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Design e tecnologia: como são criados revestimentos, louças e metais

Até que a torneira bacana ou o revestimento supertecnológico cheguem às lojas de materiais, um longo caminho é percorrido. Conheça um pouco dos encaixes dessas engrenagens

Por Reportagem Lara Muniz (texto) e Geraldo Medeiros (visual) | Design Manoel Vitorino Jr. | Ilustrações Andrea Ebert
Atualizado em 19 jan 2017, 15h40 - Publicado em 25 mar 2013, 20h40
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Em dez anos, muita coisa mudou na construção civil. Junto com os incentivos governamentais que facilitaram o acesso a financiamentos imobiliários, o mercado investiu na criação de produtos para atender à consequente demanda por acabamentos. Esse impulso serviu para dar início a uma era de lançamentos como havia tempos não se via. Cerâmicas e porcelanatos ganharam versões finas e com desenhos que reproduzem felmente qualquer tipo de superfície; os cimentícios conquistaram status e passaram a ser vistos como produtos de design; madeiras, laminados e afns receberam tratamento de material nobre, com diversas possibilidades de uso, assim como os derivados de vidros e pedras. Por fm, louças e metais, que antes apenas cumpriam suas funções básicas, tomaram um banho de renovação, pautado, especialmente, pelo apreço à sustentabilidade. Entre todas essas categorias, há um elemento comum: “A tecnologia é o grande vetor das inovações, ao lado do design, que age como decodificador dessa evolução”, avalia Antônio Carlos Kieling, superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica (Anfacer) e presidente da Expo Revestir, feira que acontece em São Paulo sempre no começo de março e se tornou referência no setor. Se antes as novidades aportavam no Brasil com até três anos de atraso em relação ao mercado europeu, hoje a competição acontece de igual para igual. “Agora temos acesso ao mesmo maquinário que as empresas italianas, visitamos feiras internacionais de segmentos como moda e automobilismo e ainda investimos no conhecimento técnico. Trabalhamos em pé de igualdade com os grandes lançadores de tendências”, aponta Camila Lamberti, gerente de produtos do Grupo Incefra.

Por onde tudo começa

O nascimento de uma coleção não se dá mais na prancheta. Viagens de pesquisa e inspiração têm um peso importante para a concepção de uma nova linha de produtos. O foco no perfil do consumidor é outro fator que compõe essa equação. Disponibilidade – ou escassez, o que encarece a produção – de matéria-prima também entra na balança. Só então, com todas as variáveis reunidas, departamentos de design dos próprios fabricantes ou profssionais convidados se debruçam na criação. “As empresas nacionais já aprenderam a pesquisar e sabem que as tendências surgem de comportamentos coletivos”, observa Eduardo Boselo, designer da Eliane e da Decortiles. Da primeira referência até a linha de produção e os pontos de venda, esse percurso pode levar de um a dois anos, em média. “Se nosso briefng é atender a uma demanda que já existe, o processo é relativamente ágil. No entanto, quando a proposta é criar algo totalmente novo, o prazo se estende para cerca de três anos”, revela Ana Lúcia Orlovitz, designer da Deca.

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Impressão HD + agregados

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Basta olhar ao lado: o que parece ladrilho hidráulico, madeira, pedra e tecido confirma que a impressão em alta definição, também chamada impressão HD, é uma das maiores conquistas do segmento das cerâmicas e porcelanatos nos últimos anos. Novos agregados à massa também contribuíram, de forma a garantir que a espessura pudesse encolher de 1,5 para 0,3 cm, o que aliviou toda a cadeia logística e abriu portas para a sustentabilidade. As perspectivas são animadoras: “O HD continua evoluindo e já fugimos da simples reprodução para a intervenção criativa sobre o material”, diz o designer Eduardo Boselo.

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Sustentabilidade + Design

Difícil de imaginar até pouco tempo atrás, acabamentos delicados – como veios de madeira e pequenos relevos – já são constantes em peças à base de cimento. “A questão do design e da sustentabilidade, desafios no começo, foi bem resolvida com a ajuda da tecnologia”, avalia Mariana Favaron, gerente de marketing da Castelatto. Madeiras, laminados e afins seguem nessa esteira e adquirem aparência tão real que fca difícil acreditar que se trata de um produto industrializado. “É importante conhecer o material para saber quais são as possibilidades de uso e transformação”, avalia Francisco Mazza, da Mazza Cerâmicas.

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Formatos +  materiais inovadores

Novos usos para velhos materiais. Vidros, pedras e metais expandem os limites de seu território e vão além de cozinhas e banheiros. Seduzidos pelas belas apresentações, outros ambientes da casa deixam a tinta de lado para investir em revestimentos de parede. Vidro e metal ganham cores, estampas, recortes e conquistam espaço entre tantas opções. As pedras – naturais ou compostas – voltam à cena em bancadas, pisos e paredes. “O design agrega valor e é um elemento qualificador. Com as possibilidades de customização dos produtos, o usuário consegue encontrar soluções praticamente exclusivas”, aponta Antônio Carlos Kieling.

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Economia de água + evolução digital

Fabricantes de louças e metais costumam contar com um impulso e tanto: metas de inovação. A cada ano, uma fatia do portfólio deve ser substituída por novos itens, criados para atender a necessidades específcas descobertas em pesquisas de mercado. “Todo ano elegemos um tema que servirá para nortear a criação. Vai da economia de água ao envelhecimento da população”, revela André Zechmeister, gerente de produtos da Roca. Como as peças têm ciclos de vida extensos, de dez a 12 anos, a tecnologia acaba sendo decisiva na hora da compra – pesada a relação custo/benefício, os itens mais modernos são mais atrativos.

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