na moldura, as peças ficam alinhadas.

 

6. Como faço para deixar os tijolos aparentes sempre bonitos?

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Preserve-os com resinas acrílicas ou silicones, que impedem a absorção de água e a conseqüente formação de limo. Depois de aplicada, a resina cria uma película que escurece a superfície e pode dar um pouco de brilho. Já o silicone penetra nos poros e repele a água, mas não provoca alterações na aparência. Ele deve ser aplicado depois de terminado o rejunte, sobre os tijolos limpos e secos. O efeito de pátina pode ser conseguido com caiação.

 

7. Além do charme de antiguinho, existe alguma vantagem em se utilizar tijolos de demolição?

Sim. “De forma geral, antigamente as queimas eram mais bem feitas. Além disso, tijolos que resistiram ao passar dos anos em paredes ou pisos têm ótima dureza e são praticamente impermeáveis. Isso garante durabilidade”, explica o arquiteto Paulo Vilela, de São Paulo, um entusiasta das peças antigas, especialmente as da década de 20. Ele aconselha a comprar todos de um mesmo lote, pois há muita variação de tamanho. “Nos anos 20, as peças maciças tinham entre 26 e 28 cm de comprimento, 14 cm de largura e 7 cm de espessura. Entre os anos 30 e 40, o comprimento já tinha diminuído”. Escolha os tijolos esbranquiçados e amarelados. “Os cor de abóbora esfarelam mais”, completa.

 

8. Os tijolos podem ser usados como revestimento de piso?

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Sim, o tipo mais adequado é o requeimado. “Ele fica mais tempo dentro do forno, o que lhe garante uma resistência maior que a do tijolo comum”, explica o arquiteto Luiz Felipe Teixeira Pinto, da ATP – Arquitetura e Gerenciamento de Obras. O uso de tijolos no piso pede alguns cuidados: em áreas externas, é melhor instalar as peças só em locais ensolarados, pois o desgaste natural da superfície provoca maior absorção de água, facilitando a formação de limo. Outro ponto importante é ter um contrapiso bem regularizado e impermeabilizado para que a umidade do solo não suba até as plaquetas. A argamassa para assentamento pode ser a mesma utilizada em fachadas. Para pisos internos, o arquiteto Vilela recomenda que a areia da argamassa seja peneirada: “Assim, a junta fica mais lisa. Piso áspero é difícil de varrer”.

 

9. Como deve ser feito o assentamento do piso de tijolos?

O trabalho começa pela preparação da base – um contrapiso de concreto armado (com malha de ferro). Do contrário, o piso poderá rachar. “Defina também o percurso de escoamento da água – uma canaleta ou um ralo”, observa a arquiteta paulista Rita Müller. Feito isso, é a vez de escolher a paginação das peças. Quanto à colocação, também há o que observar. “As juntas entre os tijolos não devem ser estreitas, por causa da irregularidade das peças. Deixe pelo menos 1,5 cm”, alerta o arquiteto Fábio Madueño, de Ubatuba, SP. A massa de assentamento deve conter quatro partes de areia, uma de cimento e duas de cal. No acabamento, Rita recomenda duas demãos de resina de silicone, que não altera o aspecto do material.

 

10. Como é a manutenção de um piso com esse material?

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Preserve os tijolos aparentes com resinas acrílicas ou silicones, que impedem a absorção de água e a conseqüente formação de limo. Depois de aplicada, a resina cria uma película que escurece a superfície e pode dar um pouco de brilho. Já o silicone penetra nos poros e repele a água, mas não provoca alterações na aparência.

 

11. Para construir forninhos e churrasqueiras é mesmo preciso usar tijolos refratários?

Sim, as partes em contato com o fogo exigem tijolos refratários, resistentes ao calor. “O assentamento requer cimento refratário ou argamassa misturada com saibro, em vez de areia”, orienta o arquiteto Sérgio Fonseca. Esse tipo de material também é indispensável no interior das lareiras – caso contrário os frontões, geralmente de mármore, se soltam em razão da alta temperatura. O arquiteto Luciano Graber é ainda mais cauteloso. “Por segurança, costumo colocar um isolante térmico entre a alvenaria e o mármore”, revela. Se isso não for possível, a pedra não deve avançar além da boca da lareira.

 

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