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Como usar pedras de forma contemporânea

Por O retorno das pedras: arquitetos revelam os jeitos atuais de usá-las em parede, piso e estrutura. Confira 12 opções com preços Por Cristina Bava, Eliana Medina, Juliana Tourrucôo, Marianne Wenzel e Michelle Grein (assistente)
Atualizado em 16 fev 2024, 10h50 - Publicado em 3 nov 2009, 01h14

Fazer uso das rochas na construção é uma arte chamada cantaria. Milenar, a técnica estendeu seu alcance ao Brasil através da influência portuguesa, especialmente na região rural. “No campo, os trabalhadores têm a cultura da pedra”, diz o arquiteto paulista Renato Marques, acostumado a adotá-la na estrutura das casas que constrói em montanhas. Ainda que a mão de obra esteja familiarizada com o material, saber orientá-la é imprescindível. “O bom resultado depende do assentador, que determina a aparência por meio da proporção entre pedras grandes e pequenas”, diz o arquiteto Daniel Fromer, sócio de Renato. Por isso, recomenda-se que uma única pessoa trabalhe numa parede – o que diminui bastante o rendimento do serviço. Para completar a obra, que tal dar uma olhada nestes 27 revestimentos para pisos de áreas externas?

* Preços pesquisados em São Paulo em setembro de 2009.

Pedras estruturais

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Uma maneira mais ágil de compor estruturas de pedra chama-se concreto ciclópico. Apreciado por arquitetos modernistas, como o americano Frank Lloyd Wright (1867-1959) e o brasileiro João Vilanova Artigas (1915-1985), esse método consiste em moldar paredes de concreto com fôrmas de madeira, substituindo a brita por pedras de até 20 cm de diâmetro. “O visual é bem bruto, porque os blocos são jogados na fôrma, e não perfeitamente assentados”, descreve o arquiteto paulista Mauro Munhoz. Para muros de arrimo, ele indica o gabião, espécie de engradado preenchido com rochas. Muito comum em contenções à beira da estrada, esse recurso ganhou novo status quando surgiu no projeto dos suíços Herzog & de Meuron para o prédio da vinícola Dominus, na Califórnia. “A pedra tem a vantagem de poder ficar diretamente em contato com o solo sem deteriorar”, afirma Mauro.

Pedras de revestimento

Embora sejam unânimes ao preferir as rochas como elemento estrutural e não como revestimento, os arquitetos concordam que a segunda opção é a mais prática na obra, ainda que também dê trabalho na execução. “Faz sentido aproveitar esse material para marcar um eixo importante da casa, sem transformá-lo num adereço ou enfeite”, opina a arquiteta paulista Alessandra Pires. Usado em pisos, pode criar continuidade entre ambientes internos e externos. “Considero esse princípio importante na arquitetura, e a pedra faz bem esse papel”, fala Mauro Munhoz. Se você pensa em utilizar rochas encontradas no terreno onde vai construir, peça autorização à Secretaria de Meio Ambiente do seu município (no caso de áreas urbanas). Em Áreas de Proteção Ambiental, consulte o órgão gestor da unidade.

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Entre as pedras usadas como revestimento, os quartzitos – grupo de variedades tipicamente brasileiras, como madeira, goiás e são tomé – oferecem bom conforto térmico, admitem vários cortes, têm fácil manutenção (podem ficar ao natural ou receber resina hidrofugante) e, se precisarem de restauro, um simples polimento os deixa novos.

Ainda não existe um certificado de origem para esse material. “Toda lavra precisa de concessão do Departamento Nacional de Produção Mineral e licença ambiental do Ibama“, explica Eduardo Quitete, geólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Para combater a extração predatória, exija ambas as comprovações do fornecedor.

 

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