Show da Lady Gaga acende o debate: Luz amarela x Luz branca
Um vídeo viral que mostrava moradores de um prédio curtindo o show de Lady Gaga levantou a questão de como diferentes iluminações influenciam no humor.

O meme viral que comparou o comportamento de pessoas durante o show da Lady Gaga em Copacabana a partir da luz de suas sacadas, “quem tem luz amarela dança, quem tem luz branca observa parado” — rendeu risadas nas redes, mas também levanta uma discussão real e cada vez mais relevante: a iluminação interfere no nosso humor, nas nossas emoções e até na nossa disposição para interações sociais?
Ano passado, um tweet do arquiteto Mauricio Arruda levantou a mesma discussão.
O mundo se divide em pessoas 2700 e 6500k pic.twitter.com/Z5YSiCDz7V
— Mauricio Arruda (@mauricioarruda) February 5, 2023
De acordo com Edson Gomes, CEO da Labluz, a resposta é sim, e a ciência comprova. “A temperatura de cor da luz influencia diretamente a forma como nos sentimos em um ambiente. Luzes mais quentes, como as de tom amarelado, remetem ao conforto, acolhimento e relaxamento. Já as frias, como o branco intenso, são associadas à atenção, produtividade e vigilância — mas também podem gerar certo distanciamento emocional em ambientes de convivência”, explica.
O fenômeno expõe um ponto fundamental para quem projeta interiores: a escolha da iluminação não é apenas técnica, é profundamente emocional. “É sobre criar atmosferas. A luz molda comportamentos, ativa memórias, estabelece vínculos com o espaço”, diz Edson.

Iluminação e ciclo circadiano
Segundo a arquiteta e especialista em iluminação Nicole Gomes, a popularidade da luz branca vem de uma questão social. “Suponho que, por conta da falta de segurança no país, as pessoas acreditem que ao colocar luz branca protegerão ainda mais as suas casas e, consequentemente, a rua em que moram. Desde cedo fomos ensinados que a luz branca ilumina mais do que a luz amarela, mas isso é o que chamo de ‘fake news’ da iluminação”, diz.

Contudo, o uso excessivo da luz branca pode ser nocivo ao ser humano que biologicamente é guiado pela luz do sol. O ciclo solar está diretamente ligado ao ciclo circadiano (relógio biológico) e a produção de hormônios naturais. Durante o dia, a melatonina — hormônio do sono — está em baixa e o cortisol — hormônio que nos deixa ativos — está alto. Já pela noite, a tonalidade mais amarelada e de baixa intensidade retorna, fazendo com que o processo seja reverso preparando o organismo para descansar.
“A má iluminação ou a temperatura de cor incorreta podem desregular a produção dos hormônios no corpo, impactar na regeneração celular, provocar cansaço visual e, consequentemente, gerar falta de concentração, dores de cabeça, alteração no humor, além de aumentar índices de doenças cardíacas, obesidade, insônia, stress — a lista só aumenta”, explica Nicole.
Temperatura de cor

Na iluminação, existem três temperaturas básicas de cor que são determinadas pela escala Kelvin: branco quente, neutro e branco frio. A Yamamura compartilha dicas para selecionar a melhor para cada ambiente.
- Primeiramente, o branco quente (de 2400K a 3000K) fornece sensação de aconchego, portanto é indicado para espaços que necessitam de tranquilidade, como salas e dormitórios.
- A temperatura de cor neutra (em torno dos 4000K) é utilizada mais para fins práticos e que não interfiram na tonalidade da cor dos objetos. Em banheiros, ou cantinhos de make up, por exemplo, é ideal para que as tonalidades das bases e batons não sejam influenciadas pela luz.
- Já no caso da temperatura de cor branco frio (5000K a 6500K), a luz traz mais sensação de agitação e frieza, logo muito indicada para locais que exijam a concentração dos usuários, como é o caso de escritórios, home offices, cozinhas ou lavanderias.