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Micos na obra: oito erros comuns em construção e reforma

Nosso leitor questionou quais os principais erros cometidos em construções. Conversamos com o engenheiro civil Sérgio Lima para descobrir. Confira a lista.

Por Da redação
Atualizado em 20 dez 2016, 21h51 - Publicado em 20 mar 2014, 18h47
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O ralo está ali, chamando a água: “Vem para mim, vem para mim”. Mas o amor, vocês sabem, tem seus percalços. E a água, arredia, corre para o outro lado. Histórias de desamor acontecem em muitos banheiros porque esse é o hit, a novela mexicana, o dramalhão número um entre os principais erros de construção. Conversamos com o engenheiro Sérgio Patrício Lima, que já passou boa parte da sua vida acompanhando obras bem de perto. Não, ele não está puxando a sardinha para a sua brasa, mas uma coisa é certa: ter um engenheiro ou arquiteto que se responsabilize pela construção eliminaria muito dos deslizes abaixo. A nossa internauta Raquel Lima, que já viveu problemas parecidos em casa, foi quem pediu que fizéssemos uma matéria, bem humorada, sobre isso. Rimos tanto (para não chorar) das agruras da vida numa obra que a Judite Fonseca, nossa especialista em atendimento ao leitor, pediu para ilustrar a matéria com o simpático Mico, que percorre os erros. Esperamos que nada disso aconteça com você. Mas se acontecer, conte-nos!

Chão sem caimento

Durante uma obra, muitos profissionais não verificam se o caimento do chão leva a água ao ralo. “O resultado são as poças que se formam em banheiros e quintais”, afirma Sérgio. O deslize também é frequente em cozinhas, varandas e duchas de piscinas. Se houver um engenheiro acompanhando a construção, ele é obrigado a exigir a verificação do caimento. Se, por uma maldição qualquer, seu banheiro tiver poças, só há um jeito: quebrar tudo e refazer. Dessa vez, direito!

Tubulação com “morrinhos” = água sem pressão

Água abaixo! Esse é o sentido natural do fluido vital para o ser humano. Em um bom projeto de hidráulica os canos sempre levam a água do ponto mais alto para o ponto mais baixo. Mas…nem tudo é perfeito nessa vida. E há construções em que não há projeto de hidráulica – isso é um problema pois há operários que fazem os chamados morrinhos na tubulação, contornando, por exemplo portas (ou seja, subindo os canos e, depois, descendo).  “Quando a tubulação sobe e desce, a água pode perder a pressão e corre o risco de parar”, informa o engenheiro. Acontece isso na sua casa. Pobre paredes… O conserto significa um quebra-quebra danado.

Reformar a casa e não substituir a tubulação

A gente faz aquela plástica, puxa as rugas, esconde as bolsas sob os olhos, coloca botox, pinta o cabelo…mas as coronárias, pobrezinhas, carregam gorduras centenárias. Então, não tem jeito: reformou a casa, aproveita para olhar a tubulação e a elétrica ou você vai ter problema. “Uma clínica médica me chamou para solucionar um erro ocasionado por uma reforma. Eles haviam contratado um serviço de reforma, os profissionais haviam mudado a disposição dos canos, mas mantido a tubulação antiga. Muitos canos acumularam água e esgoto e começaram a liberar mau cheiro”, contou Sérgio.

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Acúmulo de plugues em uma mesma tomada

Em seus projetos, os arquitetos planejam exatamente quantas tomada cada ambiente terá e, ainda, onde exatamente elas estarão. Muitos já planejam um excedente – estamos cada vez mais plugados…vai saber quantos buracos para colocar fio a gente terá que ter no futuro. Se você deixar para decidir isso no decorrer da construção pode ter problemas. Vai que o pedreiro decide da cabeça dele onde e como colocar tomada.. “É necessário, antes de uma reforma ou construção, planejar o local e a quantidade de tomadas em cada ambiente da casa. Isso evitará problemas futuros como o de sobrecarga”, afirma o engenheiro.

Potência do aparelho elétrico superior à da casa

Não dá para ser Popeye sem comer espinafre. Também não dá para ter um chuveiro mais potente se o circuito elétrico da sua casa não tem capacidade para abastecê-lo. “Muitos clientes me ligam após um chuveiro queimar. Já que queimou, eles querem aproveitar para usar um mais potente. Mas se casa não tem carga suficiente para um chuveiro poderoso, esqueça . É preciso dimensionar a carga dos aparelhos de acordo com o que estava planejado na construção”, informa Lima. Mesmo assim, se você é um cabeça-dura, se quer mesmo ter aquele chuveiro incrível, vai ter que trocar a fiação e, talvez, até o disjuntor que atende o aparelho. 

Água que se infiltra pela janela

Deu aquela chuva e você pensa: “Será que eu fechei a janela?”. Chega em casa e, alívio, sim você fechou. Mas a água entrou do mesmo jeito e foi pela fresta que fica entre a esquadria e a parede. Na hora da instalação, muitos profissionais não passam silicone estrutural no encontro entre a janela e a alvenaria. A vedação fica incompleta. 

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Exagerar no peso em cima de estruturas

Você, que nunca fez exercício físico, decide jogar futebol. Que bacana, que legal! Sai correndo, feliz, atrás da bola. Duas semanas depois, começa a reclamar de dor no joelho. Daí, o médico fala: precisa fortalecer a musculatura, meu caro paciente. Acontece coisa similar na construção. Casas projetadas para ter dois pavimentos não podem ter três andares – a não ser que um reforço seja previsto. Aquele andar sobressalente, tão inocente, gera trincas na estrutura. Em um caso (real) bem grave, os moradores resolveram, num golpe de genialidade, aproveitar a cobertura da casa para fazer uma piscina. Na primeira vez em que piscina encheu, a casa caiu…(E isso aconteceu em um condomínio elegante de São Paulo). “Na última semana, fui chamado para consertar uma sacada de uma casa. Os moradores contrataram um pedreiro para construir uma floreira de concreto na sacada, só que a estrutura não aguentou o peso e cedeu. Esse erro não é frequente apenas em sacadas, mas em sótãos também”, informa Sérgio.

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