Sobrado pequeno, mas cheio de luz, com gramado na cobertura
O sobrado, em São Paulo, tem só 5 m de frente. Ainda assim, suas amplas aberturas permitem generosa entrada de luz e boa ventilação. Na cobertura, a vista impressiona
Por Reportagem Deborah Apsan (visual) e Denise Gustavsen (texto) | Design Júlia Blumenschein | Fotos Evelyn Müller | Ilustração Campoy Estúdio
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19 Jan 2017, 13h22 - Publicado em 10 Jul 2012, 20h15
Em projetos compactos, centímetros valem ouro. Com essa premissa em mente, os arquitetos Marina Mange Grinover e Sergio Kipnis adotaram soluções engenhosas para erguer,num lote de apenas 5 x 30 m, este espaçoso sobrado. Cheio de luz e bem ventilado, ele surgiu no lugar da antiga construção, demolida na obra. Além do delicioso quintal nos fundos do terreno, os dois conquistaram uma cobertura verde de 70 m, de onde podem apreciar uma vista impressionante da cidade e deixar as flhas curtirem o sol em segurança. Forrada de grama, a generosa área de lazer da família também favorece o conforto térmico da morada.
Os arquitetos se apaixonaram pelo projeto e ficaram com a casa
Quando se lançou nesta obra, a intenção do casal de arquitetos era investir suas economias num projeto idealizado para uma família paulistana hipotética e depois vendê-lo.Seis meses antes de o lugar fcar pronto, porém, se descobriu tomado de amor pelo sobrado. “Voltada para dentro, a construção somava todas as virtudes de uma casa a algumas vantagens de apartamento, como privacidade e segurança”, avalia Marina. “E ainda iria simplifcar nossa vida.” Contaram pontos sobretudo a possibilidade de viver numa rua sossegada, onde as duas flhas pudessem brincar cercadas pela vizinhança pacata, e a proximidade com a escola e o escritório de cada um deles. Dúvida? Nenhuma! A dupla decidiu dar vazão ao irresistível sentimento. Comprou até um cachorro serelepe, o Romeu, para completar o clima alegre do novo lar. Mais envolvidos que nunca, Sergio e Marina apostaram alto na marcenaria: o móvel da escada e o armário que separa sala e cozinha são destaques da obra. Verticalizar a residência, sem perder a luz, foi outra saída de mestre.
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Sem desperdício de espaço, esta casa evoca o prazer de morar num lugar ensolarado e desfrutar da vida comunitária de bairro. Regalia e tanto numa cidade agitada e verticalizada como São Paulo.
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O piso do térreo é de concreto usinado (Concremix) – mesmo revestimento usado no chão dos postos de gasolina. Três horas depois da colocação, o concreto é alisado com um disco giratório e ganha esta superfície uniforme e plana.
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De madeira, com acabamento de folhas de tauari, o armário (MSM) divide sala e cozinha.
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Comprados numa promoção no ateliê da artista plástica Calu Fontes, os azulejos arrematam com charme o visual da cozinha. Para combinar e servir de quadro de receitas, uma das paredes foi pintada de verde (R056, da Suvinil).
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Utilizados também na fachada dos fundos, os painéis de laminado melamínico dão unidade ao projeto. Sobre o deck, a viga de aço, que originalmente iria estruturar uma passarela, foi deixada ali para uso no futuro.
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Um dos pontos altos da obra, a escada de madeira (MarbroTec), revestida de tauari, esconde um lavabo e um depósito sob os degraus. Ao fundo, banco de madeira Llussá Marcenaria, tapete By Kamy, mesa de centro Atec e almofadas Empório Beraldin.
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Para driblar as medidas enxutas do lote, os arquitetos investiram numa circulação vertical.
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8/13 (Campoy Estúdio)
Encostadas nas divisas laterais do terreno de 150 m², duas paredes de concreto sustentam as vigas metálicas e as lajes do primeiro pavimento e da cobertura. o segundo piso acomodou dois blocos de dormitórios separados por um vazio e integrados por uma passarela de madeira. na laje de cobertura (que não conta como área construída), montou-se um solário.
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9/13 (Evelyn Müller)
Tem 20 m² o deck de jatobá (MarbroTec) que separa a casa do anexo de serviço, nos fundos. Para liberar totalmente o pátio, o projeto previu um jardim vertical (Ecossistema Paisagismo) com espécies de meia-sombra: rendas-portuguesas, bromélias e orquídeas. Blocos de concreto (Neo-Rex), de 20 x 40 cm, com nichos inclinados, funcionam como foreiras e receberam substrato orgânico e depois a vegetação. A rega é manual e a sobra de água escorre para uma caixa de brita sob o piso. Cadeira de balanço da Tidelli.
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Furadas com máquinas de corte de alta precisão seguindo um padrão criado por Sergio, as placas de laminado melamínico fltram o excesso de luz natural na suíte do casal.
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O banheiro teve piso e paredes revestidos de pastilhas cerâmicas (Jatobá) de 5 x 5 cm. A porta de correr foi fnalizada com laminado melamínico branco.
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12/13 (Evelyn Müller)
Com aberturas apenas nas extremidades da residência, o projeto também tira proveito de luz e ventilação naturais vindas da claraboia de 15 m² – executada com perfs de alumínio que apoiam folhas de vidro temperado de 1 cm de espessura. Posicionada no alto da sala, a 6 m do piso, pode ter metade de sua superfície aberta por motor elétrico convencional.Quando a temperatura sobe, os moradores costumam deixá-la aberta e assim mantêm o controle térmico no interior da construção. Ou simplesmente podem mirar o alto pela abertura zenital e apreciar o céu em noites estreladas e de lua cheia.
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Para contrastar com o metal liso do guarda-corpo e das vigas de metal, as paredes apresentam uma textura criada com massa grossa desempenada. A passarela de madeira interliga a suíte principal aos dormitórios das meninas, voltados para os fundos do lote. As luminárias (Reka) seguem as linhas discretas do projeto.