Reforma atualiza um exemplar da arquitetura moderna paulista

Ícone da cidade: um cuidadoso projeto de reforma traz para o século 21 uma casa que simboliza a boa arquitetura dos anos 60 em São Paulo.

Por Por Eliana Medina e Vera Barrero Fotos: Eduardo Pozella
Atualizado em 20 dez 2016, 23h45 - Publicado em 29 mar 2010, 12h01

Depois de bater em várias portas e pesquisar mais de 100 imóveis para comprar em São Paulo, o casal de advogados foi recompensado: encontrou uma joia da arquitetura paulistana, erguida em 1961 e bem conservada pelos únicos donos. O projeto fora feito pelos arquitetos Carlos Lemos – na época, responsável pelas obras do famoso Edifício Copan – e Eduardo Corona. “Fechamos o negócio de um dia para o outro”, conta o morador. A assertividade se justifica: além de ícone arquitetônico, a casa lhe inspirava lembranças: “Eu a frequentei quando era mais jovem, fui amigo da família”, explica. “Passamos anos sem contato e nos reencontramos na hora em que eu procurava um imóvel e eles pretendiam vender.” Ao assinar o contrato, o novo dono assumiu o desafio de adaptar para os dias de hoje este exemplar da arquitetura moderna amplamente estudado nas faculdades e publicado em livros e revistas.

 

Um arquiteto tarimbado era essencial para entender a grandeza da tarefa. Quem chamar? Nessa hora, o passado deu as cartas novamente. O dono lembrou-se de um colega de infância que havia se formado arquiteto – mas tinha perdido seu cartão. Pela internet, localizou Carlos Leite. “Mesmo ele sendo meu amigo, eu não o contrataria se não fosse seu excelente currículo”, diz o morador. Carlos – professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie desde 1997 e autor de vários projetos de revitalização urbana – já conhecia a casa por meio dos livros. “Estava em ótimo estado. Tínhamos de trazê-la para o presente sem comprometer a concepção inicial”, diz ele, sócio de Fabiana Stuchi. Partidário do “menos é mais”, fez poucas e incisivas interferências: atualizou a planta com base no modo de vida da família e providenciou as obras básicas de hidráulica, elétrica, impermeabilização dos terraços e troca de acabamentos. Também determinou a recuperação das paredes externas de concreto e de um mural cerâmico da fachada. O resultado agradou a todos, inclusive ao autor do projeto original. Para o morador, as escolhas se mostraram acertadas: “Inserimos a casa no século 21 e fizemos uma revisão completa de instalações. Além disso, valorizei o patrimônio”.

Publicidade