Venezianas em madeira trazem privacidade aos espaços de apê minimalista
Para criar uma atmosfera elegante e urbana o escritório PKB Arquitetura utilizou uma base de cimento e madeira equilibrados por plantas e obras de arte.
Um jovem de São Paulo desejava ter uma base no Rio de Janeiro, até que encontrou este apartamento de 275 m², na Barra da Tijuca. Aficcionado por peças de design assinado, ele já tinha sua própria wish list em mente antes mesmo de começar o projeto, que ficou a cargo dos arquitetos Luiza Baeta e Pedro Kastrup, do escritório PKB Arquitetura.
“Ele pediu um apartamento minimalista, urbano e despretensiosamente elegante, com poucas peças de design, mas bem selecionadas, além de ambientes amplos, claros e visualmente leves, já que o imóvel fica perto da praia”, conta Kastrup.
“Para criar essa atmosfera carioca dentro de casa, priorizamos materiais naturais na escolha dos móveis e acabamentos – como madeira, fibra, couro, mármore e plantas -, explorando suas diferentes texturas e tonalidades”, acrescenta a sócia Luiza. Outro pedido foi inserir a tv no setor social de tal forma que o espaço não ficasse caracterizado como sala de tv, e sim como um ambiente de estar.
Originalmente, o apartamento tinha quatro quartos. Com a reforma, o projeto uniu dois quartos e integrou a varanda para ampliar a suíte master, permitindo acrescentar ainda um closet e dois banheiros confortáveis. “Também abrimos um visor, com fechamento em vidro, na parede do banheiro voltada para o quarto e instalamos sobre ele um painel de marcenaria com venezianas de madeira para oferecer mais privacidade, quando necessário”, informa Kastrup.
Além disso, a cozinha, antes isolada, foi integrada à sala (deixando a área social mais ampla e fluida) e a parede demolida revelou um pilar estrutural, que foi descascado e incorporado ao projeto em concreto bruto, tornando-se um elemento estético forte e impactante logo na entrada do apartamento. “Como, desde o início, o estilo minimalismo norteou o conceito do projeto, tiramos o máximo de partido da arquitetura e seu jogo de planos”, acrescenta ele.
No geral, a decoração adotou uma paleta de cores com base neutra, composta de cimento, madeira e branco, e as cores aparecem pontualmente no paisagismo e nas obras de arte. A seleção de obras de arte foi feita a dedo, já que, desde o início, a ideia era manter a predominância de paredes brancas, sem muitos enfeites e adornos, colorindo apenas com poucos quadros.
Na sala de jantar, por exemplo, se destaca a tela de grandes dimensões do artista Marcelo Solá, representando o ponto de cor mais forte do apartamento. Na parede oposta, acima do sofá do estar, o único quadro, do artista Matheus Chiaratti, também é colorido e tem apenas 25cm x 25cm.
Na sala ampla, composta de ambientes integrados e fluidos, os grandes protagonistas são os móveis assinados pelo designer Jader Almeida – com destaque para a mesa de jantar e a mesa de centro Bank, as cadeiras de jantar Dia, as luminárias pendentes Nutt, o sofá Matriz, a mesa de apoio Ring -, além da poltrona Jangada, de Jean Gillon, estrategicamente posicionada no canto da sala de estar com tv, próximo à varanda.
De um lado da varanda, conectado à sala de jantar, foi criado um pequeno estar para receber, ambientado com móveis de área externa da linha Doty (do designer Jader Almeida) e um móvel linear que serve de apoio, composto por bancada, cuba, armários, frigobar e miniadega. Do outro lado, conectado à sala de estar, foi criado um lounge de descanso e contemplação, ambientado com duas poltronas Baixa e uma mesa de centro Bowl (do designer Guilherme Wentz) e jardineiras com plantas, apoiadas no chão.
Aberta para sala, a cozinha tem uma base branca e linhas minimalistas. Um dos destaques do espaço é o móvel de marcenaria desenhado pelo escritório, logo atrás do pilar de concreto bruto aparente, que conecta visualmente a cozinha, a sala e o hall de entrada. Próximo ao hall, esse “bloco” com portas de vidro jateado funciona como uma estante de bebidas/cristaleira para, em seguida, virar um louceiro com portas brancas ripadas, que atende a sala de jantar. Da quina em direção ao interior da cozinha, o móvel abriga um nicho central com bancada de apoio (integralmente revestido de mármore travertino), rodeado de armários brancos no mesmo acabamento ripado.
Na suíte master (e em toda a área íntima), o piso foi revestido com tábuas corridas de Peroba Rosa de demolição, fazendo contraponto ao porcelanato, tipo cimento queimado, utilizado na sala.
“A ideia era deixar o quarto mais simples e aconchegante, acrescentando texturas de materiais naturais, como o piso em madeira de demolição, o painel de marcenaria em freijó com venezianas articuláveis sobre o visor instalado na parede do banheiro, o enxoval e o estofamento da cabeceira da cama em linho, e o tapete de algodão”, informa Kastrup.
Já o banheiro foi pensando para ser também um spa, um local de descanso e desconexão. Aqui, o piso é de mármore travertino romano e, na área molhada do box (com dois chuveiros de teto e uma banheira de imersão) foi instalado um deque de madeira maciça cumaru.