O primeiro passo
Há quatro anos, os arquitetos Frank Siciliano e Marcelo Todescan começaram a percorrer as trilhas da bioconstrução. Com esta casa de praia, inauguraram a caminhada
Arquitetos: Frank Siciliano e Marcelo Todescan
Área: 460 m2 (casa principal) + 114 m2 (anexo)
Localização: litoral de São Paulo
Por que é ecológica: aproveita a construção existente, preserva o terreno, emprega eucalipto na estrutura (madeira renovável).
Sonho de consumo de um arquiteto interessado em bioconstrução: um cliente que não rejeite o tema. Pois a dona deste refúgio no litoral paulista, sem saber, propôs duas premissas dessa filosofia aos profissionais Frank Siciliano e Marcelo Todescan, de São Paulo. Ela queria preservar o terreno e a construção que ali existia. “Seria bem mais fácil demolir tudo. Não fazer isso já mostra a tomada de consciência”, afirma Frank. O projeto surgiu em boa hora para a dupla, assídua em cursos de arquitetura sustentável (inclusive com May East, do movimento de ecovilas, que estuda habitações com qualidade de vida e respeito à natureza). Foi a chance para pôr o aprendizado em prática.
O bloco existente ditou o estilo do restante da construção: estrutura de eucalipto (madeira renovável), tijolos e caixilhos de garapeira fechados com vidro. Com pé-direito que alcança 7 m, o interior é fresco e claro – princípio básico para evitar o consumo exagerado de energia com ar-condicionado e iluminação. Embora a implantação preserve o terreno e o projeto se preocupe com o conforto ambiental, os arquitetos hoje mudariam alguns pontos em relação aos materiais e aos equipamentos. De qualquer forma, foi dado o primeiro passo.
Se a obra fosse hoje… Depois de participar de vários cursos na área da bioconstrução, os arquitetos apontam o que teriam feito diferente no projeto:
Um sistema de reaproveitamento de água pluvial para rega de jardins e descargas. “Vale a pena porque a área do telhado é grande e o índice pluviométrico, alto”, diz Frank;
Tratamento de esgoto para devolver a água limpa à rede;
Paredes de taipa: “É um ótimo material para regiões úmidas, porque respira”, explica o arquiteto;
Caixilhos de madeira de demolição ou de eucalipto.
Projeto: Frank Siciliano e Marcelo Todescan/TeS Arquitetura (colaborou João Amaro)
Construção: Luiz Malzone Engenharia