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Autora de projetos comerciais que se valem do mesmo recurso, a arquiteta Carla Dadazio de Valinhos, SP, conhece bem as vantagens da utilização dos compartimentos de transporte de carga. Além de mais ágil, a obra chega a ser 30% mais barata do que uma convencional. Requer, no entanto, o aval da prefeitura, como qualquer outra. E, depois de pronta, a construção fica sujeita a todas as tributações enquanto estiver ocupando o terreno – neste caso, trata-se de um espaço destinado a empreendimentos temporários, como quiosques e lojas do tipo pop-up. Esta alternativa traz ainda outro importante benefício: a facilidade para desmontar e transportar toda a estrutura para um novo endereço. Basta remover vidros e louças – o restante, afinal, já vive encaixotado!
Saiba mais: Conheça outra casa-contêiner e confira um infográfico explicando sua montagem
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1/16 (Levi Mendes Jr.)
A arquiteta Carla Dadazio elegeu dois contêineres usados, do tipo Hc (High cube), com 12 m de comprimento, 2,45 m de largura e 2,70 m de altura interna – cerca de 30 cm a mais de pé-direito do que os modelos-padrão. Incluindo os gastos com transporte, colocação por munck (uma espécie de guindaste), instalações elétrica e hidráulica e acabamentos, a soma ficou em torno de R$ 60 mil. -
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2/16 (Levi Mendes Jr.)
Quatro pontos de apoio sustentam cada módulo. O de cima fica suspenso por vigas metálicas, feitas por um serralheiro e dimensionadas para suportar uma carga maior que a prevista no cálculo estrutural. Para contrapor ao visual pesado, os contêineres ganharam cores modernas: ipê roxo (ref. e088) para o inferior e pé de serra (ref. p326) para o superior, ambas da suvinil. Já para o topo do segundo andar, a eleita foi a tinta branca, que reflete a luz do sol e, assim, ajuda a trazer conforto térmico. Projeto de Carla Dadazio. -
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3/16 (Levi Mendes Jr.)
“As aberturas das janelas foram cortadas em diferentes formatos para demonstrar as possibilidades”, explica a arquiteta Carla Dadazio. No escritório, por exemplo, há rasgos verticais em uma parede e um grande círculo em outra.Para assegurar a temperatura agradável, cada contêiner foi equipado com dois aparelhos de ar condicionado, um com potência de 18 mil BTUs e outro de 9 mil BTUs. -
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4/16 (Levi Mendes Jr.)
O escritório fica no térreo: para tirar melhor proveito da planta retangular de 30 m², quase não há divisões entre os cômodos. Os dois lavabos (1), que contam com paredes de drywall, isolam a estação de trabalho (2) da arquiteta. A ala maior reúne a recepção (3) e a sala de reuniões (4), delimitada por duas poltronas, uma preta e outra branca. Projeto de Carla Dadazio. -
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5/16 (Levi Mendes Jr.)
Construído a partir da reciclagem de várias espécies de madeira, um deque contorna o primeiro andar. “Quando tiver de ser retirado, todo esse material poderá ser utilizado outra vez”, ressalta a arquiteta Carla Dadazio. Outros elementos recicláveis se integram ao projeto, a exemplo do piso intertravado, que permite a remoção dos blocos sem quebra-quebra, e do muro de tijolos ecológicos fixados com cola branca. Só no caso deste, haverá perda de 30% na desmontagem, referente aos trechos de alvenaria. -
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Dentro do contêiner inferior, a luminária pendente achada em ferro-velho ganhou uma segunda chance: pintada de preto e amarelo, a peça adorna a área de trabalho. O roxo usado na fachada se repete na banqueta e nos cavaletes da escrivaninha (Fun, 72 cm de altura, com tampo de vidro de 1,30 x 0,75 m, Tok Stok, R$ 514). Projeto de Carla Dadazio. -
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7/16 (Levi Mendes Jr.)
