Refúgio baiano ganha vida em 5 meses com referências regionais
Conduzida por um argentino para uma família paulistana, a reforma desta casa na Bahia acena com o melhor da vida em climas quentes: uma boa varanda e muita descontração
Por Por Deborah Apsan (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) Projeto Amadeo Romero Fotos Evelyn Müller
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19 Jan 2017, 14h05 - Publicado em 4 Oct 2014, 19h37
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No andar de cima, a nova sacada inaugurou um local para repousar. Embaixo, a mesma estrutura, de 2,20 m de largura, amplia os ambientes sociais. Projeto de Amadeo Romero.
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Mais fechado, o verso da construção mantém suas cores originais. Projeto de Amadeo Romero.
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Mantendo a inclinação do telhado, a varanda se insere no projeto anterior sem alarde. No piso, o cimentado, que percorre quase todos os espaços, compensou os gastos com madeira. Projeto de Amadeo Romero.
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A casa na árvore foi inventada pelo arquiteto com eucalipto e chapas de OSB para Pietra, filha dos proprietários. Projeto de Amadeo Romero.
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Na varanda, o banco de cedro entalhado complementa a mesa, também desenhada por Amadeo e feita por Jânio, artesão de Arraial d’Ajuda. Projeto de Amadeo Romero.
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Peças esbeltas de paraju, espécie dura e resistente, definem a estrutura. Projeto de Amadeo Romero.
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Esteiras de dendê e móveis de alvenaria reforçam o estilo descontraído. Projeto de Amadeo Romero.
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Diante da premissa de não retirar árvores na obra, a varanda se encaixou entre dois cajueiros e abraçou a amendoeira, que atravessa uma abertura no teto. Projeto de Amadeo Romero.
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A cozinha resgata o tom azul das esquadrias. De resto, os armários exibem portas de angelim-pedra. Projeto de Amadeo Romero.
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Reorganizado, o jardim oferece cantos para relaxar. O dono batizou este trecho de iemanjá, homenagem à Rainha do Mar. Projeto de Amadeo Romero.
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Cimento queimado feito na obra cobre grande parte do banheiro e do quarto. Mestre João, o aplicador, veio de Belmonte, cidade colonial próxima com tradição no serviço. Projeto de Amadeo Romero.
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Cimento queimado feito na obra cobre grande parte do banheiro e do quarto. Mestre João, o aplicador, veio de Belmonte, cidade colonial próxima com tradição no serviço. Projeto de Amadeo Romero.
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Para ventilar o abrigo de gás, Amadeo lançou mão de curiosos cobogós de tijolo junto à porta. Projeto de Amadeo Romero.
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O guarda-corpo de angelim-pedra da sacada é também um banco. Forro e cobertura levam a mesma espécie, e o assoalho, tatajuba. Projeto de Amadeo Romero.
Esta é uma daquelas histórias que levam a gente a suspirar. E só poderia mesmo acontecer na Bahia. Que outro lugar lida tão bem com a mistura de estrangeiros, indígenas, cultura negra, sincretismo e temperos de todos os tipos? Neste caso, a cena se passa na Vila de Santo André, no sul do estado, região de clima quente e úmido e paisagem exuberante. Ali mesmo, onde a seleção alemã se hospedou durante a última Copa do Mundo ao lado de 800 habitantes afortunados. Separado da agitada Porto Seguro por uma travessia de balsa e mais 24 km de estrada, o povoado mantém o tempo em compasso lento. Entre os destaques do pacato destino turístico figuram a prática de esportes a vela no Rio João de Tiba e a praia. Não é de se espantar que a família de Rodrigo Lacerda, profissional da área de marketing, tenha resolvido comprar uma casa no lugarejo após o primeiro e definitivo fim de semana por lá. “Foi uma decisão emotiva, das mais acertadas da minha vida”, comemora o paulistano, feliz da vida quatro anos após o ocorrido. Na época, um amigo indicou uma construção à venda, benfeita e com ares coloniais mas ligeiramente enclausurada. A visita ao lote de 4 mil m², a apenas 100 m do mar e tomado de vegetação, foi determinante. Faltava encontrar o profissional certo para dar à antiga moradia o tom relaxado e prático desejado pelo proprietário. Nessa hora, valeu o lugar-comum da costa brasileira: a presença de forasteiros verdadeiramente aclimatados. Amadeo Romero, argentino radicado na Bahia há 14 anos, foi o escolhido. O restaurante na rua principal, projetado e erguido por ele com boa pitada de baianidade, serviu de vitrine à sua obra. “Ele conhece bem os materiais e fornecedores da região, sabe dosar o moderno com o singelo e tem enorme apreço pelo artesanal”, elogia o proprietário. “Perfeito porque não queríamos uma casa arrumadinha demais, muito paulistana”, diverte-se. Contrariando seu temor de que o serviço seria lento e complicado, o trabalho se concluiu em cinco meses. E, desde então, a família celebra a decisão. “O voo até lá leva uma hora e 40 minutos, mais rápido do que a viagem de carro a certas praias de São Paulo”, diz Rodrigo. “Vamos ao menos uma vez por mês e vivemos o que só a Bahia tem a oferecer – a descontração única num ambiente natural maravilhoso.”
Ponto para a varanda
Maior ganho da reforma, ela faz a transição entre o interior da casae o jardim. Antes estreita, a sala de estar cresceu graças ao trecho sob a nova sacada.
Área: 215 m²; Mestre de obras: Edísio Peixoto; Marcenaria: Jânio Marcenaria Artesanal; Esquadrias de madeira: Zeca Marcenaria; Cortinas de dendê: Paulo da Cabana.