Tendências de interiores de 80 anos atrás estão de volta!
A sustentabilidade e o design mais humanizado são as razões por trás da busca pelo vintage
Algumas referências que temos das casas de nossos avós, como cadeiras de palha indiana, cristaleiras, marcenaria rebuscada, cores fortes e os pisos de granilite, estão saindo da memória para a realidade.
Não é à toa: impulsionado pela preocupação com a sustentabilidade e pela busca de um design mais humanizado, o estilo vintage vem conquistando espaço de destaque não só nos projetos arquitetônicos mais modernos, mas também nos fabricantes.
A alta demanda fez a indústria se adaptar e passar a fabricar móveis, eletrodomésticos e até de acabamentos novos com design “antigo”.
A arquiteta e urbanista Julianne Campelo, da Criare Campinas, explica que, assim como na moda e em outras expressões artísticas, as tendências da arquitetura e design também são cíclicas. O que era sucesso no início do século passado pode cair em desuso por décadas e, em outro período, voltar a cair no gosto das pessoas.
“Com o passar do tempo os contextos sociais vão mudando e nós, também. Depois do estilo minimalista, há procura por um design mais humanizado, que não busca a perfeição, ao contrário. Ela valoriza o imperfeito, porque ele resgata memórias afetivas”, comenta.
A arquiteta e urbanista Rafaela Costa conta que os designers e arquitetos estão buscando referências seculares, até do Período Colonial.
“A palha indiana, um material usado no Brasil desde antes do Império, é um clássico que voltou com muita força nos projetos que estamos desenvolvendo, não só nas tradicionais cadeiras, mas também na marcenaria e nos acessórios”, explica a profissional.
Do bege às cores fortes
As chamadas “casas de revista”, com design clean, linhas retas e cores neutras, estão perdendo espaço para projetos mais coloridos e com formas rebuscadas. Julianne e Rafaela contam que as cores fortes das décadas de 1960 e 1970 não estão apenas nos acessórios, mas também nos móveis.
“Na marcenaria, o vintage se apresenta nos acabamentos emoldurados do estilo Provençal, no uso de lambris e de cores vibrantes, contrastando com as linhas retas e cores neutras do estilo minimalista”, diz.
Queridinho do momento
O granilite é um caso à parte. Popularizado na década de 1940 como uma alternativa mais barata que o mármore, o material vem ganhando destaque não só em pisos, mas também em bancadas e mesas.
“O granilite voltou a ser produzido com uma tecnologia mais moderna, o que permite ampliar sua aplicação e, por isso, vem caindo nas graças dos brasileiros”, acredita Rafaela.
Quando o assunto é acabamento, impossível não se lembrar dos azulejos coloridos, em formatos geométricos e ladrilhos hidráulicos.
“Isso permite renovar um espaço reaproveitando o material que já está instalado e, como muitas marcas voltaram a produzir esse tipo de revestimento, é possível até ampliar esses ambientes sem perder a identidade. Isso impulsionou o uso desses elementos em muitos projetos contemporâneos”, diz a arquiteta.
Tudo se aproveita
A sustentabilidade é uma poderosa aliada da arquitetura na escolha pelo estilo vintage.
“Em uma época em que a preocupação ambiental está presente em todos os setores, o reaproveitamento de móveis, pisos e revestimentos se transformou em mais um motivo para aderir às tendências que marcaram as décadas passadas.
Essa é a pegada da arquitetura contemporânea: utilizar as tendências atuais com alguns elementos antigos para criar espaços acolhedores e personalizados”, resume Rafaela.