Madeira e vidro definiram projeto de casa paulistana
No imóvel, a brisa passa pelo muro vazado e percorre sem embaraço os ambientes planejados para a contemplação e o convívio
Por Cristiane Teixeira
Atualizado em 27 fev 2024, 11h33 - Publicado em 6 fev 2018, 12h21
Incontáveis reuniões aconteceram ao longo dos 18 meses que durou a fase de projeto. E, nos 18 meses seguintes, muitas outras se sucederam enquanto a obra avançava às margens das águas limpas da represa de Jurumirim, no centro-sul do estado de São Paulo.
Era a primeira vez que o casal construía, e apaixonar-se por uma residência anteriormente publicada em ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO ajudou a definir quem daria forma a tantos desejos: o paulistano Nitsche Arquitetos. “A gente queria uma casa com muita madeira e vidro. E sem telhado, como fazia questão meu marido. E era assim o projeto mostrado na revista”, lembra a moradora.
Entender e questionar cada escolha foi a regra, assim como ir pessoalmente atrás de alguns materiais e fornecedores e visitar o canteiro frequentemente. “Gostamos que os clientes participem, isso gera uma troca produtiva”, afirma o arquiteto André Scarpa, um dos quatro sócios do escritório contratado.
O projeto nasceu de duas linhas perpendiculares entre si, explica a arquiteta Lua Nitsche. “A construção atravessa todo o terreno, marcada por um eixo de circulação, que é a varanda fechada da entrada, e um eixo de serviço, que começa na garagem e se estende até a churrasqueira na varanda.”
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Todos os ambientes íntimos e sociais têm acesso pelo corredor com elementos vazados e, no lado oposto, voltam-se para o jardim e a represa – nada impede a ventilação cruzada. Como o programa de necessidades previa seis suítes, os profissionais desenharam três núcleos com dois quartos cada um e, entre esses núcleos, criaram jardins, solução que tornou mais suave a presença da edificação.
Blocos íntimos da família de um lado e o de hóspedes do outro, o centro foi destinado a um ambiente integrado por estar, sala de TV, sala de jantar e cozinha. A varanda com churrasqueira vem na sequência, ampliando com naturalidade a área de convivência. Adeptos de uma arquitetura limpa, os arquitetos pensaram numa solução que quase não dá vez a revestimentos.
Polida, a laje dispensou contrapiso e se transformou no piso dominante – somente nos banheiros há porcelanato. No módulo social, as telhas metálicas recheadas de isolante termoacústico ficam aparentes, assim como toda a estrutura, produzida em madeira laminada colada de eucalipto.
“Esse material possibilita vãos bem grandes, como os do volume social, com 7 m de extensão”, comenta André, lembrando que a planta segue uma modulação de 7 x 3,50 m, para facilitar se, no futuro, os donos quiserem modificar ou ampliar a construção.