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Pesquisadora faz inventário das grades em Belo Horizonte

Pesquisadora tenta salvar a história das grades de Belo Horizonte antes que elas sejam transformadas em ferro-velho

Por Por Nilbberth Silva
Atualizado em 14 dez 2016, 12h38 - Publicado em 18 dez 2013, 18h57
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Quando a designer e professora universitária Fernanda Goulart mudou-se para a casa onde mora hoje, passou a conviver com uma enorme grade ornamentada na janela. De repente, viu-se fascinada pelos detalhes e começou a reparar em outros modelos de sua cidade, Belo Horizonte. Descobriu traços ecléticos e, mais raro, padrões com estilo bem definido. As peças viraram o tema de seu doutorado – ela e uma equipe fotografaram 4 mil fachadas em 34 bairros. Depois, converteram digitalmente as imagens em desenhos, formando um banco com 3 mil tipos. “As grades apresentam uma variedade e sofisticação que a gente não imagina. São formas atemporais”, relata. Surgidas na Europa por volta do século 12, elas inicialmente protegiam portas de igrejas. No Brasil, há peças do século 17 instaladas nas construções barrocas de Salvador. Com sua tese, Fernanda tenta preservar a memória desses elementos em via de extinção: desaparecem da metrópole à medida que ela se verticaliza. Os adornos vão parar em ferros-velhos, no quais são derretidos ou vendidos para moradores de condomínios longe do centro. “A perda da tradição leva a uma amnésia que descaracteriza a cidade. Também precisamos nos alimentar do passado, não só do futuro.” O próximo passo? A pesquisa dará origem a um catálogo, e quem comprá-lo receberá um CD com desenhos manipuláveis no computador. Assim, artistas e arquitetos poderão usá-los em suas criações. Financiada com a ajuda de internautas, a obra pode ser encomendada por e-mail (urb.ornamento@gmail.com).

Reflexos de outras épocas

 

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1. Gótico: rigidez, representações da natureza e arcos marcam as padronagens surgidas na França, no século 12.

2. Art Déco: funde a linguagem modernista dos anos 20 com imagens de culturas antigas.

3. Moderno: no período entreguerras, os designers substituem o excesso de ornamentos por formas abstratas e sóbrias, de apelo gráfico.

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