Pompéia: prédios por toda parte
De fácil acesso e forte tradição cultural, o bairro constituído originalmente por vilas enfrenta a verticalização. Os moradores temem a mudança de perfil do lugar

A Pompéia vive dias de obra. Embora muitas de suas ladeiras ainda conservem ares de interior, o avanço das torres é um fato. Basta andar por ruas como a Miranda Azevedo, Augusto Miranda e Coronel Melo Oliveira para constatar a transformação – motivada pela abundância de áreas disponíveis a preços de 20 a 25% mais baratos que a vizinha Perdizes. O adensamento leva à diversificação do comércio e dos serviços, enquanto bares e restaurantes pipocam na região. “O trânsito piorou e o número de botecos aumentou”, reclama o designer Fernando Jaeger, há mais de 20 anos no local. “É só pensar no número de apartamentos que ocupam o espaço de duas casas para ter idéia do problema”, argumenta Cleber Falcão, coordenador da Feira de Artes da Pompéia, evento anual que ajudou a consolidar a tradição musical do bairro. Para preservar a herança do passado, Edmundo Garcia, do Movimento Pompéia Viva, entrou com um processo de tombamento das vilas no Conselho de Patrimônio Histórico da Cidade.
Positivos
Boas escolas, opções culturais e de lazer
Área verde e facilidade de acesso
Negativos
Adensamento sem planejamento
Trânsito em horários de pico
Receita de família
Dona Olga, Senhor Luis e o filho José Luis, todos de sobrenome Figueiredo, nasceram na Pompéia. O bar com o nome do bairro é herança da família. “Já foi empório, venda e loja de brinquedo”, lembra a matriarca. “Aqui é um lugar para relaxar e voltar ao tempo das boas prosas nas calçadas – que já não existem mais”, diz Luis. Tudo com direito ao famoso bolinho de arroz de dona Olga.
No caso da Pompéia, o público que dá valor ao agito cultural e boa vizinhança vem atraído pela proximidade com o Sesc Pompéia e pelas chamorsas ruas arborizadas. É esse jeito singular de viver a cidade que os moradores temem perder sempre que avistam um novo canteiro de obras.