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Métrica própria: os sócios do Metro falam de sua trajetória

Este trio investe tempo e esforço em busca de ideias novas para projetos do escritório Metro Arquitetos Associados.

Por Reportagem: Ana Sant’Anna
Atualizado em 20 dez 2016, 21h50 - Publicado em 6 fev 2012, 21h58

Duas paredes opostas, pintadas como lousas, chamam a atenção no primeiro andar de um prédio na região central de São Paulo, sede deste jovem estúdio de arquitetura. Entre elas ficam 12 postos de trabalho – incluindo os dos três sócios – e uma grande mesa de reuniões. Com diversos croquis rabiscados a giz, as superfícies verde escuras sugerem ser importantes ferramentas de criação. O layout do espaço também sinaliza que ali se valoriza o trabalho em equipe. Certo? “Sim. O traço a mão livre auxilia no processo criativo. Usamos esse recurso enquanto as definições do projeto ainda não são precisas”, confirma Gustavo Cedroni, arquiteto paulista formado pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Ao seu lado, Martin Corullon concorda e, em tom mais incisivo que o parceiro de ofício, explica: “Trabalhei com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha enquanto estudava [na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP)] e continuei as parcerias com ele e com outros escritórios desde que fundei o Metro, em 2000”. Gustavo complementa dizendo que a participação em concursos também traz essa visão colaborativa ao escritório.

De todos os tamanhos

Um metro, 100 ou 30 mil? Tanto faz. A unidade de medida que dá nome ao escritório é explorada em diferentes escalas, entre pequenas reformas e intervenções urbanas. No site também fica evidente a facilidade em adaptar seu pensamento às variadas dimensões: a navegação organiza os projetos nos tamanhos P, M, G e XG, de 150 a 30 mil m2. O menor deles é o Estúdio Leme, em São Paulo, anexo da galeria de mesmo nome. Já o maior, o Cais das Artes, compreende um museu e um teatro. Embora o porte pareça distanciá-los, não é o que afirmam os profissionais. “Do ponto de vista técnico, obras pequenas ou muito grandes compartilham da mesma essência”, diz Gustavo, de 33 anos. “No fundo, os problemas e a complexidade são os mesmos, o que muda é a dimensão das coisas, a bitola do tubo [de elétrica ou hidráulica]”, brinca Martin, de 38.

Diversidade de desafios

O trio investe tempo e esforço no desenvolvimento conceitual dos projetos. E talvez seja essa busca por ideias inovadoras a maior responsável pela pluralidade do escritório. “No início, concebíamos muitas exposições”, diz Martin. “Ao longo do tempo, os projetos culturais ganharam força”, conta Gustavo, associado ao Metro desde 2005. O Espaço Itaú de Cinema, criado para substituir as salas de cinema Unibanco em seis capitais brasileiras, é um exemplo disso. “São mais de 50 salas. As obras devem terminar neste primeiro semestre”, sinaliza Martin. Mas, além da clara aptidão em desenvolver programas culturais, o Metro coleciona trabalhos mais recentes de tipo residencial, institucional, educacional, comercial, esportivo e de infraestrutura (a exemplo dos hangares da Gol em Minas Gerais). “Nossa obra com mais visibilidade foi a da Nestlé [veja na pág. ao lado], muito publicada nacional e internacionalmente”, destaca Gustavo. Esse prédio, aliás, foi finalista do prêmio O Melhor da Arquitetura, promovido por A&C, em 2011. Outra vitória de grandes proporções: o Prêmio New Practices São Paulo. Visando destacar empresas de arquitetura promissoras, o AIA (equivalente americano ao Instituto de Arquitetos do Brasil) garantiu ao Metro uma exposição de seus trabalhos em Nova York.

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Intercâmbio Constante

Entre 2008 e 2009, Martin trabalhou no renomado Foster+Partners, de Londres. “A vivência junto de 1 200 colegas me fez refletir sobre a produção artesanal, onde toda a equipe tem controle de tudo, versus o modo quase industrial, que segmenta os processos”, diz o argentino radicado no Brasil. Anna Ferrari – atual integrante do time de Herzog & de Meuron – reafirma: “Embora atuar em grandes equipes seja um excelente aprendizado, sinto falta de acompanhar o trabalho em seus diferentes estágios”. Formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e associada ao Metro desde 2005, a profissional de 33 anos se afastou temporariamente do endereço paulista para desenvolver com os suíços o complexo Cia. de Dança de São Paulo, que ocupará 20 mil m2 no centro da capital. Se a vinda de escritórios estrangeiros para o Brasil assusta? Não esse trio, acostumado a trocar experiências.

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