Terreno estreito rendeu um sobrado confortável e iluminado
O lote de 6 m abrigava uma velha casa que foi reformada. A obra driblou o fato de o sobrado ser geminado de um lado e ter um muro alto do outro.
Por Reportagem Ana Sant’Anna (texto) e Deborah Apsan (visual) | Design Júlia Blumenschein | Fotos Evelyn Müller | Ilustrações Campoy Estúdio
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19 Jan 2017, 15h48 - Publicado em 10 Sep 2012, 18h36
Vermelho, laranja ou ocre? “A primeira opção, num tom intenso”, respondeu Gabriela, quando o cunhado e arquiteto Gil Mello lhe perguntou qual seria a cor da fachada da casa dela. “Sempre gostei de vermelho e não me arrependi da escolha”, afirma a médica, proprietária deste sobradinho em São Paulo. Mas, antes dessa decisão e do final da obra, muita água rolou.
Como a moradora encontrou esse sobrado
“Queria uma casa de três quartos, com quintal”, conta a moça. Ela encontrou o que procurava, porém o imóvel pedia uma reforma radical. Além de deteriorado, era geminado de um lado e fcava num terreno em declive, estreito e comprido. A proporção do lote (6 x 25 m) não foi o maior problema, e sim a impossibilidade de abrir janelas numa das laterais e a presença de um paredão de 6 m de altura na outra delimitando o vizinho. A solução? “Fazer um jardim vertical nesse muro e posicionar a maioria das janelas e portas na fachada ao lado dele”, diz Gil, autor do projeto. Assim, depois de inverter os corredores internos da casa, os ambientes se voltaram para essa face ventilada e iluminada.
O processo da reforma
Durante um ano e meio de obra, surgiram três questões mais demoradas e dispendiosas que o planejado. Uma delas, embora amparada na legislação, foi alvo de muita negociação com o vizinho: a criação de uma passagem para as águas pluviais no terreno dos fundos. “Com 22% de declive, ou seja, 2,80 m, o lote não permite a devolução da água da chuva para a rua de acesso à casa”, diz o arquiteto. Ampliar o subsolo e construir o solário também deu trabalho. No primeiro caso, a descoberta de um espaço vazio atrás da parede da lavanderia estimulou a proprietária a montar uma sala de TV. Para isso, foi preciso retirar a terra ladeira acima, lata por lata. Já a construção do solário exigiu a remoção do telhado e a impermeabilização da laje. Meses depois de terminada a obra, outra surpresa. “Fábio, meu namorado, veio morar comigo. Ele participou de todo o processo, mas quis que eu fzesse tudo como sonhava”, conta Gabriela.
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A fachada dos fundos do sobrado.
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No corredor, as marquises de ferro e vidro deixam a luz entrar e o jardim vertical (Neo-Rex) disfarça a altura do muro.
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A vista da rua reformada.
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Boa ideia para ganhar espaço: sob o segundo lance da escada, reposicionada, fez-se um lavabo. A salamandra de ferro aquece o estar. No piso, tábuas de peroba-rosa de demolição (Ouro Velho).
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Para a sala parecer maior: as esquadrias de freijó com batentes de cumaru (SD Marcenaria) ligam o ambiente com o jardim vertical. O peitoril de 60 cm (mais baixo que o usual) propicia ampla integração
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Comunicação com os fundos: a copa e a cozinha fcaram maiores que a sala, como previsto. Voltadas para o pátio, ganham amplitude. Armários de laminado melamínico da Almudena.
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7/16 (Campoy Estúdio)
O subsolo ganhou 11 m2. Descobriu-se atrás da lavanderia um espaço vazio com cerca de 3 m de profundidade. Ali nasceu uma sala de TV e um banheiro.
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No térreo, a área perdida no estar (usada para aumentar a garagem) foi compensada com uma varanda. O lavabo, reposicionado, permitiu ampliar a copa
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No primeiro piso, há mais um banheiro e varanda. No lugar do telhado, a cobertura tem um deck para descanso e placas de energia solar. Área: 155 m2. Ano do projeto: 2009. Conclusão da obra: 2011. Projeto e gerenciamento da obra: Galeria Arquitetos. Projeto luminotécnico: Galeria Arquitetos e Luciana Yamamura. Execução: Construsil. Impermeabilização: Alwitra. Paisagismo: Mariana Soares
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Durante a obra, a proprietária decidiu que uma das paredes da copa seria de tijolinhos. Os armários (Pastorello Móveis), de cabreúva com laminado melamínico (Formica, ref. TXL114), foram desenhados por ela. Ladrilhos da Dalle Piagge.
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No banheiro da suíte, o piso e o boxe têm pastilhas de 1 x 1 cm (Cerâmica Atlas) e paredes pintadas. Clarinhos, os armários de compensado naval com laminado melamínico no interior e pintura externa de lacaharmonizam-se com louças da linha Vogue Plus, da Deca.
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Com uma agradável varanda, a suíte vislumbra os fundos do lote – inclusive o ipê da casa vizinha. As portas de correr, de freijó com batentes de cumaru, misturam veneziana a vidro (MC Vidros) para permitir melhor ventilação e entrada de luz. Armários de MDF com pintura de laca da Almudena. Piso de peroba-rosa de demolição (Ouro Velho).
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A sala de TV criada num espaço antes vazio.
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A casa agora conta com dois recantos de lazer. “No quintal reúno os amigos e na laje tomo sol”, diz a Gabriela. O primeiro local, com acesso por uma escada de cumaru e estrutura de ferro (Águia Serralheria), tem lugar para a churrasqueira (Construfama) e uma mesa generosa. Também de cumaru, o biombo fxado na parede (SD Marcenaria) confere privacidade ao pátio.
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A cobertura tem privacidade desses artifícios. No topo do morro, fca protegida de olhares alheios e permite avistar boa parte da cidade. Com direito a chuveirão, tem deck removível, da ZR Pisos, fácil de manter. “O solário era o que faltava para a casa fcar perfeita”, afirma a moça.
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Escada de cumaru e estrutura de ferro (Águia Serralheria)