O roxo comparece, ainda, nas pastilhas que cobrem o piso dos lavabos (da Colormix, CC , R$ 19,90 a placa de 30 x 30 cm). Como medida complementar, revestimentos de drywall ou de placa cimentícia poderiam ter sido colocados nas paredes internas. Entretanto, a arquiteta preferiu o ar rústico do compartimento de carga e manteve expostas suas superfícies de metal, cobertas somente com esmalte fosco branco à base de água. “O piso também é o original, de compensado naval, tratado com verniz”, conta a arquiteta Carla Dadazio. -
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Seguindo a mesma estética, os conduítes que abrigam a fiação elétrica ficam aparentes e fazem conjunto com o trilho sob o qual correm os spots de iluminação. Ainda compõem o visual industrial o cone de sinalização, transformado em porta-guarda-chuva, e o tonel preto, que apoia a pia, instalada em frente aos lavabos. Isolamento térmico é importante neste tipo de projeto. Por isso, uma camada de isopor foi aplicada sob o deque. Projeto de Carla Dadazio. -
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Um piso para chamar de lar: no segundo andar, também há setorização sem divisórias. Com cama de solteiro e armário, o quarto de hóspedes (1) ocupa um dos cantos. Junto à entrada, cozinha e jantar (2) são seguidos da pequena sala de estar (3). Por fim, o banheiro (4) isola o quarto da moradora (5). Projeto de Carla Dadazio. -
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10/16 (Levi Mendes Jr.)
Houve uma razão estratégica para os contêineres terem sido colocados em posições desencontradas: dessa maneira, parte do topo do módulo inferior pôde ser aproveitada para a criação de um local de convivência logo na entrada do superior. O acesso se dá por uma escada de metal pintada com esmalte preto fosco. Idealizado como um solário, o ambiente ganhou deque linear de madeira, mesa com cadeiras para receber as visitas, gramado e vasos com plantas, como a dracena-tricolor, além de outras espécies resistentes. “Abusei das suculentas, pois requerem pouca manutenção e ficam lindas em conjunto”, observa a arquiteta Carla Dadazio. -
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A arquiteta Carla Dadazio continuou a explorar formatações variadas de cortes para as janelas. Bem diante da entrada, por exemplo, três rasgos horizontais deixam a luz natural entrar no espaço correspondente à cozinha e à sala de jantar. A bancada da pia veio de uma ponta de estoque. Sobre ela, o micro-ondas dá conta do preparo das refeições. “Não há restrições para colocar um fogão no contêiner. O caso é que não cozinho mesmo!”, brinca. -
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12/16 (Levi Mendes Jr.)
Em oposição ao clima industrial do escritório, o segundo pavimento recebeu ares mais aconchegantes. A começar pelo compensado do chão, coberto com piso vinílico imitando madeira. Além da estética, a decisão foi motivada por uma questão prática. “Tenho cachorro, e esse tipo de revestimento é mais fácil de limpar”, justifica a arquiteta Carla Dadazio. Acima da mesa de jantar, a luminária, praticamente idêntica à do piso de baixo, também foi encontrada e reformada por Carla. -
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Pequenos elementos também ajudam a aquecer o ambiente, como o rodapé instalado na parede externa do banheiro, o pufe rosa e as almofadas coloridas sobre o sofá (modelo Hit 2 Lugares, 1,35 x 0,68 x 0,70 m*, Tok Stok, R$ 595). Os acessórios foram confeccionados em crochê pela mãe da moradora. Para pintar as paredes internas, a opção foi novamente pelo esmalte branco, só que com acabamento brilhante. Projeto de Carla Dadazio. -
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14/16 (Levi Mendes Jr.)
Para seu quarto, a arquiteta Carla Dadazio reservou uma janela panorâmica: a abertura, guarnecida de vidro temperado, toma quase toda a extensão de uma das laterais menores do contêiner. A cortina de voal preto assegura a privacidade e barra a entrada do sol. O roxo, que se destaca na área de trabalho, no andar de baixo, reaparece no dormitório – detalhes como o abajur, a almofada e os enfeites de parede contrastam com branco, preto e madeira, as tonalidades neutras que dão unidade ao projeto. -
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15/16 (Levi Mendes Jr.)
Compacto, o banheiro acomoda apenas o boxe com porta de correr e o vaso sanitário. A pia, a exemplo do que acontece com a dos lavabos, no piso inferior, fica posicionada do lado de fora. A opção economiza espaço, mas também enriquece o visual – Carla acredita que os lavatórios são um elemento a mais a ser explorado, por isso gosta de deixá-los à mostra. Projeto de Carla Dadazio. -
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16/16 (Levi Mendes Jr.)
Em vez de tonel, um charmoso móvel antigo pintado de amarelo serve de suporte para a cuba. O espelho redondo faz par com a janela circular. Projeto de Carla Dadazio.
*largura x profundidade x altura